Lisboa, 07 nov (Lusa) -- Os trabalhadores da RTP questionam a Procuradora-Geral da República sobre a sequência que foi dada à participação feita em janeiro, por eventual violação de interesses dos cidadãos no processo de introdução da Televisão Digital Terrestre (TDT) em Portugal.
De acordo com o comunicado, a Comissão de Trabalhadores da RTP vai entregar, na quinta-feira, à Procuradora-Geral da República uma carta e documentos anexos, pedindo esclarecimentos sobre a sequência que foi dada à participação apresentada em janeiro, por eventual violação de interesses dos cidadãos no processo de introdução da TDT em Portugal.
Na semana passada, os trabalhadores da RTP consideraram que a estação pública "tem sido cúmplice dos ganhos indevidos que acumulam os operadores da televisão por cabo" no processo de apagamento do sinal analógico e passagem para a TDT.
Já hoje o presidente executivo da Portugal Telecom (PT) afirmou que "não há processo de corrupção nenhum" no caso da TDT e revelou que a operadora já processou o autor da tese de doutoramento que acusava a empresa dessa prática.
"Não há processo de corrupção nenhum, há uma tese de alguém que faz acusações e agora vamos deixar que o tribunal apure o que levou essa pessoa a dizer coisas muito graves e que atentam contra a honra da PT", disse Zeinal Bava à margem da conferência "Media do Futuro", organizada pela SIC Notícias e Expresso.
O presidente executivo da PT sublinhou que a polémica instalada não tem "nada a ver com a honestidade ou desonestidade intelectual" no relatório que foi escrito e que Zeinal garante não ter lido, mas sim com uma "acusação de corrupção à PT e à Anacom".
"Se nos acusam de ser corruptos, quem não sente não é filho de boa gente, por isso temos de deixar que os tribunais avaliem se houve essa corrupção e do que é que se trata, porque nós desconhecemos".
Zeinal Bava disse que se houver responsabilidades a apurar "as pessoas vão ter de assumir as consequências", referindo-se ao autor da tese.
"Não fomos favorecidos de jeito nenhum", sublinhou o gestor, reforçando que a PT "sente que não fez absolutamente nada".
O investigador da Universidade do Minho Sergio Denicoli afirmou na semana passada à Lusa que há "fortes indícios" de corrupção na implementação da TDT em Portugal e sublinhou que o processo foi conduzido de forma a "não funcionar".
"Houve uma TDT planeada muito diferente da que foi implementada. Foram prometidos, por exemplo, muitos canais, mas ficou-se apenas pelos quatro que já existiam no analógico. Isso ocorreu por interferências políticas e económicas, o que nos leva a crer que pode ter havido a captura do regulador pela Portugal Telecom [PT], ou seja, a ANACOM teria trabalhado em favor da PT", disse à Lusa o investigador.
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