Líderes europeus preocupados com programa nuclear iraniano

Os MNE de Alemanha, a França e a Grã-Bretanha manifestaram preocupação com a finalidade do programa iraniano depois da reunião com o chefe da diplomacia da República Islâmica que contou também com a participação da União Europeia.

RTP /

As lideranças europeias mostraram-se preocupados com a ideia de um programa nuclear com fins civís, que acham impraticável, e dizem desejar novo encontro com os iranianos. A Alemanha, a França e a Grã-Bretanha exortaram na sexta-feira o Irão a continuar o caminho diplomático "sem esperar pelo fim do conflito" para resolver a delicada questão do seu programa nuclear, enquanto Israel prossegue os seus bombardeamentos contra a República Islâmica.

Por agora, Teerão mantém as suas posições, exigindo previamente a paragem dos ataques israelitas.

Os chefes da diplomacia dos três países, Johann Wadephul, Jean-Noël Barrot, David Lammy, bem como a chefe da diplomacia europeia Kaja Kallas, iniciaram discussões na sexta-feira em Genebra com o seu homólogo iraniano Abbas Araghchi, uma semana após o início dos ataques israelitas.

"O resultado positivo hoje é que saímos da sala com o sentimento de que o Irão está fundamentalmente pronto para continuar a discutir todas as questões importantes para nós, europeus", declarou o ministro alemão Johann Wadephul.

O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, afirmou que os europeus estavam "ansiosos por continuar as discussões e as negociações em curso com o Irão".

"Exortamos o Irão a prosseguir as suas discussões com os Estados Unidos".

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, afirmou por sua vez que não poderia haver "uma solução definitiva pela via militar para o problema do nuclear iraniano".

Os Estados Unidos e o Irão tinham iniciado vários rondas de negociações, interrompidas a 13 de junho, quando Israel lançou um ataque aéreo maciço contra o Irão, visando o seu programa nuclear, desencadeando uma resposta iraniana. Desde então, os ataques israelitas ao Irão e os disparos de mísseis iranianos contra o território israelita sucedem-se.

“Convidamos o ministro iraniano a considerar negociações com todas as partes, incluindo os Estados Unidos, e sem esperar pela cessação dos ataques que pedimos de outro modo”, sublinhou Jean-Noël Barrot.

O homólogo iraniano respondeu de imediato que o Irão estava pronto a “considerar” a diplomacia “uma vez que a agressão tivesse cessado”: “Estamos favoráveis à continuação das discussões com o E3 (Alemanha, França, Reino Unido) e a União Europeia”, declarou também o ministro aos jornalistas após o seu encontro com os chefes da diplomacia francesa, britânica e alemã e da UE na cidade suíça.

Enquanto esta reunião ocorria, Israel afirmou que tinha de se preparar para uma “campanha prolongada” contra o Irão.

"Lançámos a campanha mais complexa da nossa história (...) devemos estar preparados para uma campanha prolongada", afirmou o tenente-general Eyal Zamir numa mensagem em vídeo dirigida aos "cidadãos de Israel".

"O ministro iraniano manifestou a sua disposição para que possamos continuar a conversa das discussões que se abriram hoje", afirmou Jean-Noël Barrot durante uma conferência de imprensa separada.

"Ele manifestou também a sua disposição para que os europeus possam facilitar as trocas com outras partes, incluindo os Estados Unidos da América".

Antes, o presidente francês, Emmanuel Macron, havia informado que os europeus iriam apresentar uma "oferta de negociação completa", nomeadamente sobre a questão nuclear.
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