Empresários da Região de Leiria expressam "total oposição" a eventual alteração da alta velocidade
A Associação Empresarial da Região de Leiria/Câmara de Comércio e Indústria (NERLEI CCI) expressou total oposição à eventual alteração do traçado da alta velocidade ferroviária e demarcou-se da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), uma das promotoras da proposta.
Numa informação enviada à agência Lusa, a NERLEI CCI "manifesta a sua total oposição à consideração de uma proposta alternativa para o traçado da linha de alta velocidade (LAV)" Lisboa -- Porto com passagem pela margem esquerda do Tejo, deslocalizando a estação projetada para a zona da Barosa, em Leiria, e próxima da Marinha Grande, em "alegado benefício de localidades do Médio Tejo e Santarém, e afastando a LAV da Região de Leiria e do Oeste".
"A NERLEI CCI relembra que o atual traçado está há muito decidido" e referiu que uma eventual alteração significaria "inadmissíveis adiamentos na concretização desta importante infraestrutura ferroviária".
Para a associação empresarial, "a zona de Leiria/Oeste há décadas que sofre com a inexistência de uma linha férrea que verdadeiramente sirva, quer a dinâmica económica, quer a dinâmica demográfica desta região", sendo que "a LAV da Região de Leiria e Oeste vem, justamente, repor anos de desinvestimento" neste transporte.
A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo manifestou na quarta-feira satisfação pela existência de uma proposta alternativa para o traçado da LAV no acesso ao novo aeroporto de Lisboa, previsto para Alcochete, destacando benefícios em termos de coesão territorial.
"Foi-nos apresentado um trajeto que beneficia a região e, diria mais, todo o interior, com um sentido de coesão territorial e de valorização do Médio Tejo", disse à agência Lusa o presidente da CIM, Manuel Jorge Valamatos, na sequência de uma reunião com os promotores da proposta.
O estudo para um novo traçado entre o Porto e Lisboa, correspondente à ligação entre Soure e Carregado e apresentado aos autarcas do Médio Tejo, foi desenvolvido pela GV Consultores de Engenharia em parceria com a ADFERSIT -- Associação para o Desenvolvimento dos Transportes em Portugal e a CIP.
No documento, defende-se a passagem da linha pela margem esquerda do Tejo, beneficiando diretamente localidades como Santarém, Almeirim, Ourém e Fátima, bem como várias cidades do Médio Tejo, entre as quais Entroncamento, Tomar e Abrantes, estendendo a ligação a Castelo Branco, Covilhã e Guarda.
A proposta prevê subestações intermédias de Leiria/Fátima e Santarém que respondem a dinâmicas regionais e turísticas, como o turismo religioso em Fátima, estimando captar parte dos cinco milhões de visitantes anuais, e o desenvolvimento industrial em áreas como Marinha Grande e Leiria.
A NERLEI CCI fez saber que, apesar de ser associada da CIP, "demarca-se completamente desta confederação no que a este tema diz respeito".
Também a CIM da Região de Leiria rejeitou, na quarta-feira, eventuais desvios do traçado da LAV, manifestando "perplexidade e total oposição".
Para a CIM, esta proposta, desenvolvida por interesses económicos privados e com o patrocínio da CIP, "embora legítima, não acrescenta qualquer valor ao processo em curso, antes introduzindo confusão e aleatoriedade num projeto nacional já sujeito a sucessivos atrasos".
"A eventual alteração do traçado agora proposta significaria anular anos de estudos técnicos, avaliações ambientais e decisões de planeamento democraticamente validadas", sustentou, apelando "ao Governo e às entidades responsáveis para que rejeitem propostas que fragilizam a credibilidade e a execução da linha de alta velocidade em Portugal".
Para esta CIM, "a abertura de novos cenários, patrocinados por interesses económicos circunstanciais, compromete a clareza e a seriedade do processo, desviando atenções e energias daquilo que verdadeiramente importa, a conclusão das diferentes fases já aprovadas".