OE2026. Dezenas de polícias assistiram a debate nas galerias
OE2026. Esquerda acusa Montenegro de "esvaziar" debate ao insistir em margem curta
À direita, os liberais falam de falta de ambição e de um documento que faz lembrar os orçamentos do partido socialista.
OE2026. Montenegro avisa para margem "mesmo curta"
O Chega ainda não disse como vai votar, mas acabou a debater com Luís Montenegro sobre a ditadura.
Montenegro critica "criatividade contabilística" da IL sobre carga fiscal
Luís Montenegro fez esta referência à bancada da IL quando respondia à terceira ronda de perguntas dos deputados, durante o primeiro de dois dias de debate na generalidade da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2025.
Numa breve intervenção, o novo líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Mário Amorim Lopes, começou por assumir que o seu partido "é radical na ambição que tem para o país", porque "para mais do mesmo já há PS e PSD".
"Desde 2022, pouco se mudou em termos de conteúdo global dos orçamentos. Esta proposta de Orçamento representa mais receita fiscal e mais despesa pública. A carga fiscal é asfixiante, próxima dos valores atingidos em 2014, durante o período da troika", defendeu Mário Amorim Lopes.
Logo a seguir, o primeiro-ministro invocou números para contrariar esta tese dos liberais, dizendo que "não conseguem reconhecer um dado factual: A carga fiscal e contributiva está numa trajetória descendente em Portugal, tendo passado de 35,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 para 34,7% em 2026, que é o valor mais baixo dos últimos anos".
"A Iniciativa Liberal quer mais, nós também queremos, só que é preciso em primeiro lugar inverter a tendência de crescimento e depois tomar as medidas políticas que podem reproduzir na vida real das pessoas, precisamente, a diminuição da carga fiscal e contributiva", sustentou.
Ainda segundo Luís Montenegro, caso se atente à evolução da carga fiscal sobre os impostos, "a trajetória ainda é mais significativa, porque reduziu-se de 24,9% do PIB em 2023, para 24,5% em 2024 e para 24,1% em 2026.
"Nos últimos dois anos em que governamos já diminuiu a carga fiscal sobre os impostos, reduziu-se mais de 0,4% do PIB. Os deputados da Iniciativa Liberal ou não estão suficientemente atentos ou têm uma criatividade maior do ponto de vista contabilístico", concluiu.
O primeiro-ministro sugeriu depois que a IL poderá estar a negar evidências. "E, sinceramente, parece-me que não é um caminho muito aconselhável", acrescentou.
Nesta ronda de intervenções, os deputados do PSD Emídio Guerreiro e Pedro Alves advogaram a existência de progressos com a adoção de medidas para a construção de habitação, desagravamento fiscal para os jovens e para o combate à falta de professores nas escolas.
Pelo contrário, os deputados socialistas Luís Testa e Marina Gonçalves acusaram o Governo de não cumprir as metas que anuncia, ou no setor da habitação, ou na reforma do Estado.
Nesta fase do debate, o deputado do PCP Alfredo Maia criticou o conceito de renda moderada utilizado pelo Governo, assinalando que exclui a esmagadora maioria das famílias portuguesas, e exigiu o aumento geral de salários e de pensões, enquanto Paulo Muacho (Livre) considerou que "a folha de serviços" do executivo no setor da saúde "traduz um enorme falhanço".
"Em contraponto, no Orçamento do Estado aumentam os encargos com as parcerias público-privados", declarou Paulo Muacho.
A intervenção do deputado do Chega Pedro Frazão começou com uma pergunta ao líder do executivo sobre se tinha almoçado antes de vir para o debate sobre o Orçamento no parlamento. Perante a resposta afirmativa de Luís Montenegro, Pedro Frazão acusou o Governo de "esquecer os agricultores e os pescadores".
Terminou a primeira ronda de perguntas
"Retórica política". Montenegro garante que Governo não quer privatizar a Segurança Social
Luís Montenegro garante que o Governo "não tem intenção de privatizar a Segurança Social", apesar de um grupo de trabalho estar a analisar soluções para a Segurança Social. Questionado pelo deputado do JPP, Filipe Sousa, sobre a igualdade de acesso ao investimento público em todo o país, o primeiro-ministro afirma que o Goberno trata com "especial consideração" as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
JPP expressa preocupação com "excessiva concentração dos investimentos e decisões nos grandes centros urbanos"
"Porta aberta à aproximação de posições". PM remete questões do PAN para a especialidade
Em resposta às questões do PAN, o primeiro-ministro reafirmou que não haverá cortes na habitação e no Instituto da Conservação da Natureza e das Floresta (INCF), argumentando que são um reflexo de investimentos que vão terminando. Luís Montenegro remeteu algumas das questões levantadas por Inês Sousa Real para a especialidade, "não querendo fechar a porta à aproximação de posições.
