Fundo de pensões da banca ajuda a tapar buracos

por RTP
Ian Britton, freefoto.com

Já têm destino 75 por cento dos 6 mil milhões arrecadados na transferência do fundo de pensões da banca para os cofres do Estado. Esses 4,5 mil milhões terão como destino o pagamento de dívidas dos hospitais (1500 milhões) e a substituição de créditos dos bancos a entidades públicas reclassificadas (EPR) e administração local (3000 milhões) terão já sido combinadas entre a equipa do ministro Vítor Gaspar e os representantes da troika no âmbito desta terceira revisão.

De acordo com fontes ligadas ao processo, três quatros dos seis milhões resultantes da transferência do fundo de pensões da banca vão ser utilizados já em abril para saldar 1,5 mil milhões de euros em dívidas dos hospitais EPE. Nessa operação será utilizada a parte do fundo entretanto transferido no final do ano passado, pouco mais de metade do total de 6 mil milhões de euros.

A segunda parcela de ativos do fundo de pensões, a transferir a meio do ano, tem como fim a absorção de créditos - na ordem dos 3 mil milhões de euros - de entidades públicas aos bancos. Trata-se de uma verba que diz respeito a créditos a EPR, entidades públicas que passaram para o perímetro das administrações públicas em contabilidade nacional, e autarquias.
Sobram 1,5 mil milhões
Feitas estas duas aplicações, restam ao Estado 1,5 mil milhões de euros do fundo de pensões da banca. De acordo com fontes relacionadas com o processo de negociação com a troika, não há ainda uma estimativa para a sua utilização.

O dinheiro reservado para dívidas da saúde deve avançar para os credores em abril, de acordo com o próprio ministro das Finanças. Disse Vítor Gaspar durante uma conferência esta terça-feira que para março o Governo ficou de entregar à troika um relatório com a estratégia global para controlar e reduzir as dívidas atrasadas, mas ainda assim os inspetores internacionais acabaram por dar luz verde e desbloquear estes pagamentos: "Os pagamentos no setor da Saúde poderão começar já em abril, depois da verificação de conformidade dos compromissos e da operacionalidade dos mecanismos de controlo pela Inspeção-Geral de Finanças".

O Governo terá depois de apresentar à troika uma estratégia que garanta que estão em marcha os mecanismos de controlo das dívidas por pagar há mais de 90 dias. Pretende-se impedir de futuro a acumulação de novos compromissos, assim como garantir que os pagamentos a realizar respeitam a compromissos válidos. Outro aspeto tem a ver com a decisão acerca das dívidas prioritárias, já que a conta ultrapassa em muito os 1,5 mil milhões disponibilizados.
O que fica por definir em Orçamento RetificativoGaspar acrescentou que estes pagamentos serão incluídos no Orçamento Retificativo a apresentar até ao final do primeiro trimestre. Vítor Gaspar aponta o Orçamento Retificativo até final de março, para incluir a despesa com os pensionistas dos fundos de pensões da banca transferidos para a Segurança Social, a despesa com o programa de ajustamento da Madeira, o reforço de verbas para a Saúde para fazer face ao pagamento de dívidas em atraso e ainda a contribuição de Portugal para o mecanismo de estabilização europeu.

Poupanças noutras rubricas vão permitir a correção em alta da despesa e manter o objetivo do défice orçamental nos 4,5 por cento do PIB.


No acordo assinado aquando da decisão de transferir o fundo de pensões para o Estado ficou decidido que o Estado se comprometia a comprar ou substituir-se aos bancos no financiamento a entidades públicas e autarquias. Entram aqui os 3 mil milhões restantes.

Ao mesmo tempo é atacado um dos problemas que tem sido apontado à máquina económica do país. A falta de crédito às empresas tem sido um dos temas quentes das conversas com a troika. Para minimizar o problema, o Governo assume aquelas dívidas, libertando os bancos para aumentarem o financiamento à economia.

"Ficou também acordado que o Ministério das Finanças procederá a uma absorção de cerca de 3 mil milhões de euros, por cessão de créditos a entidades públicas aos bancos, mantendo-se as obrigações contratuais dos devedores inalteradas. A libertação destes montantes permite aumentar os fundos disponíveis para financiamento da economia", considerava o ministro das Finanças quando anunciou a decisão do Governo.
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