Mundo
Guerra na Ucrânia
"Não sairemos sem decisão". Líderes da UE discutem futuro da Ucrânia em cimeira que promete ser dura
Os líderes da União Europeia estão reunidos em Bruxelas para discutir o apoio financeiro à Ucrânia em 2026 e 2027. A reunião do Conselho Europeu que conta com a participação de Volodymyr Zelensky.
O presidente ucraniano está em Bruxelas, esta quinta-feira, para um encontro considerado decisivo para o futuro da Ucrânia. Os 27 líderes europeus vão tentar um acordo sobre a forma de financiar o apoio a Kiev, decidindo se aprovam um empréstimo de reparações com base nos ativos russos imobilizados, rejeitado pela Bélgica.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional, a Ucrânia precisa de cerca de 137 mil milhões de euros para os próximos dois anos. Dada a urgência de assegurar verbas para os próximos dois anos, há duas alternativas em cima da mesa: a aprovação de um empréstimo com base nos bens da Rússia congelados no espaço comunitário - a opção que requer mais apoio, maioria qualificada e menos esforço orçamental, apesar da oposição belga - ou a emissão de dívida conjunta - que não é apoiada por todos e exige unanimidade. Jornal da Tarde | 18 de dezembro de 2025
"Não se trata apenas de números", disse a presidente da Comissão Europeia, antes da cimeira. "Trata-se também de reforçar a capacidade da Ucrânia para garantir uma verdadeira paz - uma paz justa, duradoura, que proteja a Ucrânia e, por conseguinte, proteja também a Europa”. A reunião do Conselho Europeu começa esta quinta-feira e pode prolongar-se por dois ou três dias, até que haja uma decisão, sendo que por agora as opiniões estão divididas entre os líderes europeus.
Ursula von der Leyen pediu aos líderes dos países da UE que cheguem a um acordo sobre o financiamento para o Ucrânia em 2026 e 2026, antevendo “negociações muito intensas” durante o dia de hoje.
“Tem de haver uma solução hoje, apoio o que disse o presidente do Conselho Europeu [António Costa], não vamos sair daqui sem uma solução”, disse Ursula von der Leyen.
Falhar acordo seria "grande problema”
O presidente ucraniano admitiu que falta de um acordo sobre o uso dos ativos russos congelados representaria um sério desafio para a Ucrânia.
“Vou conversar com todos os líderes, apresentar os nossos argumentos e espero sinceramente que possamos obter uma decisão positiva. Sem ela, haverá um grande problema para a Ucrânia”, afirmou aos jornalistas, em Bruxelas.
Zelensky acrescentou que sem essa decisão serão negados cerca de 90.000 milhões de euros que podiam ser utilizados para suprir as necessidades financeiras do país e resistir à invasão russa nos próximos dois anos.
Visão partilhada por Kaja Kallas. A alta representante para os Negócios Estrangeiros insistiu, antes de se iniciar a reunião do Conselho Europeu, na aprovação da proposta para utilizar os recursos russos imobilizados para financiar a Ucrânia, advertindo que “Putin está a contar com o fracasso” da União Europeia.
“Avançar com esta proposta legislativa significa que todos vamos suportá-la […], Putin está a contar com o nosso fracasso hoje, não devíamos dar-lhe isso”, disse Kallas, à entrada para a reunião, a última de 2025.
A Bélgica é o país da UE com mais ativos deste tipo e Kaja Kallas disse compreender que “esteja a ser pressionada por vários países europeus e também pelos Estados Unidos da América”, mas advertiu que o 'peso' da decisão vai ser suportado pelos 27: “Por isso é que a proposta é europeia.”
“A unidade é a nossa força e precisamos de uma solução hoje”, insistiu.
Bélgica quer que riscos legais sejam partilhados com outros países
Antes da reunião do Conselho Europeu, o primeiro-ministro belga discursou no Parlamento belga, dizendo aos deputados que a Bélgica continua preocupada com qualquer plano que a deixasse exposta a riscos legais por parte da Rússia. Por isso, Bart de Wever exigiu fortes garantias de que esse risco seja partilhado com outros países.
“Precisamos de um paraquedas antes de saltar. Se nos pedirem para saltar, saltamos todos juntos”, disse em declarações citadas pelo Le Soir.
O chefe de Governo belga reconheceu que “tudo pode mudar no último minuto”, mas ainda havia problemas com o texto proposto. De Wever esclareceu, contudo, que a discordância era sobre "como", e não "se" a Ucrânia devia ser financiada, ressaltando a urgência desse desafio.
