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"Governo não atuou porque não quis". Trabalhadores da CP em último dia de greve

por Cristina Sambado - RTP

Terminam esta quarta-feira as greves na CP-Comboios de Portugal. Os revisores e trabalhadores das bilheteiras da empresa cumprem o último dia da paralisação parcial. Termina também a greve dos maquinistas às horas extraordinárias. As estruturas sindicais renovam as acusações de incumprimento por parte do Governo.

Nos dois casos os sindicatos reivindicam aumentos salariais. Para a greve dos revisores e trabalhadores das bilheteiras, o Tribunal Arbitral decretou serviços mínimos de 25 por cento.

Esta quarta-feira, o último dia de greve parcial dos revisores e dos trabalhadores das bilheteiras levou à supressão de 59 comboios dos 250 programados entre as 0h00 e as 8h00, a maioria comboios regionais, segundo a CP.

Os comboios regionais foram os mais afetados, tendo sido suprimidos 31 dos 67 programados. Nos comboios de longo curso, dos 13 previstos não se realizaram sete ligações, segundo dados enviados pela CP-Comboios de Portugal à agência Lusa.

Nas ligações urbanas de Lisboa foram cumpridas todas as ligações previstas (111) e nos do Porto foram cancelados 17 dos 52 comboios programados.
Governo não cumpriu o que prometeu
O presidente do Sindicato dos Revisores da CP, Luís Bravo, disse no Bom Dia Portugal que não há razão nenhuma para o Governo não cumprir o que prometeu. E deu como o que aconteceu noutros setores.

"O Governo não atuou porque não quis", frisou o sindicalista, que deu como exemplos os acordos assinados entre o Executivo, as forças de segurança e os profissionais de saúde. "Colocou o ministro da Administração Interna e assinou um acordo com os profissionais de polícia e aplicou o acordo. A ministra da Saúde fez um acordo com os profissionais de saúde e está aplicado".
No entanto, segundo Luís Bravo, "o ministro das Infraestruturas fez um acordo na CP e não o aplicou" e frisa que a alegada discriminação entre os vários setores deve-se à campanha eleitoral.

"Quiseram trazer para a campanha eleitoral a privatização da CP. Uma empresa estável, uma empresa que nos últimos anos dá lucro e é muito apetecível neste momento. Esse é o motivo principal, não há outra razão para que não se apliquem os acordos que foram realizados com os trabalhadores", acusou.

Já o presidente do Sindicato dos Maquinistas, António Barata Domingos, acusa o Governo de desautorizar a CP e não cumprir o acordo.

"Um dos propósitos a que nos propusemos foi atingido, foi demonstrar que o governo não cumpriu um compromisso que tinha assumido com os sindicatos. E importa referir que, no início deste ano, houve um consenso entre todos os sindicatos da empresa, com o aval do Governo, com verbas orçamentadas. Com o Governo a acompanhar a evolução dessa negociação", afirmou o sindicalista na RTP.

Para António Barata Domingues, "o que aconteceu foi que o Governo não autorizou a implementação desse acordo, desautorizando o conselho de administração da CP".
"O Sindicatos dos Maquinistas colocou um pré-aviso de greve no dia 11 de abril, quase um mês antes do início da greve que se iniciou no dia 7 de maio, nunca fomos recebidos, apesar de termos solicitado reunião com o Governo. O Governo teve este lapso de tempo para resolver o conflito e só nos recebeu praticamente no início da greve. A nós e aos restantes sindicatos", esclareceu.
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