O sindicato dos trabalhadores do principal aeroporto da Guiné-Bissau ameaçou hoje realizar uma greve de uma semana para reivindicar o pagamento de salários em atraso e denunciar a intenção do Governo de privatizar a empresa gestora das instalações.
Em comunicado, o sindicato refere que pretende iniciar a greve esta sexta-feira.
Os trabalhadores reivindicam o pagamento de sete meses de salários aos trabalhadores, bem como esclarecimentos do Governo relativo à privatização da empresa Assistência Aeroportuária da Guiné-Bissau (SAA) a uma empresa do Kuwait, acrescenta.
Em declarações aos jornalistas, o ministro dos Transportes, Jorge Mandinga, disse que a decisão de privatizar o aeroporto Osvaldo Vieira já tinha sido tomada por governos anteriores.
"Como devem saber a decisão de iniciar o processo de privatização da empresa SAA foi tomada pelo Governo de Aristides Gomes e a SAA é uma empresa privada. Agora o Estado vai sair e entregar o seu capital social a uma outra empresa", declarou o ministro.
Jorge Mandiga falou aos jornalistas quando acompanhava a visita do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, ao Ministério dos Transportes e Comunicações, Jorge Mandinga.
Na perspetiva do ministro, não se trata de privatizar uma empresa do Estado, mas a saída deste para permitir que um grupo com "maior conhecimento entre e faça melhor".
"Os trabalhadores serão certificados, o que quer dizer que vão passar a saber manejar os equipamentos modernos que vão ser instalados no aeroporto para dar maior segurança às aeronaves na sua navegação", declarou Jorge Mandinga.
O governante precisou que o assunto foi debatido na reunião do Conselho de Ministros e mereceu a anuência do Presidente guineense e que ficou determinado que os trabalhadores a serem dispensados serão indemnizados de acordo com o número de anos de trabalho.
O ministro dos Transportes e Comunicações disse que tem conhecimento da intenção da greve, mas adiantou que o sindicato e a administração da SAA estiveram reunidos hoje para analisar a possibilidade de "fazer abortar a greve".
Jorge Mandinga lembrou que o país observa uma situação de estado de calamidade sanitária decretada pelo Presidente da República, por causa da pandemia motivada pelo novo coronavirus.
"Só por isso não pode haver greve, como observou a ministra da Função Pública", defendeu Jorge Mandinga.