G7. Estados da UE não serão envolvidos no empréstimo de 50 mil milhões de dólares à Ucrânia

por Graça Andrade Ramos - RTP
Giorgia Meloni no encerramento do G7 Guglielmo Mangiapane - Reuters

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que acolheu entre quinta-feira e sábado a reunião do G7 em Apúlia, Itália, explicou no encerramento da reunião que a Europa já está a contribuir com mecanismos de garantia do empréstimo à Ucrânia e que os Estados-membros não estarão diretamente envolvidos no restante processo de financiamento.

Irão contribuir "os Estados Unidos, assim como o Canadá, o Reino Unido e, provavelmente, o Japão, dentro dos limites dos seus constrangimentos constitucionais", acrescentou Meloni, na conferência de imprensa sobre o encontro.

O grupo das sete democracias mais ricas do planeta concordou, na sua cimeira anual, providenciar à Ucrânia empréstimos orçados em 50 mil milhões de dólares garantidos pelos juros de fundos russos congelados.

"Atualmente, as nações europeias não estão envolvidas neste empréstimo, também em consideração pelo fato dos bens estarem todos imobilizados na Europa", referiu a líder italiana, lembrando que o bloco já contribui ao providenciar um mecanismo de garantia do financiamento.

No início da semana, responsáveis da União Europeia - que inclui três dos países do G7, a Alemanha, a França e a Itália - afirmaram que os europeus poderiam providenciar cerca de metade do empréstimo, numa aparente contradição com as palavras de Meloni este sábado.

Cerca de 260 mil milhões de euros em bens russos, como reservas do banco central, foram congeladas ao abrigo das sanções impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022.

Cerca de 190 mil milhões de euros destes bens estão na posse do Euroclear, um banco central de depósitos baseado na Bélgica, o que faz da Europa um parceiro chave em qualquer plano para utilizar estes bens. Os Estados Unidos possui cerca de cinco mil milhões de dólares destes bens.

Meloni acrescentou que não estava preocupada com a eventualidade dos bens russos serem descongelados antes do empréstimo ser pago, uma vez que isso só poderia suceder após uma negociação de paz, que teria de incluir compromissos sobre a reconstrução da Ucrânia.
Negociações na UE
Depois de o seu partido pós-fascista Irmãos de Itália ter obtido 28 por cento dos votos, Giorgia Meloni é a única líder europeia do G7 afetada positivamente pelos resultados das eleições europeias de dia 9 de junho, que ditaram uma viragem política à direita e extrema-direita. Alemães e franceses, pelo contrário, viram as suas lideranças ameaçadas.

Meloni disse este sábado esperar que a Europa leve em conta nas suas políticas a "mensagem" enviada pelos cidadãos europeus, "porque retirar como conclusão das eleições europeias que tudo vai bem seria, receio, uma leitura um pouco enviesada".

"Os cidadãos europeus pedem pragmatismo, uma visão menos ideológica sobre grandes questões diferentes", afirmou, defendendo que "que a política deve sobretudo responder às indicações dadas pelos cidadãos".

Giorgia Meloni opõe-se por exemplo ao Pacto Verde europeu e defende um endurecimento das regras sobre a imigração.

Na próxima segunda-feira, os chefes de Estado e de Governo dos 27 reúnem-se em Bruxelas para negociar a distribuição dos principais cargos das instituições da União Europeia, com o foco na eventual recondução da presidente da Comissão, Úrsula von der Leyen.

A Itália já veio defender o adiamento das negociações, devido à proximidade das eleições em França, a 30 de junho e 7 de julho, que poderão ditar alterações significativas.

c/ agências
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