Executivo de David Cameron em cima da direção do Barclays

por RTP
Julien Warnand, EPA

O primeiro-ministro britânico exige saber como foi possível ao Barclays adulterar as taxas de juro em vigor no Reino Unido sem ser detetado pelas entidades reguladoras. Foi a própria direção do Barclays que anunciou ontem ter sido alvo de uma multa na ordem dos 362 milhões de euros na sequência de um inquérito relativo à manipulação do banco das taxas Libor e Euribor. Para David Cameron, o escândalo mina a credibilidade do sistema financeiro britânico, num período em que o país atravessa grandes dificuldades económicas. Sobretudo porque há suspeitas de que o Barclays não foi o único banco a declarar taxas de juro inferiores às praticadas.

As autoridades de supervisão, inglesas e norte-americanas, apuraram que, numa tentativa de obter vantagens num período de dificuldades, entre 2005 e 2009, o banco alterou deliberadamente os valores que levam à formação dessas taxas de juro. Esta tarde, durante uma comunicação ao Parlamento, o ministro das Finanças, George Osborne, abordou este novo escândalo financeiro, para anunciar que o presidente do Barclays Bob Diamond tem "questões muito sérias a responder". Osborne exige saber quem estava a par do esquema.A Libor e a Euribor são as taxas de referência que indicam os juros aos quais os bancos emprestam uns aos outros; servem ainda , servindo também de referência para os contratos nos mercados de derivados em todo o mundo, bem como para os empréstimos empresariais.

"O que sabia ele e quando o soube?", foi uma questão deixada por George Osborne na casa dos comuns.

O caso ficou conhecido esta quarta-feira, com o anúncio de que o Barclays foi multado pelas autoridades financeiras do Reino Unido e dos Estados Unidos em 362 milhões de euros, face à descoberta da prática de irregularidades relacionadas com a manipulação dos valores das taxas de juro (Libor e Euribor). O banco terá reportado valores mais baixos do que aqueles que realmente pagavam.

Com um inquérito a varrer as contas de instituições financeiras de vários países, George Osborne explicou aos parlamentares britânicos que "o Barclays - e potencialmente outros bancos - estavam em clara infração do dever de respeitar as regras do mercado e dar aos cidadãos e empresas deste, e de outros países, informação transparente sobre o verdadeiro preço do dinheiro".David Cameron exige respostas
O primeiro-ministro já veio considerar a situação como um escândalo que mina a credibilidade do sistema financeiro britânico, exigindo saber como deixou a entidade reguladora do setor passar estas irregularidades.

Ed Miliband, o líder do partido trabalhista e da Oposição, avança com um cenário de processos criminais contra os responsáveis do Barclays envolvidos no escândalo, pedindo um castigo forte.

Para já, do banco saiu a decisão de Bob Diamond e restantes membros da direção não virem a receber qualquer bónus relativos a 2012.
Manipulação das taxas preocupa Londres
"O mau comportamento do Barclays foi grave, ocorreu de forma repetida e prolongou-se ao longo de vários anos", pode ler-se no comunicado assinado por Tracey McDermott, responsável da Autoridade de Serviços Financeiros (FSA) do Reino Unido.

Na sequência deste processo, os reguladores britânico e norte-americano estão a estudar as alegações de que a manipulação das taxas de juro para disfarçar as dificuldades que atravessavam foi uma prática não apenas do Barclays mas de várias instituições bancárias.

No comunicado da FSA, é sublinhada a gravidade destas situações, já que "a integridade das taxas de referência Libor e Euribor é de importância fundamental para o Reino Unido e para os mercados financeiros internacionais".
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