Fabricante chinês suspende operações após retirar 500 mil baterias por risco de fogo
A empresa chinesa Romoss anunciou a suspensão das operações durante seis meses, após retirar quase meio milhão de baterias portáteis (`power banks`) do mercado, devido a vários casos de incêndio e consequente debilidade financeira.
A tecnológica vai interromper a produção e colocar grande parte dos cerca de 690 trabalhadores em suspensão temporária de funções, durante a qual receberão apenas 80% do salário mínimo, o equivalente a cerca de dois mil yuan (237 euros) mensais. Apenas um grupo reduzido de funcionários permanecerá a tempo inteiro, para gerir o processo de recolha das baterias afetadas.
Em meados de junho, a empresa anunciou a retirada de mais de 491 mil unidades de três modelos fabricados entre junho de 2023 e julho de 2024, justificando a decisão com a presença de "materiais separadores defeituosos" que poderiam causar incêndios em "condições extremas", segundo o portal de notícias Shine.
A decisão foi tomada após diversos incidentes em campus universitários de Pequim, que levaram pelo menos 20 instituições a proibir a utilização de produtos Romoss, na sequência de testes que revelaram temperaturas de carregamento até cinco vezes superiores à média do setor.
O caso que gerou maior atenção pública ocorreu em março, quando um voo da companhia aérea Hong Kong Airlines teve de ser desviado após uma bateria portátil da marca se incendiar a bordo.
O incidente levou à proibição de transporte de `power banks` sem certificado de segurança nacional 3C em voos domésticos chineses.
No final de junho, as autoridades revogaram os certificados 3C da Romoss, encerrando de imediato os canais de venda.
A empresa chegou a concentrar até 40% das vendas `online` de baterias portáteis na China e liderava o ranking de vendas na plataforma Tmall.
O escândalo envolve também a Apex Wuxi, empresa responsável pela gestão dos certificados de segurança, que foi igualmente suspensa.
A Apex tinha entre os seus principais clientes a concorrente Anker Innovations, que também viu os seus certificados 3C revogados.
Entre Romoss e Anker, foram retiradas do mercado cerca de 1,2 milhões de baterias portáteis nas últimas semanas, segundo o portal de notícias Yicai.