Desemprego supera 11% no último trimestre de 2010

por RTP
No ano passado, a população empregada decresceu 1,5 por cento num total de 5,5 milhões de cidadãos ativos RTP

A taxa de desemprego estimada para o quarto trimestre de 2010 foi de 11,1 por cento. Este valor é superior em 1 ponto percentual ao período homólogo de 2009. Em média, no ano passado, a taxa de desemprego foi de 10,8 por cento, o que significa mais 1,3 por cento do que em 2009. O secretário de Estado do Emprego admite os "valores bastante elevados" do desemprego, mas considera estarem em desaceleração face a 2009.

O Instituto Nacional de Estatística estima que 619 mil pessoas tenham sido atingidas pelo desemprego entre outubro e dezembro do ano passado.

Numa análise aos resultados do Inquérito ao Emprego relativos ao último trimestre de 2010, o INE concluiu que a população ativa portuguesa decresceu 0,3 por cento face ao mesmo período do ano anterior. Se for considerado todo o ano passado, então, a população ativa manteve-se praticamente inalterada em comparação com os dados de 2009, 61,7 por cento.

Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativas ao último trimestre do ano passado apontam para uma subida homóloga de 9,9 por cento da população desempregada. Em comparação com o terceiro trimestre de 2010, os 619 mil desempregados representam uma subida de 1,6 por cento.

Ainda no que respeita ao último trimestre do ano passado, o número de empregados diminuiu 1,5 por cento face ao mesmo trimestre de 2009. A taxa de emprego fixou-se nos 54,8 por cento, 0,8 pontos abaixo do trimestre homólogo de 2009.

O aumento do desemprego no final de 2010 afetou principalmente homens, com 45 ou mais anos, com ensino superior completo, à procura de emprego há menos de um ano.

Em comparação com os últimos três meses de 2009, a taxa de desemprego aumentou em todas as regiões, exceto Açores, onde diminuiu, e Madeira, onde não se alterou. As maiores subidas foram registadas no Algarve (três pontos percentuais, para 14,8 por cento) e em Lisboa (1,9 pontos percentuais, para 12,3 por cento).

Valores médios de 2010
No que respeita a valores anuais, no final do ano passado estavam desempregadas 602,6 mil pessoas, tendo aumentado 14 por cento em relação ao ano anterior.

A população empregada, no total de 4,9 milhões, registou um decréscimo anual de 1,5 por cento.

A taxa de emprego foi de 55,2 por cento, 0,8 por cento inferior ao valor de 2009, com a taxa de emprego dos homens (61 por cento) a exceder a das mulheres (49,1 por cento) nos últimos três meses do ano.

O aumento do desemprego afetou em 2010 principalmente as mulheres, entre os 25 e os 34 anos ou com mais de 45 anos, e que procuram emprego há mais de um ano.

As taxas mais elevadas de desemprego foram registadas no Algarve (13,4 por cento), Norte (12,6 por cento), Alentejo (11,4 por cento) e Lisboa (11,3 por cento). Os valores mais baixos registaram-se nos Açores (6,9 por cento), Madeira (7,4 por cento) e Centro (7,7 por cento).

"Valores bastante elevados"

"Durante 2010, o crescimento do desemprego desacelerou bastante em relação a 2009. Nesse sentido, falei em estabilização e mantenho essa perspetiva", comentou Valter Lemos, defendendo que se verifica uma "estabilização com balores muito elevados que temos de conseguir baixar".

O secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional admitiu que a taxa de desemprego continuou a subir, embora destaque que o aumento "foi somente ligeiramente superior" ao previsto pelo Governo.

Valter Lemos prefere destacar que o número de pessoas que perderam o emprego (74 mil) é inferior ao número daquelas que se empregaram (76 mil), "o que significa que a transição emprego/desemprego foi, apesar de tudo, positiva no trimestre".

Apesar de o governador do Banco de Portugal ter admitido, em entrevista hoje publicada no "Diário Económico", que o país já se encontra em recessão, Valter Lemos é mais otimista e não prevê aumento do desemprego este ano.

"A expectativa é de que não seja um ano de recessão económica, nomeadamente porque temos expectativas muito positivas em relação às exportações. Todas as previsões para 2010 eram piores do que a realidade. Também podemos esperar essa situação para 2011, ou seja, que não haja crescimento significativo da taxa de desemprego", afirmou.
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