EUA lançam no mercado 50 milhões de barris de petróleo das reservas norte-americanas

por RTP
Labirinto de tubagens na Reserva Estratégica de Petróleo em Freeport, EUA Reuters

A iniciativa dos EUA foi concertada com a China, a Índia, a Coreia do Sul, o Japão e o Reino Unido, depois de os países da OPEP+ terem ignorado vários apelos para colocarem a circular mais crude para ajudar a baixar os preços da energia e dos combustíveis.

Uma coordenação inédita por parte de Washington com alguns dos maiores consumidores mundiais de petróleo, como explicou o Departamento de Estado para a Energia em comunicado a anunciar a medida, destinada a “manter abastecimentos adequados enquanto saímos da pandemia” de Covid-19.

O petróleo será disponibilizado como empréstimo ou vendido a companhias, um mecanismo habitualmente aplicado quando as empresas enfrentam escassez de petróleo por falhas de abastecimento ou causas naturais. O petróleo entregue sem custos deverá ser devolvido refinado e com juros. A libertação de 18 dos 50 milhões de barris já estava autorizada pelo Congresso mas foi acelerada. Os restantes 32 milhões irão entrar no mercado ao longo dos próximos meses, referiu a Administração.

A Casa Branca tem dito que o presidente, cuja taxa de aprovação está em mínimos de sempre, está a fazer tudo o que está ao seu alcance para reduzir os preços no mercado norte-americano e garantir o relançamento da economia, numa altura de aumento dos preços da energia.

A mais recente iniciativa de Joe Biden foi ordenar no passado dia 17 à Comissão Federal do Comércio que investigue práticas contra os consumidores por parte de empresas energéticas norte-americanas.

“Há cada vez mais provas de que a quebra dos preços do crude não se está a traduzir em menores gastos nas bombas de combustível”, referiu a Administração Biden.
Menor do que o esperado
“Vamos continuar a falar com os nossos parceiros internacionais sobre este assunto. O presidente está pronto a adotar medidas adicionais se for necessário e a recorrer a toda a sua autoridade em coordenação com o resto do mundo”, disse ainda um alto responsável da Administração Biden aos repórteres. A Índia anunciou a libertação de cinco milhões de barris e o Reino Unido 1,5 milhões das suas reservas privadas. O Japão irá anunciar quarta-feira a quantidade de petróleo que irá disponibilizar, enquanto a Coreia do Sul afirmou estar ainda a combinar com os EUA e outros aliados o número e a periodicidade de barris que irá colocar no mercado.

Em 2021 o preço do barril subiu cerca de 50 por cento atingindo máximos desde 2014 e impulsionando a inflação, oscilando o barril nos últimos dias em redor dos 80 dólares, uma descida face aos 86 dólares registados no mês passado, quando os preços bateram recordes dos últimos três anos.

Em outubro, os preços ao consumidor aumentaram 6,2 por cento nos Estados Unidos, a subida mais alta a 12 meses na federação, desde 1990.

As reservas petrolíferas dos Estados Unidos da América foram calculadas em 606.1 milhões de barris no final da semana de 12 de novembro, de acordo com dados oficiais, a par de 433 milhões de barris em suprimentos comerciais.

A OPEP+, que inclui a Arábia Saudita e outros aliados dos norte-americanos no Golfo, assim como a Rússia, tem recusado aumentar a quantidade de petróleo no mercado. Dia 2 de dezembro deverá reunir novamente para debater se mantém ou não a política, com poucos indícios de que a vá alterar.

Fonte da organização referiu que a quantidade de barris anunciada pelos norte-americanos ficou aquém das expectativas e frisou que as da Índia e do Reino Unido são modestas. Apesar disso, poderão vir a complicar as contas mensais da OPEP.

“Estas iniciativas marcam um período de agravamento das tensões políticas entre os maiores consumidores do mundo e a OPEP+, o que irá implicar uma maior volatilidade dos preços” considerou Hennin Gloystein, um analista do Eurasia Group.

O ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, um dos maiores produtores de petróleo da OPEP, afirmou antes do anúncio norte-americano não ver “nenhuma lógica” no aumento do fornecimento aos mercados globais.

Mas a nova concertação entre os EUA e vários outros países é um aviso à OPEP e a todos os grandes produtores mundiais de petróleo, de que necessitam dar resposta à preocupação crescente com o preço da energia.

Historicamente, os Estados Unidos concertavam a colocação de petróleo no mercado com a Agência Internacional de Energia, IEA, um bloco de 30 nações industrializadas grandes consumidoras de energia, onde se incluem o Japão e a Coreia do Sul. China e Índia são membros associados.
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