Donald Trump falou com Vladimir Putin antes de reunir com Volodymyr Zelensky

O presidente norte-americano, Donald Trump, revelou que conversou ao telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, antes do seu encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, este domingo

Graça Andrade Ramos - RTP /
Donald Trump falou com Vladimir Putin antes de reunir com Volodymyr Zelensky Jessiva Koscielniak - Reuters

A conversa foi "boa e muito produtiva", referiu, numa publicação na sua rede Truth Social, sem dar mais detalhes. O encontro com o presidente ucraniano está previsto para a Florida, ainda hoje, e irá focar-se nos planos de paz apresentados por Trump e revistos nos termos de Kiev e de Moscovo.

"Acabei de ter uma boa e produtiva conversa telefónica com o presidente russo Vladimir Putin antes do meu encontro de hoje, às 13h00, com o presidente ucraniano Zelensky", escreveu o presidente norte-americano na sua rede social.

O telefonema com Putin ocorreu menos de duas horas antes do seu encontro agendado com Zelensky. 

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou o contacto, sem revelar pormenores.

Washington e Moscovo "partilham a opinião" de que um cessar-fogo temporário "apenas prolongaria o conflito", referiu depois o Kremlin, levantando o véu sobre o eventual recado que Trump irá dar a Zelensky. Instou também Kiev a tomar "uma decisão corajosa" sobre o Donbass, para "pôr fim" à guerra.

O Kremlin acrescentou que os dois presidentes, russo e norte-americano, voltarão a falar ao telefone após o encontro do norte-americano com o ucraniano.

O encontro entre Trump e Zelensky será o primeiro entre os dois líderes desde outubro, quando o presidente ucraniano tentou, sem sucesso, obter mísseis Tomahawk do seu homólogo norte-americano.

Também nessa ocasião, Trump falou antes com Putin. Na altura ficou marcada uma cimeira em Budapeste, que não se realizou depois de Moscovo recuar no acordado dias antes.O que pretende Zelensky
Desta vez, Volodymyr Zelensky procura a aprovação de Donald Trump para uma nova versão do plano de paz para a Ucrânia, apresentado por Washington há quase um mês.

O presidente ucraniano divulgou o documento revisto esta semana, após duras negociações exigidas por Kiev, que considerou a versão inicial muito próxima das exigências russas.

A nova versão propõe o congelamento das linhas da frente nas posições atuais, sem oferecer uma solução imediata para as reivindicações territoriais da Rússia, que controla aproximadamente 20 por cento da Ucrânia.

O novo documento abandona também duas exigências-chave do Kremlin: a retirada das tropas ucranianas da região de Donetsk e um compromisso juridicamente vinculativo da Ucrânia de não aderir à NATO.

O acolhimento que Donald Trump dará a Zelensky está rodeado de incertezas. O chefe de Estado ucraniano não receberá "nada até que eu aprove", disse o presidente norte-americano ao site Politico na sexta-feira, preparando o terreno para o encontro.

Ainda assim, Donald Trump manifestou confiança. "Acho que tudo correrá bem com ele".
"Obstáculo à paz"

Um porta-voz de Zelensky confirmou que os dois presidentes, norte-americano e ucraniano, irão falar igualmente com os líderes europeus numa chamada telefónica. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou na mesma altura que, a paz na Ucrânia deve preservar a "soberania" e a "integridade territorial" ucranianas.

Este sábado, vários líderes europeus criticaram o ataque da madrugada de dia 27 contra Kiev, que fez vários mortos e feridos e tornou inoperacionais as ligações eletricas, deixando durante duas horas um milhão de casas sem aquecimento e os seus habitantes à mercê de temperaturas negativas.

O presidente francês, Emmanuel Macron, referiu que o bombardeamento, com mísseis e drones, prova que Moscovo não está interessado na paz.

Por sua vez, no sábado, o presidente russo afirmou que, "se as autoridades em Kiev não quiserem resolver esta disputa pacificamente, resolveremos todos os problemas que enfrentamos pela força militar".

Para a Rússia, que encontrou em Donald Trump um aliado eficaz para algumas das suas reivindicações, "a Europa e a União Europeia tornaram-se o principal obstáculo à paz", segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov.

com agências
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