Eurodeputados ouvem Christine Lagarde. "É preciso fazer regressar a inflação ao nível definido"

por Graça Andrade Ramos - RTP
Christine Lagarde em Bruxelas Yves Herman - Reuters

A presidente do Banco Central Europeu explicou esta segunda-feira aos eurodeputados as razões para a recente subida das taxas de juro, justificando-a com a necessidade de parar a inflação. Sublinhou ainda a importância de uma "adoção atempada" das novas regras orçamentais europeias ainda antes das eleições europeias de 2024.

A presidente do BCE defendeu a recente subida das taxas de juro no interesse de controlar a subida da inflação, quando questionada pelo eurodeputado socialista Pedro Marques sobre a consequência desse aumento para as famílias endividadas.

Lagarde reconheceu estar consciente das dificuldades e ser-lhes sensível. mas frisou que não havia alternativa porque é preciso parar a inflação.
Duarte Valente e Rui Manuel Silva, correspondentes da RTP em Bruxelas

Christine Lagarde adiantou que as decisões futuras do banco central "garantirão que as taxas de juro diretoras do BCE serão fixadas em níveis suficientemente restritos durante o tempo necessário".

A presidente do BCE frisou, aliás, a urgência de a União Europeia avançar com a revisão das regras orçamentais, precisamente como forma de ajudar os países a enfrentar a pressão da dívida.

"É tempo de avançar com este dossiê", afirmou Christine Lagarde perante a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON), depois de apontar a importância de "um quadro económico sólido" para o "interesse comum". "Deverá ser alcançado um acordo sobre a reforma do quadro orçamental da UE até ao final do ano", insistiu. "Chegou o momento".A revisão passa pelas uniões dos mercados de capitais e bancária assim como pela adoção do euro digital, mas o cerne é a revisão do quadro orçamental com vista a ajudar os países membros a cumprir as metas do défice.


Em abril deste ano, a Comissão Europeia divulgou uma proposta de alteração para as regras passarem a basear-se no risco e darem aos países endividados da União Europeia mais tempo para ajustarem o défice. Portugal tem proposto que, em alturas de crescimento económico o esforço realizado pelos países seja maior na redução da dívida pública, reduzindo ao invés o ritmo em épocas de dificuldades.

Lagarde defendeu na ECON que as novas regras deverão garantir "menor dívida soberana e menor heterogeneidade dos níveis de dívida entre países", além de um "maior crescimento e um maior caráter contracíclico da política orçamental". "As políticas orçamentais devem ser concebidas para tornar a economia da área do euro mais produtiva e para reduzir gradualmente a elevada dívida pública", afirmou.

A líder do BCE lembrou aos eurodeputados que "há ainda um importante trabalho legislativo a realizar antes das eleições do próximo ano".

Christine Lagarde desafiou ainda os Estados-membros a diminuir os apoios económicos adotados recentemente devido à crise energética, para evitar o aumento das "pressões inflacionistas a médio prazo".

c/ agências
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