PS de Seguro sela lista paritária para as eleições europeias

A Comissão Política Nacional do PS aprovou na última noite, por unanimidade, a lista desenhada pela direção de António José Seguro para as eleições europeias, um grupo de candidatos que, pela primeira vez, estabelece a paridade entre homens e mulheres. E foi esse o elemento que o líder socialista quis destacar após a reunião partidária, falando mesmo de “um dia histórico” para o regime democrático. Já o cabeça-de-lista social-democrata Paulo Rangel não tardou em acusar o Rato de se “reconciliar” agora com o “despesismo”, ao submeter a sufrágio nomes das governações de José Sócrates e António Guterres.

RTP /
O líder do PS destacou “a importância de, pela primeira vez na história da democracia, um partido na área da governação apresentar uma lista paritária, metade homens, metade mulheres” Miguel A. Lopes, Lusa

“Para todos os defensores da igualdade de género é um dia histórico na nossa democracia”, clamou Seguro após a reunião da Comissão Política Nacional do PS que selou a lista do partido para as eleições de 25 de maio.
“Nós apresentámos esta lista ao país. É a nossa responsabilidade e eu considero que cumpri com o meu dever”, disse ontem à noite o líder do PS.


Dizendo-se “muito satisfeito” com a aprovação unânime daquele órgão socialista, o líder da maior força política da oposição quis “destacar a importância de, pela primeira vez na história da democracia, um partido na área da governação apresentar uma lista paritária, metade homens, metade mulheres”.

António José Seguro sustentou, em seguida, que o que o PS “oferece” ao eleitorado português é “uma lista de enorme qualidade e sobretudo que aposta em áreas fundamentais para o nosso país”: “A criação de emprego, a necessidade de completar e equilibrar a união económica e monetária, a prioridade ao mar, que é muito importante quando Portugal tem uma candidatura nas Nações Unidas para alargar a sua zona económica exclusiva”.

O secretário-geral socialista acrescentaria ao conjunto de “áreas fundamentais” a política de energia, “no que isso representa de a Europa ter energia própria e ter uma política autónoma que ajude a tornar mais competitivas as economias”.
Entradas e saídas

A lista agora aprovada tem como número um Francisco Assis, seguindo-se Maria João Rodrigues, antiga ministra de António Guterres e atualmente conselheira da União Europeia. Pedro Silva Pereira, antigo ministro da Presidência na governação de José Sócrates, surge em sétimo lugar.

Carlos Zorrinho, ex-líder da bancada parlamentar socialista, é o número três. Mantêm-se em posições elegíveis as eurodeputadas Elisa Ferreira (quarta na lista) e Ana Gomes (sexta). O açoriano Ricardo Serrão Santos, especialista em assuntos do mar, é quinto, a docente universitária madeirense Liliana Rodrigues é oitava, Manuel dos Santos é nono, Maria Amélia Antunes é décima e José Junqueiro ocupa a 11ª posição.

No 21.º lugar da lista do PS, o derradeiro dos efetivos, está o ensaísta Eduardo Lourenço. Deixam o Parlamento Europeu Vital Moreira, Edite Estrela, Capoulas Santos e Correia de Campos.
“Tradição de gastador”
Quem não perdeu tempo a atacar as escolhas socialistas foi o social-democrata Paulo Rangel, que apontou o dedo à inclusão de nomes “importantíssimos” das governações de Sócrates e Guterres. O cabeça-de-lista da coligação entre PSD e CDS-PP estimou mesmo que a lista “reconcilia o PS” com o “despesismo e tradição de gastador”.

“Esta lista é composta por pessoas que foram rostos importantíssimos das políticas de José Sócrates e de António Guterres, das políticas do despesismo, que trouxeram o país à bancarrota”, atacou o candidato laranja, para quem o conjunto de adversários socialistas “não augura nada de bom”.


Foto: Nuno André Ferreira, Lusa

Em declarações recolhidas pela agência Lusa, à margem de uma conferência do PSD na Maia com o tema “Portugal e a Europa”, Rangel afirmou também que “o PS dá todos os dias sinais errados”.

“Um dia diz uma coisa, outro dia faz outra. O PS diz que até queria um comportamento responsável e às tantas não poderia repor os salários e as pensões e, portanto, mostrava alguma responsabilidade orçamental e no dia seguinte apresenta uma lista em que estão os principais responsáveis do descalabro das finanças públicas do país”, insistiu.
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