Macron confiante de que UE chegue a consenso
"Quero voltar a sublinhar a importância, primeiro, de imobilizar os ativos russos que foram congelados", afirmou o Emmanuel Macron, acrescentando que é preciso "dar visibilidade aos ucranianos para financiar o seu esforço de guerra".
O presidente francês manifestou estar confiante na capacidade da UE de chegar a um acordo para financiar o esforço de guerra da Ucrânia, ao chegar à cimeira em Bruxelas.
"Estou confiante de que encontraremos uma solução porque os europeus estão unidos no seu compromisso de continuar" o apoio a Kiev, afirmou Emmanuel Macron, recordando que a Europa deve continua a demonstrar ser capaz de se proteger.
O presidente francês acredita que a melhor opção é o recurso aos ativos russos: “é a decisão que devemos tomar”.
“Precisamos unir todos” e encontrar uma posição conjunta, sublinhou, acrescentando que é importante continuar as negociações de paz. Os líderes europeus querem “apresentar um pacote de financiamento” para a Ucrânia e, na ótica de Macron, “é muito importante encontrarmos o compromisso certo”.
“Estou confiante de que o encontraremos”, repetiu, reforçando que a posição europeia é “muito clara”, com os europeus a apoiar a Ucrânia neste esforço de guerra, enquanto tentam ajudar com financiamento e no caminho para “uma paz robusta e sólida”.
Hungria teme que uso de ativos russos conduza à guerra na UE
O primeiro-ministro húngaro considerou que usar os ativos russos congelados na União Europeia vai conduzir à guerra e que não quer ver a União Europeia em guerra.
“Usar o dinheiro [congelado na UE] significa guerra”, referiu, em declarações aos jornalistas à entrada do Conselho Europeu. “Não quero ver uma União Europeia que esteja em guerra”.
Orbán acrescentou ainda que a possibilidade de utilizar fundos russos que chegam à maturidade para financiar a Ucrânia “está morta”.
Cimeira só terminará com decisão
O presidente do Conselho Europeu assegurou que a cimeira só acaba quando houver uma decisão sobre o financiamento à Ucrânia para os próximos dois anos e defendeu a proposta de utilização dos recursos russos imobilizados nos países da União Europeia.
“Vai ser um Conselho [Europeu] árduo […], posso assegurar-lhes que não sairemos sem uma decisão” sobre o financiamento à Ucrânia, disse António Costa, à entrada para a última reunião do Conselho Europeu de 2025, em Bruxelas.
O ex-primeiro-ministro de Portugal insistiu que é necessário “assegurar as necessidades de financiamento da Ucrânia em 2026 e 2027” e apontou a proposta da Comissão Europeia – de utilizar os ativos russos congelados nos países da UE – como a solução mais credível para o fazer.
“Estamos a trabalhar muito bem, vamos continuar a fazê-lo hoje e, se necessário, amanhã, mas não sairemos daqui sem uma solução”, insistiu. António Costa acrescentou que também quer abordar o alargamento da UE a outros países, considerando que é o “investimento geopolítico mas importante” que o bloco político-económico europeu pode fazer.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional, a Ucrânia precisa de cerca de 137 mil milhões de euros para os próximos dois anos. Dada a urgência de assegurar verbas para os próximos dois anos, há duas alternativas em cima da mesa: a aprovação de um empréstimo com base nos bens da Rússia congelados no espaço comunitário - a opção que requer mais apoio, maioria qualificada e menos esforço orçamental, apesar da oposição belga - ou a emissão de dívida conjunta - que não é apoiada por todos e exige unanimidade. Jornal da Tarde | 18 de dezembro de 2025
"Não se trata apenas de números", disse a presidente da Comissão Europeia, antes da cimeira. "Trata-se também de reforçar a capacidade da Ucrânia para garantir uma verdadeira paz - uma paz justa, duradoura, que proteja a Ucrânia e, por conseguinte, proteja também a Europa”. A reunião do Conselho Europeu começa esta quinta-feira e pode prolongar-se por dois ou três dias, até que haja uma decisão, sendo que por agora as opiniões estão divididas entre os líderes europeus.
Ursula von der Leyen pediu aos líderes dos países da UE que cheguem a um acordo sobre o financiamento para o Ucrânia em 2026 e 2026, antevendo “negociações muito intensas” durante o dia de hoje.
“Tem de haver uma solução hoje, apoio o que disse o presidente do Conselho Europeu [António Costa], não vamos sair daqui sem uma solução”, disse Ursula von der Leyen.
Falhar acordo seria "grande problema”
O presidente ucraniano admitiu que falta de um acordo sobre o uso dos ativos russos congelados representaria um sério desafio para a Ucrânia.
