Economia
Principais bancos centrais decidiram baixar as taxas de juro
Seis bancos centrais anunciaram em conjunto uma descida de 0,5 pontos percentuais nas taxas de juro. Foi a primeira vez, desde os atentados de 11 de Setembro 2001, que as instituições reguladoras concertaram tal posição para tentar combater a crise financeira motivada pela crise no mercado do “subprime” nos EUA e nos mercados financeiros mundiais.
O Banco Central Europeu (BCE) desceu a sua principal taxa de juro para 3,75 por cento, a Reserva Federal norte-americana (FED) cortou para 1,50 por cento e o Banco de Inglaterra baixou para 4,50 por cento. Também o Banco Central da Suécia fez descer a taxa de juro para 4,25 por cento e o Banco do Canadá diminuiu a mesma taxa para 2,50 por cento. O Banco Nacional Suíço decidiu um corte de 0,25 pontos percentuais, para 2,50 por cento.
O Banco Central do Japão saudou a concertação de esforços destes bancos centrais, mas decidiu manter as taxas de juro em 0,5 por cento. Na China, o preço do dinheiro desceu pela segunda vez durante um mês.
A decisão concertada pelos bancos centrais não foi suficiente para impedir que as bolsas europeias fechassem com perdas entre os 3 e os 7 por cento. Em Londres, o Footsie 100 caiu 5,18 por cento, enquanto em Marid, o Ibex 35 desvalorizou 5,20 por cento, e em Milão, o Mib 30 perdeu 5,71 por cento. Em Frankfurt, o Dax fechou em baixa de 5,88 por cento e em Paris, o CAC 40 também encerrou no vermelho, a cair 6,39 por cento.
O índice referência da Euronext Lisboa, o PSI-20, fechou a perder 3,64 por cento, o valor mais baixo dos últimos cinco anos. A bolsa portuguesa foi arrastada pelos títulos do Grupo Sonae, que desvalorizaram entre sete e dez por cento e também da Portugal Telecom, que fechou a cair quase nove por cento.
Apesar de o anúncio do corte das taxas de juro pelos bancos europeus ter provocado uma imediata subida nas bolsas, o receio dos efeitos que a crise financeira pode ter na economia real acabou por levar à continuação da penalização dos mercados accionistas.
As taxas de mercado ainda não reflectem esta decisão nos empréstimos às famílias. A Euribor, principal referência do crédito à habitação em Portugal, continua a bater máximos históricos. O prazo a três meses está nos 5,39 por cento, enquanto o de seis meses está próximo dos 5,44 por cento.
Governos aplaudem, mas especialistas estão reticentes
A descida das taxas de juro é uma medida considerada “muito importante” pelo presidente francês. “Só a acção coordenada pelos bancos centrais e pelos governos permitirá interromper o risco sistemático (…) Não pode haver resposta isolada para desafios globais”, comentou Nicolas Sarkozy. “A descida das taxas responde perfeitamente à situação que enfrentamos, às necessidades de liquidez das instituições bancárias”, acrescentou.
A chanceler alemã sustenta que esta medida poderá “ajudar a restaurar a confiança”. Angela Merkel considera que se trata de “um sinal enviado para o reforço da economia”. Também a federação alemã dos bancos públicos considera que a baixa nas taxas de juro vem apaziguar o receio de um “enfraquecimento da conjuntura”.
A Casa Branca também considerou “importantes e úteis” os esforços dos bancos centrais.
A reacção dos responsáveis políticos governos diverge da dos especialistas contactados pelas agências noticiosas internacionais durante a tarde. “Os bancos centrais devem baixar mais as taxas de juro” pois “já se perdeu muito tempo”, disse à France Press um estratega em Frankfurt.
Outro analista, do Bank of América, considera que os efeitos da baixa de juros só serão visíveis dentro de um ano, porque “o mercado monetário está bloqueado”. Uma opinião corroborada por um funcionário do Comité de Política Monetária da FED para quem “o efeito de uma descida das taxas de juro na actividade económica não poderá sentir-se antes de nove a 18 meses”.
Ainda outros especialistas consideram que o BCE deverá ter necessidade de efectuar uma nova descida das taxas de juro no fim do ano para tentar estabilizar os mercados. “O bloqueio dos mercados de crédito mundiais (…) ameaça gravemente o crescimento, não só nos Estados Unidos, mas também na Europa e nos países emergentes”, escreve o Global Insight.
Estes analistas esperam que na próxima reunião da FED, a 28 e 29 de Outubro, seja anunciada uma nova descida da taxa.
Teixeira dos Santos considera que foi um corte “significativo”
As “famílias e as empresas portuguesas, designadamente as pequenas e as médias empresas, poderão esperar algum alívio nos seus encargos”, com a decisão do BCE em cortar as taxas de juro em 0,5 pontos percentuais, concluiu o ministro das Finanças.
