Montenegro promete a Zelensky obter "máximo apoio internacional" para Cimeira da Paz

por RTP
Sergey Dolzhenko - EPA

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, confirmou na quarta-feira ao presidente ucraniano, durante uma conversa telefónica, a presença de Portugal na Cimeira da Paz e assegurou o seu esforço para garantir “o máximo apoio internacional”, revelou Volodymyr Zelensky.

Estou grato ao primeiro-ministro Montenegro por confirmar a presença de Portugal e por me garantir que o seu país utilizará os seus contactos para garantir o máximo apoio internacional para a Cimeira da Paz”, referiu o chefe de Estado ucraniano, numa publicação na rede social X.

Segundo Zelensky, a cimeira sobre a fórmula da paz proposta por Kiev para a resolução do conflito com a Rússia, que decorrerá em 15 e 16 de junho na Suíça, foi discutida “em detalhe” pelos dois governantes.

“Tem o potencial de ser o primeiro passo para restaurar uma paz justa”, frisou o Presidente ucraniano.

A fórmula de paz de Zelensky baseia-se no pressuposto de que a solução para o atual conflito com a Rússia surgirá quando Moscovo abandonar os territórios ucranianos que ocupa e a soberania e a integridade territorial da Ucrânia forem restauradas.

O porta-voz da Presidência ucraniana tinha adiantado na quarta-feira que Zelensky tinha cancelado todas as viagens ao estrangeiro nos próximos dias numa altura em que a Ucrânia enfrenta uma nova ofensiva russa na região de Kharkiv.
Zelensky adiantou ainda que informou Montenegro “sobre a situação da linha de frente e as tentativas da Rússia de expandir a guerra”.

Toda a atenção está agora focada nas nossas operações defensivas em curso e no contacto com os militares, necessitando do adiamento de todas as visitas estrangeiras”, acrescentou.

O anúncio de Kiev foi feito depois de as autoridades espanholas terem anunciado anteriormente uma visita de Zelensky a Madrid e de o Governo português ter dito que também estava em preparação uma deslocação a Lisboa.Cancelamento da viagem de Zelensky mostra gravidade da situação
O cancelamento da visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mostra a “gravidade da situação” na Ucrânia, argumentam fontes diplomáticas europeias, quando a União Europeia (UE) avança para novo pacote de sanções à Rússia.

Sabemos que a situação no país é bastante grave e é por isso que continuamos a apoiar e há muitas iniciativas em curso, […] mas é evidente que a situação no terreno é bastante problemática – não vamos esconder que isso é verdade – e o facto de Volodymyr Zelensky ter cancelado qualquer visita [incluindo a Portugal e Espanha] mostra a gravidade da situação”, declarou um alto funcionário europeu falando com jornalistas europeus em Bruxelas.

“Estamos a continuar a apoiar a Ucrânia. Penso que o que vimos na semana passada e que será confirmado na próxima semana, no que se refere à utilização dos lucros inesperados dos ativos congelados [russos], mostra a nossa determinação em manter apoio contínuo”, acrescentou a mesma fonte diplomática europeia.Rússia intensificou ataques em Kharkiv
A Rússia lançou na passada sexta-feira uma ofensiva surpresa contra a região de Kharkiv, cuja capital, com o mesmo nome e a segunda maior cidade da Ucrânia, está localizada perto da fronteira entre os dois países.

A presidência ucraniana anunciou o envio de reforços para a região de Kharkiv, depois de uma parte das forças ter sido retirada de algumas posições devido aos avanços significativos das tropas russas.

“Foram enviadas forças adicionais e estão disponíveis reservas”, anunciou o porta-voz Zelensky, após uma reunião entre o presidente ucraniano e o comandante-chefe das forças ucranianas, Oleksandre Syrsky, citado pela AFP.

Na quarta-feira, os confrontos mais ativos estavam a ocorrer em Lukianti e Vovchansk, a norte de Kharkiv, onde as tropas russas conseguiram penetrar na semana passada pela primeira vez desde o início da invasão, no final de fevereiro de 2022.Os avanços russos na região levaram à deslocação de mais de 7.500 pessoas nos últimos dias, incluindo mais de 560 crianças.

Zelensky pediu na terça-feira aos Estados Unidos o envio de dois sistemas de mísseis “Patriot” para defender Kharkiv durante uma reunião em Kiev com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

c/Lusa
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