PAN acusa Governo de se ter "esquecido de contar com as pessoas"
A porta-voz do PAN destaca ainda que a descida do IVA para a saúde animal fica "de fora das opções do Governo".
"Não recebemos lições de ninguém". PM acusa BE de "um tiro ao lado"
O primeiro-ministro recusa a falta de sensibilidade apontada pela deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e destacou o aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI) feito pelo Governo. "Estamos no governo há um ano e meio e temos de ouvir daqueles que estiveram oito anos no Governo que não temos sensibilidade social", questiona.
Mortágua pergunta se Governo "está feliz com o que fez" na habitação
“Nós avisamos. Nós dissemos que era especulativo e habitação de luxo. O Governo sabia, o Governo quis e a minha pergunta se está contente com o que fez”, questionou a coordenadora do BE.
"Um instrumento poderosíssimo". Montenegro enaltece "novo superavit"
Em resposta às questões levantadas pelo deputado Paulo Núncio, do CDS, o primeiro-ministro esclarece que o aumento regular das pensões tem um impacto de 700 milhões de euros. Sobre o IRC, Montenegro salientou a importância deste imposto que permite estimular a economia do país, através do crescimento das empresas.
Paulo Núncio desafia PS a ter uma "atitude responsável"
Paulo Núncio destaca que “Portugal vai ter um orçamento que não aumenta um único imposto, que reflete uma taxa de IRC abaixo dos 20%, que reconhece o prestígio e a qualidade das nossas forças armadas e que aponta para o terceiro excedente orçamental”.
“Em 2026, Portugal vai ter um orçamento que aponta para uma dívida pública abaixo dos 90% pela primeira vez desde 2009, dois anos antes da grande bancarrota”, afirmou.
"Visão irrealista". Montenegro acusa PCP de não ser capaz de reconhecer trabalho do Governo
O primeiro-ministro acusou o Partido Comunista de ter uma "visão irrealista" para o país e de não ser capaz de sinalizar as medidas tomadas pelo Governo, no último ano, que respondem às próprias reinvidicações do partido Comunista, nomeadamente o aumento do salário mínimo, do salário médio, das pensões ou o ainda o estímulo na compra da primeira habitação para os jovens.
Raimundo acusa PS de ser "cúmplice" das políticas do Governo
O secretário-geral do PCP deixou várias críticas a este orçamento, que diz ser “às ordens de Bruxelas”, e deixou uma questão para o primeiro-ministro: “como é que justifica, que com um IRC sempre a descer, nunca se tenha verificado o tal milagre económico tão apregoado pelo primeiro-ministro?”.
"Não deve ser um requisitório de tudo e um par de botas". PM rejeita querer esvaziar debate do OE na AR
Em resposta às críticas feitas por Rui Tavares, do Livre, a propósito de "tentativas de esvaziamento" de debate, Luís Montenegro garante que o Governo não quer esvaziar o debate do Orçamento na Assembleia da República. Sobre a posição do Livre, Montenegro disse ter ficado com a sensação que o Livre corrobora com o Orçamento".
Rui Tavares acusa Montenegro de "esvaziar papel" do Parlamento
"Não pode o Governo apresentar um orçamento como um documento meramente técnico, chantageando o Parlamento para que não seja alterado na especialidade ao mesmo tempo que se encontra auto-limitado - e bem - pela norma travão", disse Rui Tavares.
"Não é possível fazer mais". PM acusa Iniciativa Liberal de uma visão radicalizada
O primeiro-ministro manifestou dificuldade em responder às questões da líder da Inciiativa Liberal (IL), Mariana Leitão, por não reconhecer "um discurso político que não é realista" que exige "resultados já".
IL pede ao Governo que "deixe de tentar governar para as televisões"
“O país não precisa de promessas, precisa de resultados. E para isso, Portugal precisava de um orçamento que devolvesse rendimentos já, que reformasse o Estado já e que libertasse casas já”, defendeu Mariana Leitão.