“Esta decisão do BCE, após a posição comum ontem assumida pelos ministros das Finanças da União Europeia, é importante para que a normalidade regresse aos mercados financeiros”, disse Teixeira dos Santos.
Segundo o governante a decisão foi “tomada no momento oportuno” para restaurar o “clima de confiança e serenidade”. “Os portugueses devem manter a confiança pois o compromisso do Governo é claro: não permitiremos que os bancos cheguem a uma situação em que estejam em perigo dos depósitos que os cidadãos e empresas”, reafirmou o ministro.
Comissão Europeia promove grupo de reflexão
A conjuntura actual tem estimulado a ideia de um sistema europeu de supervisão financeira. “Quando um banco está sob pressão, é possível encontrar soluções rápidas entre vários supervisores nacionais, como ficou demonstrado nas últimas semanas, mas não é fácil”, notou Durão Barroso, que nomeou, neste sentido, o antigo director do FMI Jacques de Lrosière para presidir a um grupo de reflexão.
“Existem mais de oito mil bancos na União Europeia mas mais de dois terços doas activos bancários são detidos por 44 instituições transfronteiriças”, disse o presidente da Comissão Europeia que vai integrar, juntamente com Neelie Kroes (Concorrência) Charlie Mc Creevy (Mercado Interno) e Joaquin Almunia (Assuntos Económicos) um grupo de discussão.
Reino Unido vai nacionalizar parcialmente os seus bancos
Gordon Brown apresentou um plano de ajuda às instituições financeiras no total de 65 mil milhões de euros. O objectivo é aumentar a liquidez a médio prazo dos bancos nacionais e afastar o risco de falência.
As seis maiores instituições financeiras do Reino Unido decidiram aceitar o desafio do primeiro-ministro britânico e proceder a aumentos de capital, algumas sem recorrer às ajudas governamentais disponibilizadas.
As reacções dos diversos quadrantes políticos ao plano de Brown foram positivas.
O primeiro-ministro britânico convidou os restantes países membros da União Europeia a integrarem um “plano europeu de financiamento”, embora não tenham sido divulgados mais detalhes. “Estamos a enviar aos nossos colegas europeus uma proposta para um esquema de financiamento europeu”, disse Gordon Brown, para quem “problemas globais requerem uma acção global”. Brown garante que debateu o projecto com Sarkozy, líder do país com a presidência europeia.
“Será uma decisão tomada ao nível nacional pelos Ministérios das Finanças”, mas o carácter europeu advém da necessidade de actuação de todos os Estados membros, explicou uma fonte do Governo britânico.
Os líderes dos oito países mais industrializados vão reunir-se “em breve” para concertar novas posições face à real crise internacional, admitiu o primeiro-ministro britânico. A data e o local do encontro ainda não foram divulgados.
Também o presidente russo disse estar disponível para participar na “regulação dos problemas do sistema financeiro mundial, não só no âmbito do G8”.
O Banco Central do Japão saudou a concertação de esforços destes bancos centrais, mas decidiu manter as taxas de juro em 0,5 por cento. Na China, o preço do dinheiro desceu pela segunda vez durante um mês.
A decisão concertada pelos bancos centrais não foi suficiente para impedir que as bolsas europeias fechassem com perdas entre os 3 e os 7 por cento. Em Londres, o Footsie 100 caiu 5,18 por cento, enquanto em Marid, o Ibex 35 desvalorizou 5,20 por cento, e em Milão, o Mib 30 perdeu 5,71 por cento. Em Frankfurt, o Dax fechou em baixa de 5,88 por cento e em Paris, o CAC 40 também encerrou no vermelho, a cair 6,39 por cento.
O índice referência da Euronext Lisboa, o PSI-20, fechou a perder 3,64 por cento, o valor mais baixo dos últimos cinco anos. A bolsa portuguesa foi arrastada pelos títulos do Grupo Sonae, que desvalorizaram entre sete e dez por cento e também da Portugal Telecom, que fechou a cair quase nove por cento.
Apesar de o anúncio do corte das taxas de juro pelos bancos europeus ter provocado uma imediata subida nas bolsas, o receio dos efeitos que a crise financeira pode ter na economia real acabou por levar à continuação da penalização dos mercados accionistas.
As taxas de mercado ainda não reflectem esta decisão nos empréstimos às famílias. A Euribor, principal referência do crédito à habitação em Portugal, continua a bater máximos históricos. O prazo a três meses está nos 5,39 por cento, enquanto o de seis meses está próximo dos 5,44 por cento.
Governos aplaudem, mas especialistas estão reticentes
A descida das taxas de juro é uma medida considerada “muito importante” pelo presidente francês. “Só a acção coordenada pelos bancos centrais e pelos governos permitirá interromper o risco sistemático (…) Não pode haver resposta isolada para desafios globais”, comentou Nicolas Sarkozy. “A descida das taxas responde perfeitamente à situação que enfrentamos, às necessidades de liquidez das instituições bancárias”, acrescentou.
