Santos Silva acusa Governo de "rapar o tacho" com fins eleitoralistas. "Abstenção do PS será a maior maldade"

Foi numa intervenção ao final da tarde de segunda-feira, em Penafiel, que Augusto Santos Silva, ex-ministro e antigo presidente da Assembleia da República, criticou o Governo de Luís Montenegro pela forma como se tem apresentado aos portugueses.

João Alexandre - Antena 1 /
Foto: José Coelho - Lusa

Para Santos Silva, não há dúvidas de que a AD teve motivações "eleitoralistas" para beneficiar alguns setores da Administração Pública e avançar com gastos orçamentais que colocaram em causa o investimento nos serviços públicos e na melhoria do atendimento às populações.

"O atual Governo tem sido especialista em degradar os serviços públicos, olhando apenas para os interesses conjunturais de alguns segmentos dos funcionários públicos", afirmou o ex-governante, perante algumas dezenas de deputados do PS, durante um painel de debate dedicado ao tema "Serviços Públicos e Território".

Segundo Santos Silva, o primeiro-ministro identificou nalguns setores - como os professores ou as forças de segurança - os segmentos que "eleitoralmente lhe escapavam" e fez uso de um excedente orçamental que recebeu do PS para "conquistar" esses segmentos.

"Aliás, eu acho que a maior maldade que o Grupo Parlamentar do PS vai fazer ao atual Governo - maldade que o atual Governo merece - é mesmo abster-se no Orçamento do Estado, impedindo-os de continuarem a ser uma mera comissão eleitoral, rapando o fundo do tacho que receberam bem recheado do ministro das Finanças, Fernando Medina, e dos seus predecessores", acusou.

Ex-presidente da Assembleia da República faz reparo a sindicatos
Augusto Santos Silva, que em tempos ocupou o lugar de segunda figura do Estado, aponta ainda o dedo aos sindicatos da Função Pública, que acusa de defenderem, sobretudo, os "interesses" dos funcionários e não dos serviços Às populações.

"Os serviços públicos existem para se servir os públicos e devem servir-se os interesses dos funcionários públicos na exata medida em que servir os interesses melhore os serviços que prestamos aos públicos", disse.
Foi neste ponto que o ex-governante socialista deixou um recado aos representantes sindicais de quem trabalha no Estado.

"Muitas vezes funciona ao contrário, a começar pelos sindicatos da Administração Pública, que entendem que ser um serviço público significa ter a garantia de que esse serviço serve os interesses dos funcionários", concluiu.
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