“Já chega de tática mediática. Deixem de tentar governar para as televisões, governem para os portugueses”, exortou.
"Para cavar desequilíbrios não conte com o Governo". PM rejeita aumento das pensões proposta pelo PS
Em resposta a José Luís Carneiro, o primeiro-ministro saudou a posição do PS como um "sinal de respeito de garantir e salvaguardar a estabilidade do país" e concorda que o Orçamento do Estado para 2026 proposto pelo Governo "não é o Orçamento do PS", porque considera que este "é para implementar (...) e não para colocar na gaveta". Sobre a proposta do PS de aumento das pensões até 520 euros, Montenegro sublinha que "o Governo não está disponível para aumentar, pelo segundo ano consecutivo, um aumento das pensões" para "não prejudicar a sustenbilidade de todo o sistema".
PS diz que "o Orçamento tem o pecado original: não tem credibilidade"
O secretário-geral do PS disse ainda que este orçamento “tem o pecado original: não tem credibilidade”, afirmando que o Conselho de Finanças Públicas “confirmou as previsões do PS em relação à debilidade das contas públicas”.
José Luís Carneiro afirma que este orçamento “não tem ambição para o país” e “não responde às necessidades urgentes do país”.
PM diz que "ISP é a tábua de salvação" de quem critica política fiscal do governo
O primeiro-ministro quis desfazer o equívoco lançado, segundo ele, por André Ventura e "todos aqueles que querem criticar a política fiscal do governo". Luís Montenegro acusou o líder do Chega de contaminar o debate e esclareceu que a receita do ISP (Imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos) sobe na estimativa do governo porque sobe em consonância com o aumento do consumo e não devido ao aumento de impostos.
Hugo Soares desafia Ventura a dizer "dois impostos que aumentaram" neste orçamento
“A grande questão de um, dois ou três Salazares é que nesse tempo o senhor nem tinha tido tempo para estar aqui e dizer o que disse”, disse, dirigindo-se a André Ventura.
"A ditadura não combate a corrupção". PM explica a Ventura que a corrupção combate-se em democracia
Em resposta a André Ventura, o primeiro-ministro defendeu que "a ditadura não combate a corrupção, a ditadura é ela própria a corrupção".
"Se tivéssemos um, dois ou três Salazares havia menos corrupção neste país", diz Ventura
“O senhor primeiro-ministro insinuou que esta bancada tinha saudades da ditadura”, começou por afirmar o líder do Chega. “Eu não tenho saudades nenhumas de nenhum tempo anterior àquele em que eu era nascido, mas sei que se tivéssemos um, dois ou três Salazares havia menos corrupção neste país”, acrescentou.
"Não tenho saudade do Portugal de há 50 anos". Montenegro critica André Ventura
Após ter sido criticado pelo líder do Chega, o primeiro-ministro começa a sua resposta a garantir que olha "nos olhos todos os portugueses", em especial forças e serviços de segurança e da Proteção Civil mencionadas por André Ventura. Luís Montenegro criticou o líder do Chega por ter indicado que o país precisava de "três salazares": Não tenho saudade do Portugal de há mais de 51 anos atrás", afirmou.
"Portugal é uma referência no mundo inteiro? Só se for de bandalheira", diz Ventura
“Portugal é uma referência no mundo inteiro? Só se for de bandalheira e desleixo. Não sei se é no salário mínimo nacional, imigração e preço combustíveis”, disse.
Ventura abordou o imposto sobre os produtos petrolíferos, afirmando que o Governo vai “sacar esse dinheiro dos portugueses”.
“Tivemos sete anos em que se dá com uma mão e tirava com outra. Com António Costa a engordar e povo português a emagrecer. No OE o Governo prevê arrecadar mais 187 milhões de euros com o ISP. Ou vai haver um aumento brutal de consumo de gasóleo e gasolina ou vão sacar dinheiro aos portugueses. Não vale a pena baixar o IRC se vai ao longo do ano sacar mais com impostos nos combustíveis”, afirmou.
Por fim, o líder do Chega pediu para o primeiro-ministro olhar para quem está nas galerias do Parlamento. “Não são ciganos e imigrantes, são polícias”, disse. “Por uma vez na vida, gostava que não tivéssemos um orçamento que mantém os RCI e que olhasse para as nossas forças de segurança e para os bombeiros”, declarou.
