Empresários algarvios pedem reforço de postos de abastecimento

por Lusa

A Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA) pediu hoje ao Governo para reforçar o número de postos algarvios da Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) devido à "especificidade" da região.

Em comunicado, os empresários referem que as propostas anunciadas são "claramente insuficientes" face aos problemas esperados pela greve de motoristas e que o Governo deve "adequar e reforçar as medidas de emergência a esta realidade complexa de uma região especial, que é o Algarve, no ponto mais alto do verão".

O Algarve terá 22 postos de abastecimento de emergência caso seja necessário declarar crise energética no âmbito da greve dos motoristas de matérias perigosas e mercadorias, que se inicia em 12 de agosto, apenas mais dois postos do que aqueles estipulados para a região na greve dos motoristas do passado mês de abril.

Segundo a NERA, o número de postos anunciados parece "ignorar realidades específicas como o Algarve" e não levou em conta "a especificidade da complexa realidade económica da região", sobretudo numa altura que coincide com pico da época turística, quando a população do Algarve triplica.

No aeroporto de Faro, sublinham, desembarcam cerca de 600 mil passageiros em agosto, pelo que é imperativo garantir combustível para a saída de aviões e para servir os turistas, nomeadamente veículos dos hotéis, autocarros turísticos, táxis e carros alugados.

"Quando se fala de turismo não se trata só de hotéis e restaurantes, mas sim de um universo económico bem mais complexo que os empresários do Algarve, dos mais variados setores, percorrem todos os dias", frisa a associação.

Outro "problema sensível", indicam, será a garantia do abastecimento de produtos alimentares, produtos frescos e congelados, águas e bebidas e as produções da região às centenas de milhares de pessoas que, além dos residentes, se deslocam ao Algarve.

"Essa atividade de distribuição é desenvolvida em larga medida por dezenas de empresas da região, que necessitam de combustível diariamente para responder com regularidade aos clientes que em geral têm `stocks` baixos, até por escasso espaço de armazenagem. São poucas as empresas da região que têm reserva autónoma de combustíveis", sublinha.

A principal associação hoteleira do Algarve também já se tinha mostrado preocupada com o impacto da greve de motoristas, numa altura em que há mais de um milhão de pessoas na região.

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que começa em 12 de agosto, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da ANTRAM terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

O ministro adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, considerou que "todos" devem estar preparados para os "transtornos" da greve dos motoristas de mercadorias, enquanto o responsável pela tutela das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assegurou que o Governo está "a trabalhar" naquela questão e que os serviços mínimos "serão numa dimensão muito satisfatória".

A greve do SNMMP iniciada em 15 de abril levou à falta de combustíveis em vários postos de abastecimento em todo o país, tendo o Governo acabado por decretar uma requisição civil e convidar as partes a sentarem-se à mesa das negociações.

O SIMM já veio dizer que as consequências desta greve serão mais graves do que as sentidas em abril, já que, além dos combustíveis, vai afetar o abastecimento às grandes superfícies, à indústria e aos serviços, podendo "faltar alimentos e outros bens nos supermercados".

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