Passos aventa escolha de "independente" para as Finanças

por RTP
"Seremos absolutamente transparentes e rigorosos. Não haverá uma agenda secreta", garante Passos Coelho Miguel A. Lopes, Lusa

A pasta das Finanças no governo de coligação entre PSD e CDS-PP vai para “um independente” sem historial de filiações partidárias, revela Pedro Passos Coelho ao Financial Times. Em declarações conhecidas no dia em que foi indigitado para o cargo de primeiro-ministro, o líder social-democrata faz também a antevisão de “dois anos terríveis” e admite temer que a equipa de José Sócrates lhe tenha legado “surpresas” nas contas públicas.

O nome é, por ora, uma incógnita. O perfil está traçado. O sucessor de Fernando Teixeira dos Santos no Ministério das Finanças vai ser “um independente”. E uma das primeiras medidas a pôr em prática pelo governo de Pedro Passos Coelho vai ser a criação de uma agência de avaliação das contas do Estado. O organismo, adianta o primeiro-ministro indigitado ao Financial Times, será “completamente independente do Governo e do Parlamento” e integrará “pelo menos dois peritos estrangeiros”.

Nas declarações reproduzidas pelo jornal britânico, Passos Coelho avisa, por outro lado, que Portugal tem por diante “dois anos terríveis de recessão profunda e desemprego recorde”. Um quadro que impõe “um programa de austeridade muito rigoroso e reformas estruturais” alargadas a toda a estrutura do Estado. A redução do défice passará por uma nova arrumação dos setores da Justiça e da Educação. E por um amplo plano de privatizações, desde logo da RTP, “deixando apenas um canal de serviço público não comercial”, e de "até 49 por cento" das Águas de Portugal, salienta o Financial Times.

“Não há alternativa”, afirma o presidente do PSD, para deixar vincado que o programa de austeridade “não pode falhar”. Caso o país deixe por cumprir os compromissos assumidos com o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia, reforça Pedro Passos Coelho, não haverá forma de voltar em 2013 aos mercados. O que deixará Portugal a par da Grécia. Ainda assim, o sucessor de José Sócrates salienta que uma das diferenças entre portugueses e gregos é que 80 por cento dos eleitores de Portugal votaram nas três forças políticas que assinaram o entendimento com a troika.

O Financial Times escreve que Passos Coelho terá de cumprir as determinações de um pacote de resgate que impõe um corte do défice orçamental de nove por cento em 2010 para três por cento em 2013. A que se soma “a introdução de reformas estruturais nunca antes tentadas”.

O primeiro-ministro indigitado volta a dizer-se preparado para ir mais longe e antecipar os objetivos de redução do défice das contas públicas. Contudo, confessa temer que o novo governo venha a encontrar “surpresas” deixadas pelos socialistas.
pub