Putin garante que é "absurdo" acreditar que Rússia quer atacar Europa

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

A Rússia não planeia atacar qualquer país da NATO, nem tem como alvo a Polónia, a República Checa ou países bálticos. Pelo menos é o que garante o presidente russo, que classificou como um "absurdo" dizer que Moscovo se prepara para atacar a Europa, depois da invasão da Ucrânia. Vladimir Putin nega qualquer ameaça ao Ocidente, mas se as forças ucranianas receberem caças F-16 estes serão abatidos pelo exército russo.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, aumentaram os receios de que as operações militares da Rússia se estendessem ao resto da Europa. Mas o chefe de Estado russo nega a existência de qualquer plano ou intenção de atacar Estados da Aliança Atlântica.

“O que dizem sobre irmos atacar a Europa depois da Ucrânia é um disparate total, é intimidação das populações”, disse Vladimir Putin na quarta-feira numa reunião com pilotos militares na região de Tver, norte do país.

Putin afirmou que “os satélites dos Estados Unidos temem uma Rússia grande e forte”, mas garantiu que não têm razão para esse receio.

“Não temos intenções de atacar estes Estados”, repetiu Putin, citado pelas agências russas. "A ideia de que atacaremos algum outro país - a Polónia, os Estados Bálticos e os checos também estão assustados - é um completo absurdo. É apenas um absurdo”.
O presidente acrescentou ainda que as declarações sobre a ameaça russa à Europa são “simples delírios”.

O presidente russo não deixou de acusar, contudo, os EUA de lutarem contra a Rússia ao ajudar financeira e militarmente a Ucrânia, frisando que as relações entre Moscovo e Washington nunca estiveram piores. Putin lembrou que em 2022 a despesa militar dos Estados Unidos, ponta de lança da NATO, foi de 811 mil milhões de dólares (cerca de 749 mil milhões de euros), enquanto que a da Rússia foi de 72 mil milhões."Com essa correlação vamos lutar com a NATO? É um disparate", disse.

Ao mesmo tempo, alertou que os caças F-16 que serão fornecidos à Ucrânia serão considerados “alvos legítimos”, independentemente de onde operem, embora considere que estas aeronaves não mudam a situação das forças ucranianas.

"Se fornecerem F-16, e estiverem a anunciar isso e aparentemente a treinar pilotos, isso não mudará a situação no campo de batalha", argumentou Putin. E acrescentou: “Destruiremos as aeronaves assim como destruímos hoje tanques, veículos blindados e outros equipamentos, incluindo lançadores de múltiplos mísseis”.

"É claro que, se forem usados a partir de aeródromos de países terceiros, tornar-se-ão para nós alvos legítimos, onde quer que estejam localizados", esclareceu.

As declarações de Putin surgem na sequência do anúncio do ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, de que chegariam caças F-16 à Ucrânia nos próximos meses, fornecidos por países europeus como a Bélgica, Países Baixos, Noruega e Dinamarca.
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