Taxa de desemprego em Portugal atinge os 15 por cento

O desemprego em Portugal bateu um novo recorde, com o Instituto Nacional de Estatística a revelar que a taxa atingiu no segundo trimestre de 2012 os 15 por cento da população ativa - o equivalente a 827 mil trabalhadores no desemprego. O maior número de desempregados do país pertence agora a Lisboa.

RTP /
Filas de desempregados continuam a aumentar Luís Forra, Lusa

A informação do INE revelada hoje indica que a taxa de desemprego estimada para o segundo trimestre de 2012 foi de 15 por cento, um valor que é superior em 2,9 pontos percentuais ao do trimestre homólogo de 2011 e em 0,1 pontos percentuais ao do trimestre anterior.

Os números avançados no relatório revelam ainda que a população desempregada atinge as 826,9 mil pessoas, o que representa um aumento homólogo de 22,5 por cento, mais 151,9 mil pessoas, e trimestral de 0,9 por cento no que resulta em mais 7,6 mil pessoas.

Já em relação à população empregada os dados avançam com um total de 4.688,2 mil pessoas, o que representa uma diminuição homóloga de 4,2 por cento, menos 204,8 mil, e um aumento trimestral de 0,6 por cento, mais 25,7 mil pessoas.
Lisboa regista a maior taxa de desemprego
Quanto às regiões onde o desemprego se faz sentir em maior grau o destaque vai para Lisboa, com 17,6 por cento, e para o Algarve onde a percentagem de pessoas sem emprego atinge os 17,4 por cento.

Nas posições seguintes situam-se a Região Autónoma da Madeira com 16,8 por cento, a Região Autónoma dos Açores, com 15,6 por cento e no Norte com 15,2 por cento.

Em sentido contrário os dados revelados hoje pelo INE adiantam que os valores mais baixos de desemprego são registados no Centro, onde a taxa se situa nos 11,2 por cento, e no Alentejo onde atinge os 15 por cento.

Em relação ao trimestre homólogo de 2011, à semelhança do sucedido globalmente para Portugal, a taxa de desemprego aumentou em todas as regiões com os maiores aumentos a verificarem-se na Região Autónoma dos Açores (5,9 p.p.), em Lisboa (4,1 p.p.), na Região Autónoma da Madeira (3,3 p.p.) e no Alentejo (3,2 p.p.).

Em relação ao trimestre anterior, a taxa de desemprego aumentou em quatro regiões (Norte, Lisboa, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira) e diminuiu em três regiões (Centro, Alentejo e Algarve).

Os maiores aumentos ocorreram na Região Autónoma dos Açores (1,7 p.p.) e em Lisboa (1,1 p.p.), enquanto a maior diminuição ocorreu no Algarve (2,6 p.p.).
As diferenças entre INE e Eurostat
O Instituto Nacional de Estatística é quem em Portugal divulga os dados oficiais do desemprego e os de hoje apontam para uma taxa no segundo trimestre de 2012 de 15 por cento, mas surgem outros dados estatísticos sobre o emprego que podem confundir os menos atentos como é exemplo maior os dados divulgados pelo Gabinete Estatístico da Comissão Europeia (Eurostat).

Numa coisa todos os números estão de acordo: no último ano a tendência do desemprego em Portugal tem sido para subir.

A taxa oficial divulgada pelo INE significa que, entre abril e junho deste ano, 15 por cento da população ativa estava desempregada, o equivalente a 827 mil pessoas, sendo que essa taxa é calculada através de um inquérito por amostragem emq ue para o INE a definição de desempregado, segundo padrões internacionais, é uma pessoa entre 15 e 74 anos que não tinha emprego, mas estava disponível e fez esforços ativos para trabalhar.

Os dados do INE são divulgados trimestralmente, mas todos os meses o gabinete estatístico da Comissão Europeia anuncia uma taxa de desemprego harmonizada para os 27 e segundo o Eurostat a taxa de desemprego em Portugal em junho atingiu os 15,4 por cento.

A diferença não significa discrepância entre os números do INE e os do Eurostat já que uns são trimestrais e os outros são mensais, mas note-se que o Eurostat não produz estatísticas e as suas taxas são calculadas com base nos números produzidos pelo INE e pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é outra das organizações que também divulga dados sobre o desemprego para os seus 30 membros, mas no caso de Portugal a OCDE reproduz os números do Eurostat.
Três novos indicadores para o INE
Para lá das taxas há ainda o 'desemprego registado' que dá conta do número de inscritos nos centros de emprego do IEFP e no final de junho havia 645.995 desempregados inscritos em centros de emprego.

Nas estatísticas hoje divulgadas o INE introduziu três novos indicadores: o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis, e os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego.

O subemprego de trabalhadores a tempo parcial, que abrangia 266 mil pessoas no segundo trimestre, refere-se a pessoas com trabalho em 'part time' dispostas a trabalhar mais horas.

Os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis eram 38 mil no segundo trimestre; são pessoas que embora tenham procurado ativamente emprego não estavam disponíveis para trabalhar de imediato (por estarem, por exemplo, à espera dos resultados de uma entrevista de emprego ou por já terem aceite um emprego que só começará numa data posterior).

Os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego eram 217 mil no segundo trimestre; trata-se neste caso de indivíduos que estavam prontos para trabalhar, mas, por uma série de razões, não procuraram ativamente emprego.

Apesar de todas as taxas, é a taxa 'oficial' do INE que as instituições internacionais usam para permitir comparações e para fazer previsões.

Recorde-se que a 'troika' na mais recente revisão do memorando de entendimento com o Governo português apresentou uma previsão de 15,5 por cento para a taxa desemprego em Portugal no total de 2012 sendo que também é esse o valor previsto para este ano pelo Governo que prevê que a taxa se agrave para 16 por cento em 2013.
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