O ministro das Infraestruturas, João Galamba, admitiu hoje que "riscos existem" com a privatização da TAP, mas destacou os "bons exemplos na Europa" com outras companhias aéreas de bandeira, que a seu ver não perderam valor estratégico.
Galamba admite riscos de privatização mas salienta "bons exemplos na Europa"
"Os riscos existem", mas "é possível conduzir bem este processo porque há bons exemplos na Europa, que têm corrido bem e que têm superado as expectativas", disse o governante, falando numa audição regimental na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, em Lisboa.
Aludindo aos casos dos grupos aéreos privados Air France--KLM, que junta as companhias aéreas de bandeira francesa e holandesa, e ao International Airlines Group, que resulta da fusão das transportadoras britânica British Airways, espanhola Iberia e irlandesa Aer Lingus, o ministro considerou ser possível que, integrando a TAP numa grande empresa, esta se pode manter "como um ativo estratégico para Portugal", sendo este o "objetivo primordial" da privatização.
E, para "garantir x, y e z, há formas mal feitas e bem feitas para alcançar os objetivos", acrescentou.
"Julga que a Air France e a KLM perderam valor estratégico ou acha que a Aer Lingus, a Iberia e a British Airways perderam valor estratégico e que os aeroportos de Dublin e de Madrid não são independentes?", questionou João Galamba.
De acordo com o ministro da tutela, a TAP "é a última companhia aérea na Europa que ainda não participou ou não está integrada num grande grupo de aviação".
"É público o que pretendemos fazer, queremos integrar a TAP num grande grupo aeronáutico", concluiu João Galamba.
A TAP obteve um lucro de 65,6 milhões de euros em 2022, informou na terça-feira a companhia que regressou aos resultados positivos após prejuízos de 1.600 milhões em 2021 e antes do previsto no plano de reestruturação.
Em causa está o aval dado pela Comissão Europeia, em 21 de dezembro de 2021, ao plano de reestruturação da TAP e à ajuda estatal de 2.550 milhões de euros para permitir que o grupo regressasse à viabilidade, impondo para isso compromissos de forma a não prejudicar a concorrência europeia.