Protestos dos agricultores bloqueiam acesso a Valença e estradas em várias regiões de Espanha

por RTP
Rui Minderico - Lusa

Os protestos dos agricultores continuam esta terça-feira em Portugal e Espanha. O Movimento Agricultores do Norte iniciou uma marcha lenta em Valença e Viana do Castelo, com cerca de 100 viaturas que estão a bloquear os acessos à cidade no sentido Sul/Norte, em direção a Espanha. Milhares de agricultores estão também em protesto em várias regiões de Espanha e a bloquear estradas e autoestradas e o acesso a centros logísticos e portos.

De acordo com o Comando de Viana do Castelo da GNR, a marcha iniciou-se pelas 06h30, com os veículos a deslocarem-se entre Cerdal e São Pedro da Torre.

A iniciativa, que pretende "sensibilizar a sociedade e o poder político para o atual panorama dramático do setor agrícola no Norte de Portugal", envolve cerca de 100 viaturas, incluindo 60 viaturas ligeiras e 30 tratores.


Organizada pelo Movimento Agricultores do Norte, a marcha lenta impede a circulação em estradas nacionais e até autoestradas nesta zona junto à fronteira com Espanha. A rotunda da Estrada Nacional 13 em São Pedro da Torre, Valença, está cortada devido à marcha lenta do Movimento Agricultores do Norte e a circulação na A3 está condicionada entre as portagens e a ponte internacional Valença-Tui.

Em declarações à RTP, o porta-voz deste movimento explica que “esta manifestação vai no seguimento das outras manifestações a nível nacional mas foi numa data diferente para conseguirmos juntar-nos aos nossos colegas espanhóis”.
Fábio Viana explica que os agricultores daquela região estão “solidários com os restantes agricultores portugueses”, mas destaca que a região do Minho “tem problemas muito específicos que têm de ser resolvidos”.

O porta-voz diz que a região foi deixada ao abandono pelo Ministério da Agricultura e que o pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros anunciado pelo Governo na semana passada não é suficiente ou então não chega até eles.

Fábio Viana deixa a promessa que o protesto que começou esta manhã só vai parar quando forem ouvidos e resolvidas algumas questões.
Protestos em várias regiões de Espanha
A ação desta terça-feira é desenvolvida "em simultâneo com outras ações de protesto desenvolvidas do lado espanhol da fronteira pela Agrupacion Nacional de Agricultores y Ganaderos del Sector Primário".

Esta terça-feira, milhares de agricultores estão também em protesto em várias regiões de Espanha e a bloquear estradas e autoestradas e o acesso a centros logísticos e portos.

Até ao momento, há notícias de manifestações e bloqueios nas regiões de Madrid, Andaluzia, Castela e Leão, Castela La Mancha, Valência, Catalunha, La Rioja e Aragão.

Em alguns pontos de Espanha há já filas de trânsito de vários quilómetros provocadas pelas concentrações de agricultores. Até agora, desconhecem-se vias afetadas pelos protestos nas ligações com Portugal.

Na sexta-feira passada, as organizações agrícolas de Espanha já tinham anunciado que iriam avançar com os protestos, depois de se terem reunido com o ministro da Agricultura, Luís Planas.

As três maiores organizações agrícolas do país (Asaja, UPA - União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e Coordenadora de COAG - Organizações de Agricultores e Ganadeiros) justificaram, num comunicado, que "o setor agrícola na Europa e em Espanha enfrenta uma frustração e um mal-estar crescentes devido às condições difíceis e à burocracia sufocante gerada pela regulamentação europeia".

Na segunda-feira, os agricultores espanhóis também bloquearam estradas em Fuentes do Oñoro, a pouco mais de dois quilómetros da fronteira com Portugal, o que obrigou ao desvio de trânsito em Vilar Formoso.


O protesto foi desmobilizado durante a noite e a circulação rodoviária na entrada e saída de Portugal por esta fronteira ficou normalizada.

Nas últimas semanas, os agricultores saíram às ruas em vários países da União Europeia a pedido da valorização do setor e da atribuição de mais apoios.

A Comissão Europeia já anunciou que vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros a 26 de fevereiro.

c/Lusa
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