Europa ainda sem resposta unificada para dar à Grécia

por Christopher Marques, RTP
Alexis Tsipras pretende obter uma extensão do empréstimo mas rejeita que este venha acompanhado pelas condições impostas no memorando de entendimento. François Lenoir, Reuters

Atenas vai pedir um prolongamento por seis meses do empréstimo. No entanto, Alexis Tsipras reafirma que não o quer acompanhado das condições impostas no memorando de entendimento. A Europa responde com prudência e diz que quer ver o documento por escrito. Mas Schaüble já refutou essa possibilidade.

Prudência em Bruxelas: depois de anunciada a pretensão helénica de pedir uma extensão do empréstimo, a Comissão Europeia afirma que quer aguardar a apresentação do documento antes de se pronunciar. O pedido formal deverá ser apresentado esta quinta-feira, dia em que um grupo de trabalho do Eurogrupo vai reunir.

O documento será primeiramente enviado ao presidente do Eurogrupo e posteriormente analisado no Euro Working Group, um encontro de altos funcionários da Zona Euro agendado para quinta-feira. Caso o pedido helénico seja considerado válido, haverá lugar a uma conversa telefónica entre os ministros das Finanças da Zona Euro, a ser concretizada na sexta-feira.
Fontes próximas do Governo grego revelaram à Reuters que o pedido de prolongamento é feito com base no documento apresentado pelo comissário europeu Pierre Moscovici.

Atenas afirma que  tinha conseguido chegar a entendimento com Moscovici, mas o rascunho foi descartado pelos ministros das Finanças da Zona Euro na reunião de segunda-feira.

“Precisamos em primeiro lugar de ver o documento da Grécia e o que eles pedem. Apenas a partir desse momento estaremos preparados para comentar”, afirmou o vice-presidente da Comissão, responsável pela pasta do Euro e assuntos sociais.

Valdis Dombrovskis sublinhou que a expressão “financiamento” pode ter diferentes significados e que tudo estará dependente do “sentido e substância” apresentados na proposta helénica.

“O que está claro no seio do Eurogrupo é que a via a seguir é a da extensão do programa de ajuda em curso com flexibilidade para discutir os termos” do acordo, continuou o vice-presidente.
Gabriel saúda, Schaüble rejeitaDepois da resposta mais ríspida de Schäuble, coube ao ministro alemão da Economia apresentar uma face mais acolhedora à proposta de Varoufakis e Tsipras. Sigmar Gabriel saúda o gesto de Atenas.

“É positivo que o Governo grego tenha decidido ter em conta os interesses gregos e não apenas os do seu próprio partido”, disse o dirigente germânico, realçando que o processo negocial para um novo programa é “a única forma de conseguir progressos”.

Uma reação positiva que contrasta com a saudação vinda do Ministério das Finanças. O porta-voz reiterou que um prolongamento do empréstimo não pode ser separado de um compromisso com as reformas, dando continuidade à opinião expressa por Wolfgang Schaüble na terça-feira.

A questão “não é sobre o prolongamento do empréstimo, mas sim sobre se este programa de resgate será cumprido: sim ou não”, tinha garantido o ministro das Finanças da Alemanha em entrevista à ZDF.

Do outro lado do Reno, o Governo francês apela a que os dirigentes europeus e Atenas consigam chegar a um acordo antes do fim da semana, precisamente o prazo dado pelo Eurogrupo na segunda-feira.

“O objetivo da França é que se chegue a um acordo com a Grécia até ao fim da semana, que permita ter em conta quer o voto dos gregos como o respeito pelas regras europeias”, declarou o ministro das Finanças, Michel Sapin.

Também os Estados Unidos apelaram à Grécia para que consiga chegar a um consenso com as autoridades europeias. Durante uma conversa telefónica com Yanis Varoufakis, o secretário de Estado do Tesouro alertou para as consequências de não ser alcançado um acordo.
pub