Empresas moçambicanas pedem recuperação de imagem e investimento

por Lusa
Regulo Cuna - Reuters

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique defendeu hoje um apoio ao empresariado e um plano para "limpar a imagem" internacionalmente, quando se contabilizam quase 20 mil desempregados após três meses de manifestações pós-eleitorais.

"Não há dúvida que nós sujámos a nossa imagem e, se sujámos, temos de limpar. Temos de limpar a nossa imagem e oferecer sustentabilidade", declarou o diretor executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique -  CTA, Eduardo Paulo Sengo, em entrevista à Lusa, em Maputo.

A CTA estima que, desde 21 de outubro, mais de 500 empresas tenham sido afetadas pelas manifestações pós-eleitorais e diversas outras ainda têm as suas atividades suspensas, com os números a apontarem para quase 20 mil pessoas agora sem emprego.

Para Eduardo Paulo Sengo, com a "trégua" anunciada para os próximos três meses pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que lidera a contestação às manifestações, a prioridade deve ser a estabilização política, num programa que deve incluir a recuperação do tecido empresarial e a plano para "limpar a imagem do país" para o investimento estrangeiro.

"Precisamos de um programa virado para a comunidade internacional e investidores no sentido de demonstrar a sustentabilidade das medidas tomadas, no sentido de restabelecer a estabilidade política. Por outro lado, o que vai ser importante, é um programa de apoio à recuperação económica, onde a prioridade deve ser a injeção", acrescentou.

Além da injeção ao tecido empresarial, prosseguiu Eduardo Paulo Sengo, o alívio dos rácios prudenciais para que os bancos comerciais ofereçam moratórias às empresas no que diz respeito a dívidas e créditos.

"Também a disponibilização de divisas será muito importante porque neste período nós não produzimos equipamento. Tudo que vai ser feito para a recuperação económica, para a reconstituição destes ativos vai ter de ser importado. Moçambique enfrenta grandes desafios de acesso a divisas. Então, as medidas que vão ser tomadas deve incluir a disponibilização de divisas", declarou. 

Mais de 300 pessoas morreram e acima de 600 foram baleadas nas manifestações pós-eleitorais desde 21 de outubro em Moçambique, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane -- que não reconhece os resultados, alegando "fraude eleitoral" -, os quais degeneraram em violência e destruição de infraestruturas públicas e privadas.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.

Na semana passada, Mondlane exigiu 25 medidas às autoridades moçambicanas para os próximos três meses, ameaçando retomar manifestações e protestos nas ruas "de forma mais intensa", caso não sejam implementadas.

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