Atenas vai pedir um prolongamento por seis meses do empréstimo. No entanto, Alexis Tsipras reafirma que não o quer acompanhado das condições impostas no memorando de entendimento. A Europa responde com prudência e diz que quer ver o documento por escrito. Mas Schaüble já refutou essa possibilidade.
O documento será primeiramente enviado ao presidente do Eurogrupo e posteriormente analisado no Euro Working Group, um encontro de altos funcionários da Zona Euro agendado para quinta-feira. Caso o pedido helénico seja considerado válido, haverá lugar a uma conversa telefónica entre os ministros das Finanças da Zona Euro, a ser concretizada na sexta-feira.
Fontes próximas do Governo grego revelaram à Reuters que o pedido de prolongamento é feito com base no documento apresentado pelo comissário europeu Pierre Moscovici.
Atenas afirma que tinha conseguido chegar a entendimento com Moscovici, mas o rascunho foi descartado pelos ministros das Finanças da Zona Euro na reunião de segunda-feira.
“Precisamos em primeiro lugar de ver o documento da Grécia e o que eles pedem. Apenas a partir desse momento estaremos preparados para comentar”, afirmou o vice-presidente da Comissão, responsável pela pasta do Euro e assuntos sociais.
Valdis Dombrovskis sublinhou que a expressão “financiamento” pode ter diferentes significados e que tudo estará dependente do “sentido e substância” apresentados na proposta helénica.
“O que está claro no seio do Eurogrupo é que a via a seguir é a da extensão do programa de ajuda em curso com flexibilidade para discutir os termos” do acordo, continuou o vice-presidente.
Gabriel saúda, Schaüble rejeitaDepois da resposta mais ríspida de Schäuble, coube ao ministro alemão da Economia apresentar uma face mais acolhedora à proposta de Varoufakis e Tsipras. Sigmar Gabriel saúda o gesto de Atenas.
“É positivo que o Governo grego tenha decidido ter em conta os interesses gregos e não apenas os do seu próprio partido”, disse o dirigente germânico, realçando que o processo negocial para um novo programa é “a única forma de conseguir progressos”.
Uma reação positiva que contrasta com a saudação vinda do Ministério das Finanças. O porta-voz reiterou que um prolongamento do empréstimo não pode ser separado de um compromisso com as reformas, dando continuidade à opinião expressa por Wolfgang Schaüble na terça-feira.
A questão “não é sobre o prolongamento do empréstimo, mas sim sobre se este programa de resgate será cumprido: sim ou não”, tinha garantido o ministro das Finanças da Alemanha em entrevista à ZDF.
Do outro lado do Reno, o Governo francês apela a que os dirigentes europeus e Atenas consigam chegar a um acordo antes do fim da semana, precisamente o prazo dado pelo Eurogrupo na segunda-feira.
“O objetivo da França é que se chegue a um acordo com a Grécia até ao fim da semana, que permita ter em conta quer o voto dos gregos como o respeito pelas regras europeias”, declarou o ministro das Finanças, Michel Sapin.
Também os Estados Unidos apelaram à Grécia para que consiga chegar a um consenso com as autoridades europeias. Durante uma conversa telefónica com Yanis Varoufakis, o secretário de Estado do Tesouro alertou para as consequências de não ser alcançado um acordo.