“Vou conversar com todos os líderes, apresentar os nossos argumentos e espero sinceramente que possamos obter uma decisão positiva. Sem ela, haverá um grande problema para a Ucrânia”, afirmou aos jornalistas, em Bruxelas.
Zelensky acrescentou que sem essa decisão serão negados cerca de 90.000 milhões de euros que podiam ser utilizados para suprir as necessidades financeiras do país e resistir à invasão russa nos próximos dois anos.
Visão partilhada por Kaja Kallas. A alta representante para os Negócios Estrangeiros insistiu, antes de se iniciar a reunião do Conselho Europeu, na aprovação da proposta para utilizar os recursos russos imobilizados para financiar a Ucrânia, advertindo que “Putin está a contar com o fracasso” da União Europeia.
“Avançar com esta proposta legislativa significa que todos vamos suportá-la […], Putin está a contar com o nosso fracasso hoje, não devíamos dar-lhe isso”, disse Kallas, à entrada para a reunião, a última de 2025.
A Bélgica é o país da UE com mais ativos deste tipo e Kaja Kallas disse compreender que “esteja a ser pressionada por vários países europeus e também pelos Estados Unidos da América”, mas advertiu que o 'peso' da decisão vai ser suportado pelos 27: “Por isso é que a proposta é europeia.”
“A unidade é a nossa força e precisamos de uma solução hoje”, insistiu.
Bélgica quer que riscos legais sejam partilhados com outros países
Antes da reunião do Conselho Europeu, o primeiro-ministro belga discursou no Parlamento belga, dizendo aos deputados que a Bélgica continua preocupada com qualquer plano que a deixasse exposta a riscos legais por parte da Rússia. Por isso, Bart de Wever exigiu fortes garantias de que esse risco seja partilhado com outros países.
“Precisamos de um paraquedas antes de saltar. Se nos pedirem para saltar, saltamos todos juntos”, disse em declarações citadas pelo Le Soir.
O chefe de Governo belga reconheceu que “tudo pode mudar no último minuto”, mas ainda havia problemas com o texto proposto. De Wever esclareceu, contudo, que a discordância era sobre "como", e não "se" a Ucrânia devia ser financiada, ressaltando a urgência desse desafio.
Macron confiante de que UE chegue a consenso
"Quero voltar a sublinhar a importância, primeiro, de imobilizar os ativos russos que foram congelados", afirmou o Emmanuel Macron, acrescentando que é preciso "dar visibilidade aos ucranianos para financiar o seu esforço de guerra".
O presidente francês manifestou estar confiante na capacidade da UE de chegar a um acordo para financiar o esforço de guerra da Ucrânia, ao chegar à cimeira em Bruxelas.
"Estou confiante de que encontraremos uma solução porque os europeus estão unidos no seu compromisso de continuar" o apoio a Kiev, afirmou Emmanuel Macron, recordando que a Europa deve continua a demonstrar ser capaz de se proteger.
O presidente francês acredita que a melhor opção é o recurso aos ativos russos: “é a decisão que devemos tomar”.
“Precisamos unir todos” e encontrar uma posição conjunta, sublinhou, acrescentando que é importante continuar as negociações de paz. Os líderes europeus querem “apresentar um pacote de financiamento” para a Ucrânia e, na ótica de Macron, “é muito importante encontrarmos o compromisso certo”.
“Estou confiante de que o encontraremos”, repetiu, reforçando que a posição europeia é “muito clara”, com os europeus a apoiar a Ucrânia neste esforço de guerra, enquanto tentam ajudar com financiamento e no caminho para “uma paz robusta e sólida”.
Hungria teme que uso de ativos russos conduza à guerra na UE
O primeiro-ministro húngaro considerou que usar os ativos russos congelados na União Europeia vai conduzir à guerra e que não quer ver a União Europeia em guerra.
“Usar o dinheiro [congelado na UE] significa guerra”, referiu, em declarações aos jornalistas à entrada do Conselho Europeu. “Não quero ver uma União Europeia que esteja em guerra”.
Orbán acrescentou ainda que a possibilidade de utilizar fundos russos que chegam à maturidade para financiar a Ucrânia “está morta”.
Cimeira só terminará com decisão
O presidente do Conselho Europeu assegurou que a cimeira só acaba quando houver uma decisão sobre o financiamento à Ucrânia para os próximos dois anos e defendeu a proposta de utilização dos recursos russos imobilizados nos países da União Europeia.
