Reestruturação da moçambicana LAM prevê menos trabalhadores e dois aviões este ano
A primeira-ministra moçambicana, Benvinda Levi, avançou hoje no parlamento que a reestruturação da estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) implica a redução do número de trabalhadores, prevendo ainda a chegada de duas aeronaves Embraer este ano.
Ao intervir na Assembleia da República, em Maputo, no âmbito da prestação de informações aos deputados, a primeira-ministra começou por sublinhar que o "Governo tem vindo a adotar e a implementar políticas e ações com o intuito de tornar o Setor Empresarial do Estado mais sustentável, rentável, competitivo", procurando "evitar, deste modo, riscos fiscais".
No caso da LAM, no "âmbito da sua reestruturação", destacou que estão em curso, entre outras ações, o reforço do capital social pelas empresas públicas Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose), novos acionistas da companhia aérea.
Igualmente, o "saneamento da dívida com a banca comercial e com fornecedores", o "reforço dos processos de controlo interno operacionais, administrativos e financeiros" e o "redimensionamento da força de trabalho para o seu ajustamento à realidade operacional e tecnológica da LAM".
Fonte ligada ao processo admitiu anteriormente à Lusa que dos 800 trabalhadores que a companhia tinha no início da reestruturação, em maio, prevê-se a saída de cerca de 160, dos quais quase 50 pela via da reforma.
No parlamento, Maria Benvinda Levi admitiu ainda que no processo de aquisição de aeronaves pela LAM, "duas delas do modelo Embraer 190, poderão chegar ainda este ano", o que vai contribuir para que "a empresa opere gradualmente com os seus próprios aviões".
"Com a implementação destas e outras ações, pretendemos garantir a estabilidade financeira e operacional da nossa companhia, elevar a qualidade e regularidade dos serviços prestados, aumentar a cobertura dos serviços de transporte aéreo e assegurar a sua maior contribuição na dinamização da indústria do turismo", acrescentou.
A LAM já tinha alugado em outubro um Airbus A319 na Ucrânia, com capacidade para transportar 144 passageiros, para "reforçar a sua frota", anunciou então o Ministério dos Transportes moçambicano.
Trata-se de uma aeronave Airbus A319 que será operada por uma tripulação ucraniana, num pacote em que está incluída também a "garantia dos serviços de manutenção e seguro", acrescenta.
Segundo o ministério moçambicano, a companhia de bandeira conta, atualmente, com seis aeronaves, das quais cinco alugadas e um Bombardier Q400 recentemente adquirido, a primeira em 18 anos.
Em 23 de setembro, o Governo moçambicano reconheceu dificuldades na reestruturação da LAM, mas sublinhou que o objetivo é garantir uma companhia funcional e segura, com a previsão de aquisição de cinco aeronaves até dezembro.
"Nunca dissemos que seria fácil o processo de reestruturação da companhia, ainda vamos ter muitas dificuldades pela frente", disse o ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, questionado pelos jornalistas sobre consecutivas avarias num avião recentemente adquirido pela empresa.
A LAM enfrenta há vários anos problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves, estando atualmente num profundo processo de reestruturação.
A estatal moçambicana deixou praticamente de realizar voos internacionais já este ano, concentrando-se nas ligações internas, no âmbito do processo de reestruturação que levou também à entrada de uma nova administração em maio e das empresas públicas HCB, CFM e Emose, como acionistas.