Ao segundo dia de audições, a privacidade foi uma vez mais o torno escolhido pelos representantes norte-americanos do Capitólio para trabalhar Mark Zuckerberg, depois de o presidente executivo do Facebook se ter sentado, na véspera, no Senado. Numa revelação inesperada em que se coloca nos sapatos das vítimas do escândalo escândalo Cambridge Analytica, a empresa britânica que usou uma aplicação para obter dados de 87 milhões de utilizadores do Facebook e depois usados nas presidenciais de 2016, Zuckerberg diz que também a sua informação pessoal estava entre esses dados.
“De cada vez que alguém decide partilhar alguma coisa no Facebook… existe aí um controle. Logo nesse momento. Não depois, algures nos settings (configurações), mas logo ali [nessa escolha do utilizador]”, declarou Zuckerberg perante os membros do comité da Energia e do Comércio, preocupados com a capacidade dos utilizadores de decidirem sobre a relação do seu perfil na interacção com terceiros e com o próprio Facebook.
Mas Frank Pallone, democrata de Nova Jérsia, viu um problema na tese de Zuckerberg: “Como é que os utilizadores podem ter controle sobre os seus dados quando o próprio Facebook não tem controle sobre os dados?”.
Com os pés assentes na defesa da política de privacidade da sua empresa, tal como na sessão da véspera no Senado, Zuckerberg viu-se no entanto obrigado a anuir quando – numa pergunta quase provocatória para quebrar essa postura – foi questionado sobre se os seus próprios dados tinham sido usados pela Cambridge Analytica.
“Sim “, afirmou um Zuckerberg lacónico, sem acrescentar detalhes. O presidente executivo parecia antes preferir uma peroração vazia sobre nova regulação, sem qualquer acrescento sobre a sua disposição para apoiar a criação de regulação para enfrentar os problemas da rede, em particular o pacote Honest Ads Act.
Daniel Pessoa e Costa, Guilherme Brízido - RTP
“É indiscutível a necessidade de implementar alguma regulação”, declarava, mas os membros da câmara, desagradados relativamente aos escassos quatro minutos de que dispunham para interrogar Zuckerberg, preferiam declarações mais perentórias.
“Não posso deixá-lo discorrer (filibuster, obstruir o debate, na declaração original) sobre o assunto”, cortou Marsha Blackburn, representante democrata do Tennessee.
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