Economia
Smartphone, uma ferramenta cada vez mais útil no bolso
Já alguma vez refletiu sobre o objeto eletrónico que cada vez mais cidadãos trazem no bolso e que quase certamente também utiliza? Conhecido entre a geração mais nova por smartphone, este tipo de gadjet já não é apenas um telefone. É uma compilação de vários aparelhos compactados num único, pouco maior do que uma lata de sardinhas.
Desde o nascimento do primeiro telefone, criado na década de 1870 pelo italiano Antonio Meucci - que na verdade foi o criador desta ferramenta comunicativa e não Alexander Graham Bell, que comprou o protótipo ao italiano e ficou com a fama -, as diferenças entre ambos superam qualquer filme de ficção científica.
Estes objetos eletrónicos são atualmente câmaras profissionais, blocos de notas inteligentes, tradutores instantâneos, assistentes pessoais e, para quem vive de informação e para a informação, como um jornalista, uma redação portátil.
Foto: Unsplash
Nas últimas semanas, decidi fazer a experiência e dar folga ao computador da redação, trocando-o por algo mais pequeno e experimentar trabalhar apenas com um smartphone. E não foi apenas por capricho tecnológico.
Como redator que gosta de escrever sobre novidades tecnológicas e formador de Jornalismo Mobile (MOJO) - prática jornalística que utiliza o smartphone como ferramenta de produção de notícias - fui abordado e convidado para experimentar o último equipamento da Google, o smartphone Pixel 10 pro, que utiliza a Inteligência Artificial (IA) em praticamente todas as operações.
De entre as várias valências que este equipamento traz, a ferramenta de IA Copilot, integrada no sistema, não se revela apenas um chatbot, tornando-se um verdadeiro assistente editorial. Realizei algumas experiências, desde a revisão de textos em tempo real até à sugestão de títulos apelativos para artigos, como por exemplo este mesmo que está a ler. Num dos testes, pedi mesmo para transformar uma nota de voz num resumo jornalístico, em instantes, tinha um parágrafo pronto para publicação. Claro que este sistema carece sempre da verificação do que nos é apresentado e não substitui, de todo, o cunho editorial.
Tradução e transcrição sem esforço
Entre as várias funções que um jornalista executa, as entrevistas fazem parte do quotidiano e nem todas acontecem na língua nativa - o português. Precisamente nesta área, a ferramenta tradução presente neste smartphone trouxe uma funcionalidade que me poupou horas: transcrição automática de áudio com tradução simultânea. Gravei uma conversa em inglês e, em menos de um minuto, tinha o texto em português, pronto para edição. A precisão não é perfeita, mas está suficientemente próxima para ser trabalhada para uso profissional.
Fotografia com propósito
Se bem que a função primordial/base de um smartphone é a comunicação, quem tem um usa e abusa deste aparelho para registar momentos, quer através de fotografia, quer em vídeo. E neste campo tem surgido uma verdadeira revolução a nível da qualidade na captação das imagens, oferecendo já soluções, em várias marcas, em 4K e 8K. Quem apresenta estas funcionalidades tem a noção de que os consumidores são, cada vez mais, atraídos pela oferta, mas também sabem que esta ferramenta pode e está a ser usada já como recurso pela comunicação social em todo o mundo.
Gemini. Mais do que pesquisa
Ainda no campo da IA, encontramos as chamadas aplicações de inteligências artificiais generativas (LLMs), ou chatbots, que imitam a linguagem humana, como o ChatGPT. Mas para os nativos digitais esta opção é explorada de forma sistemática, na criação de vários conteúdos úteis, muito embora se possa “manipular” esta ferramenta. Contudo, existem cada vez mais salvaguardas. Neste smartphone a Google oferece-nos o Gemini, o motor de IA que substitui a pesquisa tradicional. Em vez de abrir dezenas de separadores, que acabam por tornar o telemóvel mais lento, perguntei ao programa, por voz (mas podia também escrever ou mostrar), como funciona determinada função, que ferramentas podia utilizar para executar e quais os passos a seguir. É caso para dizer que tenho no bolso um assistente da área da pesquisa, sempre disponível e bem informado.
Organizador. O canivete suíço digital
Entre as funcionalidades que aqui apresentei, não podia deixar de falar no “bloco de notas e organizador” que andava na bolsa e que agora anda no bolso, ocupando menos espaço físico e a dar-me mais espaço para gerir o meu dia-a-dia, com a vantagem de este me alertar para tarefas que teria regular-me de consultar o tradicional ”caderninho”. Com o sistema de IA integrado para gestão inteligente de calendário, correio eletrónico e tarefas, o Pixel 10, apresentou-me sugestões automáticas de horários, e até me lembrou de beber água.
Limitações? Claro que há.
Nem tudo é perfeito. A IA ainda comete erros, especialmente em nomes próprios ou expressões regionais. E há momentos em que prefiro o "velho caderno de notas", por saber o que lá coloquei ou discrição de outro assunto mais particular. Mas como complemento ao trabalho jornalístico, esta ferramenta digital prova que atualmente um smartphone pode ser uma extensão útil na vida pessoal e profissional.
Mas se me for questionado se esta ferramenta digital, como o smartphone da Google, ou mesmo de outra marca, e com outras funcionalidades, pode substituir todos os outros utensílios já usados por mim, como por exemplo um bloco de notas antigo, registos fotográficos privados ou mesmo um computador, a minha resposta dependerá sempre do que se precisa e qual a sua utilidade. Num universo cada vez mais tecnológico, onde a necessidade de acesso à informação, recolha e tratamento é uma constante, as ferramentas digitais fornecidas por este tipo de equipamento tornam-se cada vez práticas, úteis e essenciais na minha profissão, de forma a dar ao leitor a notícia mais rapidamente, mas sempre com o crítério isento e verdadeiramente factual, com a qualidade que se exige numa comunicação de massas.
Para quem vive de informação, estes sistemas, quando usados de forma correta e coerente, podem passar a ser uma nova e boa revolução “silenciosa”.