A chanceler alemã sustenta que esta medida poderá “ajudar a restaurar a confiança”. Angela Merkel considera que se trata de “um sinal enviado para o reforço da economia”. Também a federação alemã dos bancos públicos considera que a baixa nas taxas de juro vem apaziguar o receio de um “enfraquecimento da conjuntura”.
A Casa Branca também considerou “importantes e úteis” os esforços dos bancos centrais.
A reacção dos responsáveis políticos governos diverge da dos especialistas contactados pelas agências noticiosas internacionais durante a tarde. “Os bancos centrais devem baixar mais as taxas de juro” pois “já se perdeu muito tempo”, disse à France Press um estratega em Frankfurt.
Outro analista, do Bank of América, considera que os efeitos da baixa de juros só serão visíveis dentro de um ano, porque “o mercado monetário está bloqueado”. Uma opinião corroborada por um funcionário do Comité de Política Monetária da FED para quem “o efeito de uma descida das taxas de juro na actividade económica não poderá sentir-se antes de nove a 18 meses”.
Ainda outros especialistas consideram que o BCE deverá ter necessidade de efectuar uma nova descida das taxas de juro no fim do ano para tentar estabilizar os mercados. “O bloqueio dos mercados de crédito mundiais (…) ameaça gravemente o crescimento, não só nos Estados Unidos, mas também na Europa e nos países emergentes”, escreve o Global Insight.
Estes analistas esperam que na próxima reunião da FED, a 28 e 29 de Outubro, seja anunciada uma nova descida da taxa.
Teixeira dos Santos considera que foi um corte “significativo”
As “famílias e as empresas portuguesas, designadamente as pequenas e as médias empresas, poderão esperar algum alívio nos seus encargos”, com a decisão do BCE em cortar as taxas de juro em 0,5 pontos percentuais, concluiu o ministro das Finanças.
“Esta decisão do BCE, após a posição comum ontem assumida pelos ministros das Finanças da União Europeia, é importante para que a normalidade regresse aos mercados financeiros”, disse Teixeira dos Santos.
Segundo o governante a decisão foi “tomada no momento oportuno” para restaurar o “clima de confiança e serenidade”. “Os portugueses devem manter a confiança pois o compromisso do Governo é claro: não permitiremos que os bancos cheguem a uma situação em que estejam em perigo dos depósitos que os cidadãos e empresas”, reafirmou o ministro.
Comissão Europeia promove grupo de reflexão
A conjuntura actual tem estimulado a ideia de um sistema europeu de supervisão financeira. “Quando um banco está sob pressão, é possível encontrar soluções rápidas entre vários supervisores nacionais, como ficou demonstrado nas últimas semanas, mas não é fácil”, notou Durão Barroso, que nomeou, neste sentido, o antigo director do FMI Jacques de Lrosière para presidir a um grupo de reflexão.
“Existem mais de oito mil bancos na União Europeia mas mais de dois terços doas activos bancários são detidos por 44 instituições transfronteiriças”, disse o presidente da Comissão Europeia que vai integrar, juntamente com Neelie Kroes (Concorrência) Charlie Mc Creevy (Mercado Interno) e Joaquin Almunia (Assuntos Económicos) um grupo de discussão.
Reino Unido vai nacionalizar parcialmente os seus bancos
Gordon Brown apresentou um plano de ajuda às instituições financeiras no total de 65 mil milhões de euros. O objectivo é aumentar a liquidez a médio prazo dos bancos nacionais e afastar o risco de falência.
As seis maiores instituições financeiras do Reino Unido decidiram aceitar o desafio do primeiro-ministro britânico e proceder a aumentos de capital, algumas sem recorrer às ajudas governamentais disponibilizadas.
As reacções dos diversos quadrantes políticos ao plano de Brown foram positivas.
O primeiro-ministro britânico convidou os restantes países membros da União Europeia a integrarem um “plano europeu de financiamento”, embora não tenham sido divulgados mais detalhes. “Estamos a enviar aos nossos colegas europeus uma proposta para um esquema de financiamento europeu”, disse Gordon Brown, para quem “problemas globais requerem uma acção global”. Brown garante que debateu o projecto com Sarkozy, líder do país com a presidência europeia.
“Será uma decisão tomada ao nível nacional pelos Ministérios das Finanças”, mas o carácter europeu advém da necessidade de actuação de todos os Estados membros, explicou uma fonte do Governo britânico.
Os líderes dos oito países mais industrializados vão reunir-se “em breve” para concertar novas posições face à real crise internacional, admitiu o primeiro-ministro britânico. A data e o local do encontro ainda não foram divulgados.
Também o presidente russo disse estar disponível para participar na “regulação dos problemas do sistema financeiro mundial, não só no âmbito do G8”.