Trabalhadores da Portway em greve nos aeroportos nacionais

por RTP
Piquete de greve junto ao aeroporto de Lisboa no início da greve de três dias. Miguel A. Lopes - Lusa

Os trabalhadores da Portway iniciam hoje uma greve de três dias nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal. O protesto é dos trabalhadores que prestam assistência em terra aos passageiros. Há registo de atrasos em vários voos e, em Lisboa, a carga não está a entrar nos aviões operados pela Portway.

A paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC). Os trabalhadores consideram que a empresa Portway não procedeu ao descongelamento das progressões nas carreiras como se havia comprometido no acordo de empresa assinado em 2016.

O documento, diz Fernando Simões, do SINTAC, previa que se houvesse resultados positivos em 2018, a empresa iria desbloquear as progressões na carreira.

O sindicato, em comunicado, acusa ainda a empresa de cortar abonos sociais e direitos adquiridos, com o intuito de “não baixar os seus lucros a fim de poder encher ainda mais os cofres do grupo Vinci”.
Atrasos e carga em terra
A greve poderá trazer constrangimentos nos aeroportos, sobretudo atrasos no check-in, embarque e desembarque, entrega de bagagens e atrasos nas partidas dos aviões.

Em Lisboa, há registo de vários voos a saírem com atraso.

De acordo com o sindicato, a adesão à greve na placa de Lisboa está a ser de 90%, enquanto em Faro, esse valor é de 85%. De acordo com Fernando Simões, no Porto, o impacto sente-se nos balcões de check-in fechados.

O SINTAC revela ainda que, em Lisboa, não há carga a entrar nos aviões operados pela Portway.

No Porto, o sindicato aponta para uma adesão nos balcões de 100%, enquanto na placa será de 50 a 60 por cento.


Greve pode ser desconvocada
O SINTAC sublinha, no entanto, que se empresa atender aceitar assinar, no Ministério do Trabalho, um documento em que se compromete a cumprir o estabelecido em 2016, então a greve é imediatamente desconvocada.

Fernando Simões garante, em entrevista à RTP, que se a Portway tivesse aceitado este acordo, “a greve nem tinha começado”.
O SINTAC entregou um novo pré-aviso de greve ao trabalho suplementar, banco de horas e fins de semana, entre 1 de janeiro e o final de março.
A Portway afirma que "cumpre escrupulosamente a lei e toda a regulamentação aplicável, tanto ao nível da legislação laboral como em termos de acordos e protocolos aplicáveis à empresa", pelo que "não reconhece fundamentos para esta paralisação".

"A Portway procedeu em novembro à aplicação das tabelas remuneratórias convencionadas e à aplicação das restantes condições remuneratórias previstas no Acordo de Empresa em vigor, o que representou um aumento médio de cerca de 8% nas remunerações", assinalou, em declarações à Lusa.

Recordou também que foi "desenvolvida a negociação de um novo acordo de empresa, que não foi possível assinar por indisponibilidade do SINTAC após fecho da negociação", mas a Portway "declarou, desde logo, a disponibilidade para diálogo futuro", que mantém "com todos os parceiros sociais", apelando para o "retomar das negociações no sentido de evitar esta paralisação".

O SINTAC questiona os números apresentados pela Portway, dizendo que os aumentos que houve foram apenas um aumento da tabela salarial de 1,5% e que os 8% que a empresa fala é o custo total do descongelamento dos salários, que não aconteceu. “Este já é o terceiro número avançado pela empresa. Já foi 4%, depois 6% e agora 8%. Vamos ver qual é o número amanhã”, disse Fernando Simões à RTP.

Segundo o SINTAC, a greve não tem serviços mínimos.
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