Varoufakis ruma quinta-feira a Berlim para se reunir com Wolfgang Schäuble

por RTP
Matt Dunham, Reuters

Yanis Varoufakis acaba de revelar que na agenda desta semana tem marcada para quinta-feira uma reunião em Berlim com Wolfgang Schäuble, o ministro alemão das Finanças. O anúncio chega numa altura em que se colocavam interrogações ao porquê de a Alemanha não constar do périplo dos responsáveis gregos por várias capitais europeias. Ainda esta terça-feira a chanceler Angela Merkel confirmava o seu mal-estar ao sublinhar que recusava reunir-se em privado com Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro grego.

O ministro das Finanças da Grécia anunciou esta tarde que vai reunir-se na quinta-feira com o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble. O encontro está marcado para Berlim.

Yanis Varoufakis falava em Roma, após um encontro de trabalho com o ministro italiano das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan. A capital italiana foi a terceira etapa de uma ronda que o levou primeiro a Paris, no domingo, onde se encontrou com o seu homólogo francês, Michel Sapin, e na segunda-feira a Londres, para encontros com o ministro das Finanças George Osborne e responsáveis da banca e da alta finança inglesa. George Osborne: “Na Europa, tal como no Reino Unido, temos de nos certificar de escolher a competência e não o caos”.

O ministro britânico confessaria após o encontro que o desacordo entre a Grécia e a zona euro são causa de inquietação e representa “a maior ameaça à economia mundial, sendo igualmente uma ameaça crescente para a Grã-Bretanha”.

Numa declaração ao canal Sky News, Osborne explicou ter defendido na reunião com Varoufakis que “todas as partes devem agir com responsabilidade, mas também é preciso que a zona euro adote um plano melhor para o emprego e crescimento”.

Este eixo de trabalho assente no crescimento parece começar a fazer caminho na agenda de encontros do ministro Yanis Varoufakis, como veio ao de cima novamente - já Barack Obama chamara a atenção para este ponto numa entrevista à CNN este domingo – durante o almoço de trabalho com o homólogo italiano, Pier Carlo Padoan.

“[Os dois países] têm um interesse comum e estão convencidos da importância de a Grécia caminhar para um crescimento sólido e sustentável através de um programa de reformas estruturais”, afirmou Padoan, sublinhando que “a atenção ao crescimento é prioritária para garantir a sustentabilidade da dívida grega e criar novos postos de trabalho no país que ajudem o povo grego a ultrapassar os problemas sociais causados pela crise”.
Varoufakis com viagem marcada para Berlim
Ainda em Roma, Yanis Varoufakis anunciou que na quinta-feira estará em Berlim para se reunir com Wolfgang Schäuble. Trata-se de um acerto da agenda grega depois das críticas que chegaram assim que se soube, no início da semana, que os representantes do Executivo grego apenas passariam por Paris, Londres, Bruxelas, Roma e Nicósia.

Varoufakis falava ainda da possibilidade de no futuro também Madrid, Helsínqua e Bratislava poderem vir a estar na rota de negociações. Sobre Berlim nem uma palavra, até hoje.Paris, Londres, Bruxelas, Roma e Nicósia eram inicialmente as paragens previstas.

Ainda em Itália, Varoufakis anunciou os acertos à sua rota: na quarta-feira vai reunir-se em Frankfurt com o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. Está previsto para esse dia que o BCE se pronuncie sobre um eventual apoio financeiro de emergência aos bancos gregos.

Quinta-feira, o chefe das finanças gregas viaja para a capital alemã. Em Berlim reúne-se com o homólogo alemão, Wolfgang Schäuble, num encontro que deverá esclarecer muito do que será o cenário que espera a Grécia no futuro próximo.

O anúncio surge numa altura em que Merkel procura mostrar que é imune aos esforços de Tsipras e Varoufakis para “venderem” as suas ideias aos líderes europeus. A chanceler fez saber que não aceita reunir-se em privado com o novo primeiro-ministro da Grécia e fontes do Governo alemão deixam escapar que Merkel não concorda com os planos de Alexis Tsipras, sendo esta uma forma isolar os representantes de Atenas.
Entre a dívida e o crescimento

O Executivo de Atenas procura um equilíbrio entre a negociação da dívida com os credores internacionais e a sustentabilidade política do seu programa eleitoral. No mesmo sentido, Barack Obama deixou clara a sua opção durante uma entrevista à cadeia de televisão CNN: “É difícil iniciar a mudança se o nível de vida das pessoas caiu 25%. No longo prazo, o sistema político, a sociedade não a suportam”.Barack Obama: "Quando temos uma economia que está em queda livre, é necessário que haja uma estratégia de crescimento e não apenas esforços no sentido de pressionar cada vez mais uma população que sofre cada vez mais".

Obama advertiu que “não é viável continuar a exercer pressão sobre os países que se encontram em plena depressão”.

“Chega um momento em que é necessário uma estratégia de crescimento para que possam pagar as suas dívidas”, acrescentou o presidente, para acrescentar que, se a prudência fiscal e as reformas são necessárias, “da experiência que nós temos com os Estados Unidos é que a melhor forma de reduzir os défices (…) é promovendo o crescimento”.

No início da semana a imprensa avançava a possibilidade de Bruxelas vir a negociar a “dissolução da troika”, promovendo conversações separadas em Atenas. O jornal espanhol El País adiantava aí que a Comissão Juncker terá já sondado vários parceiros europeus no sentido de aprovarem um alívio da dívida, através da ampliação de prazos, e uma pequena redução dos juros contemplada pelo Eurogrupo em 2012.
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