Mais segurança
"Portugal não pode ser um país de portas escancaradas"
Aumento de rendimento, "mais investimento, mais inovação"
E na Habitação - uma "prioridade absoluta" para o Governo - fala das medidas do executivo, como a redução do IVA da construção.
"Viabilização do Orçamento não torna partidos corresponsáveis pela governação"
“É com os olhos postos no futuro que encaramos o Orçamento do Estado para 2026”, afirmou. “Pelo segundo ano consecutivo, o Orçamento não agravará nenhum imposto, muito pelo contrário”.
Uma das medidas, apresentou Montenegro, é a descida do IRS, “tanto pelo aumento do limite dos escalões, como pela redução em 0,3 pontos percentuais das taxas do segundo ao quinto escalão”.
“Vamos também aumentar o Salário Mínimo Nacional para 920 euros”.
No caso dos jovens, continua Montenegro, será mantido o IRS Jovem, a isenção de IMT e do imposto de selo na compra da primeira casa e será reforçada a garantia estatal nos empréstimos à habitação.
Orçamento do Estado "é crescimento, justiça e consolidação"
“No seguimento do processo que iniciámos no ano passado, retirámos tudo o que não deve estar incluído neste documento”.
Começou o debate na Assembleia da República
Livre antecipa que votará contra
O Livre apresentou ainda propostas para a discussão na especialidade. O partido quer a descida do IVA de 23 por cento para 21 por cento, um aumento do Salário Mínimo Nacional para 1.250 euros nos próximos quatro anos e insiste na semana laboral de quatro dias.
OE26. Iniciativa Liberal vai votar contra
A presidente da Iniciativa Liberal (IL) acusa o Executivo de anunciar "dez ilusões", como redução da carga fiscal, a reforma do Estado ou a resposta à crise da habitação.
A poucas horas do início do debate sobre a proposta de OE, a presidente da IL sublinha que "o país não tem tempo para adiar as medidas que precisa, este Orçamento infelizmente não resolve o problema das pessoas, que era essencial que resolvesse, e é por isso que a IL vai votar contra este Orçamento na generalidade". O debate sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2026 começa esta tarde, às 15:00, com uma intervenção do primeiro-ministro.
A discussão continua na terça-feira com plenários marcados para as 10:00 e 15:00 e a votação na generalidade.
Debate parlamentar. Como vai ser a nossa vida com o OE2026
Está prevista a atualização dos escalões do IRS em 3,51 por cento, como também a redução das taxas em 0,3 pontos percentuais entre o 2.º e o 5.º escalões, tal como acordado com o Chega.
A poupança de IRS para 2026, em comparação com este ano, começa nos 37 euros por ano e pode chegar a quase 900, dependendo dos rendimentos.
Num agregado familiar com dois contribuintes e dois filhos, se o valor total mensal for de 2300 euros a poupança será de 75 euros no fim do ano.
Se os salários dos dois chegarem aos cinco mil euros, a poupança pode chegar a 485 euros.
No caso de um contribuinte solteiro, sem filhos, com um salário de 1150 euros vai poupar 37 euros em IRS, no próximo ano.
Um valor que sobe para 82 euros num vencimento de 1500 euros, e aumenta para 243 euros por ano, se o salário for de 2500 euros.
Também o montante até ao qual se isenta pagamento de IRS é atualizado para 12.880 euros, o que corresponde a um salário mensal de 920 euros, a proposta para o valor do salário mínimo.
(Mais) Exemplos:
IRS 2026 - Solteiro, sem dependentes
Salário poupança anual
1150€ 37€
1500€ 82€
2500€ 243€
Fonte: Deloitte
IRS 2026 - Casados, dois titulares, dois dependentes
Salário poupança anual
2300€ 75€
3000€ 163€
5000€ 485€
Fonte: Deloitte
As previsões do Governo
O calendário para aprovar o OE 2026
O debate na generalidade começa esta segunda-feira, a partir das 15h00 e prossegue amanhã, terça-feira, com rondas de pedidos de esclarecimento dos partidos e termina com a votação na generalidade.
A aprovação do Orçamento do Estado para 2026 na generalidade está garantida com os votos a favor de PSD e CDS e as anunciadas abstenções do PS e do PAN. O PCP, Bloco de Esquerda e Iniciativa Liberal vão votar contra.
A votação final global está marcada para dia 27 de novembro.