Portugal Telecom e brasileira Oi fundem-se em nova multinacional

As administrações da PT e da Oi acabam de dar o primeiro passo para uma operação de fusão que criará uma multinacional luso-brasileira. O acordo foi assinado ao início da manhã desta quarta-feira e dado a conhecer através da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários. Zeinal Bava vai assumir a presidência executiva da nova empresa, a CorpCo. Henrique Granadeiro será vice-chairman e o atual chairman da Oi, José Mauro da Cunha, manterá a posição.

RTP /
Zeinal Bava vai ser o presidente executivo da empresa que resultará da fusão entre a Portugal Telecom e a Oi José Manuel Ribeiro, Reuters

O caminho da fusão entre a Oi e a PT, assinalava o Diário Económico numa notícia exclusiva a poucas horas da abertura da bolsa de Lisboa, era já antecipado pelo mercado. O acordo de intenções chegou entretanto à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).A edição eletrónica do Diário Económico lembrava esta manhã que Henrique Granadeiro assumira recentemente a vontade de “aprofundar” laços.

A 23 de setembro, na inauguração do Centro de Dados da PT na Covilhã, o responsável afirmava, porém, que não seria “obrigatório” que as duas empresas se fundissem. Para depois falar de “uma aliança industrial” com “muitos pés para andar”.

O mesmo jornal sublinhou que a nova empresa terá “como acionistas de referência os brasileiros da Andrade Gutierrez, o grupo Jeressati, o BTG Pactual, o BES e a Ongoing (dona do Diário Económico)”.


“A PT, a Oi, a AG Telecom Participações, a LF Tel e respetivas holdings assinaram a esta data um acordo de intenções o qual define os princípios essenciais para uma proposta de fusão”, anuncia o documento divulgado através da CMVM.

A criação da nova entidade (CorpCo), que implica um reforço de capital de 2,3 a 2,7 mil milhões de euros, terá ainda de ser aprovada pela globalidade dos acionistas das duas empresas e pelos respetivos reguladores de mercado. Prevê-se que a operação se concretize no primeiro semestre de 2014.

A fusão, sublinham o conselhos de administração das empresas, acontece na esteira da aliança firmada há três anos.

Foi em 2010 que a operadora portuguesa entrou na estrutura acionista da Oi, depois da venda da participação na brasileira Vivo à espanhola Telefónica por um montante de 7,5 mil milhões de euros. A PT tem atualmente uma participação de 23,6 por cento na Oi. Esta última detém dez por cento da Portugal Telecom.

A Zeinal Bava será confiado o cargo de presidente executivo da nova multinacional. José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha e Henrique Granadeiro vão assumir os cargos de presidente e vice-presidente, respetivamente.

Além de Carneiro da Cunha e Granadeiro, o Conselho de Administração integrará, num primeiro mandato de três anos, Alexandre Jereissati Legey, Amilcar Morais Pires, Fernando Magalhães Portella, Fernando Marques dos Santos, José Maria Ricciardi, Nuno Rocha dos Santos de Almeida e Vasconcellos, Rafael Luís Mora Funes, Renato Torres de Faria e Sergio Franklin Quintella.
“Operador líder”

No comunicado com a chancela da PT lê-se também que a operação a concretizar no início do próximo ano visa criar um “operador líder”: “Antecipa-se que a Combinação de Negócios irá gerar sinergias no valor atual líquido estimado de 1,8 mil milhões de euros”.

A Oi, indica o mesmo documento, “propõe a realização de um aumento de capital em dinheiro e em bens, com um mínimo de 7 mil milhões de reais (2,3 mil milhões de euros), com o objetivo de melhorar a flexibilidade do balanço da CorpCo”. Consumada a fusão, os acionistas da Portugal Telecom ficarão com uma participação minoritária de 38,1 por cento no capital da nova entidade, tendo direito de voto.

“Com base nas cotações médias ponderadas pelo volume das ações da PT e da Oi nos 30 dias anteriores ao anúncio, uma ação ordinária da Oi será trocada por 1 ação da CorpCo, uma ação preferencial da Oi será trocada por 0,9211 ações da CorpCo e uma ação da PT será trocada por um número de ações da CorpCo equivalente a 2,2911 euros (a emitir ao mesmo preço do aumento)”, detalha o comunicado.

Os títulos da CorpCo vão ser negociados nas praças bolsistas de Lisboa, São Paulo e Nova Iorque.
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