Israel. Ministra da Energia quer cancelar acordo de transporte de petróleo com Emirados Árabes Unidos

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

A ministra da Energia de Israel afirmou, esta terça-feira, que o acordo com os Emirados Árabes Unidos para transportar petróleo do Golfo Pérsico para a Europa devia ser cancelado, visto que é um risco ambiental muito grande. Karine Elharrar alegou que este acordo "não beneficia o mercado de energia" israelita.

A Europe-Asia Pipeline Company (EAPC) de Israel assinou um acordo provisório de transporte de petróleo, em 2020, com a Med-Red Land Bridge - uma colaboração entre a Petromal dos Emirados Árabes Unidos e dois parceiros israelitas - para enviar petróleo de Eliat, no Golfo de Aqaba, para Ashkelon através de um oleoduto existente.

O acordo reforçou os laços diplomáticos entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, visando o transporte de petróleo e derivados do Golfo Pérsico para a Europa. O objetivo era que o petróleo fosse descarregado de petroleiros no porto de Eilat, no Mar Vermelho, e depois transferido através de Israel num oleoduto existente para a costa do Mediterrâneo.

As empresas envolvidas dizem que esta ponte terrestre é a rota mais curta, mais eficiente e económica para transportar petróleo do Golfo para o ocidente. Mas os grupos ambientais, que solicitaram ao Supremo Tribunal de Israel o cancelamento do acordo, afirmam que a circulação de petroleiros e de petróleo bruto é um enorme risco ambiental.

Já em julho deste ano, o Ministério do Meio Ambiente de Israel se recusou a aprovar o projeto devido a questões ambientais. Agora, a oposição da ministra de Energia está a suscitar dúvidas quanto à possibilidade de o Governo israelita aprovar o acordo.

Numa publicação no Facebook, Karine Elharrar, disse esta terça-feira que o acordo “tem de ser cancelado” porque os danos que pode causar ao meio ambiente e às pessoas superam “o lucro”.



“O acordo não é benéfico para o mercado de energia israelita, nem mesmo para as relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos”, escreveu ainda.

“Estou determinada a cancelar o acordo”, acrescentou.

Segundo a ministra, o negócio pode ser considerado um acordo entre empresas privadas e, por isso, cancelá-lo “não pode ter impacto nos laços diplomáticos” entre Israel e os Emirados Árabes Unidos.

Esta posição de Elharrar surge dias depois de a estatal EAPC ter sido indiciada por um derramamento de petróleo em 2014 que danificou uma reserva natural do deserto no sul de Israel.
pub