“Vai ser um Conselho [Europeu] árduo […], posso assegurar-lhes que não sairemos sem uma decisão” sobre o financiamento à Ucrânia, disse António Costa, à entrada para a última reunião do Conselho Europeu de 2025, em Bruxelas.
O ex-primeiro-ministro de Portugal insistiu que é necessário “assegurar as necessidades de financiamento da Ucrânia em 2026 e 2027” e apontou a proposta da Comissão Europeia – de utilizar os ativos russos congelados nos países da UE – como a solução mais credível para o fazer.
“Estamos a trabalhar muito bem, vamos continuar a fazê-lo hoje e, se necessário, amanhã, mas não sairemos daqui sem uma solução”, insistiu. António Costa acrescentou que também quer abordar o alargamento da UE a outros países, considerando que é o “investimento geopolítico mas importante” que o bloco político-económico europeu pode fazer.
"Essa decisão é crucial para garantir que a Ucrânia está numa posição de força nas negociações de paz", adiantou Costa, reforçando que "é o melhor contributo (...) para alcançar uma paz justa o mais rapidamente possível".
Força da Europa e solidariedade postas à prova
O primeiro-ministro acredita que “a força da Europa e a solidariedade europeia estão postas à prova” na cimeira europeia em Bruxelas.
“Diria é um dos Conselhos [Europeus] mais decisivos dos que se têm realizado nos últimos anos. Creio que é mesmo o caso para dizer que a força da Europa e a solidariedade europeia estão à prova hoje e, do nosso ponto de vista, a Europa não pode, não deve falhar e a nossa convicção é de que a reunião será dura, será intensa, mas é possível chegarmos a entendimento”, afirmou Luís Montenegro, na chegada à cimeira europeia, em Bruxelas.
“Estamos postos à prova, é preciso assumi-lo”, reforçou o chefe de Governo, classificando como “descabidas” as acusações do Presidente norte-americano, Donald Trump, que chamou os líderes europeus de fracos. Para Portugal, de acordo com Luís Montenegro, “a solução ideal passa pela utilização dos ativos russos congelados”, embora o país esteja “aberto a outras soluções ou até à conjugação de mais do que uma solução”, numa alusão à outra iniciativa proposta, relacionada com a dívida comum.
O chefe de Governo concluiu que “este não é um daqueles Conselhos Europeus onde as coisas estão garantidas e tratadas previamente”, mas sim uma cimeira “que começa agora, mas não se sabe quando é que vai acabar”.
O primeiro-ministro acredita que “a força da Europa e a solidariedade europeia estão postas à prova” na cimeira europeia em Bruxelas.
“Diria é um dos Conselhos [Europeus] mais decisivos dos que se têm realizado nos últimos anos. Creio que é mesmo o caso para dizer que a força da Europa e a solidariedade europeia estão à prova hoje e, do nosso ponto de vista, a Europa não pode, não deve falhar e a nossa convicção é de que a reunião será dura, será intensa, mas é possível chegarmos a entendimento”, afirmou Luís Montenegro, na chegada à cimeira europeia, em Bruxelas.
“Estamos postos à prova, é preciso assumi-lo”, reforçou o chefe de Governo, classificando como “descabidas” as acusações do Presidente norte-americano, Donald Trump, que chamou os líderes europeus de fracos. Para Portugal, de acordo com Luís Montenegro, “a solução ideal passa pela utilização dos ativos russos congelados”, embora o país esteja “aberto a outras soluções ou até à conjugação de mais do que uma solução”, numa alusão à outra iniciativa proposta, relacionada com a dívida comum.
O chefe de Governo concluiu que “este não é um daqueles Conselhos Europeus onde as coisas estão garantidas e tratadas previamente”, mas sim uma cimeira “que começa agora, mas não se sabe quando é que vai acabar”.
De momento, decorrem conversações na UE para desbloquear as opções de financiamento europeu ao país invadido pela Rússia em fevereiro de 2022.
A medida que reúne mais apoio na UE diz respeito a um empréstimo de reparações à Ucrânia, mas enfrenta a oposição da Bélgica, país que acolhe a maior parte dos ativos russos congelados através da Euroclear, uma instituição de depósitos de ativos mobiliários sediada em Bruxelas que detém 185 mil milhões de euros do total dos ativos congelados na Europa.
A medida que reúne mais apoio na UE diz respeito a um empréstimo de reparações à Ucrânia, mas enfrenta a oposição da Bélgica, país que acolhe a maior parte dos ativos russos congelados através da Euroclear, uma instituição de depósitos de ativos mobiliários sediada em Bruxelas que detém 185 mil milhões de euros do total dos ativos congelados na Europa.
c/ agências