Rússia diz ter devolvido os corpos de mil soldados à Ucrânia

A Rússia devolveu os corpos de mil soldados ucranianos mortos à Ucrânia, recebendo em troca os restos mortais de 19 dos seus próprios militares, disse um conselheiro do Kremlin esta quinta-feira. Novos ataques com drones fizeram dois mortos na Rússia e Ucrânia, enquanto a NATO promete enviar Patriots para Kiev "o mais rapidamente possível".

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Sofiia Gatilova - Reuters

A troca de corpos ocorreu no âmbito de um acordo assinado na segunda ronda de negociações de paz em Istambul, em junho, sendo um dos poucos resultados das negociações entre Moscovo e Kiev.

"No âmbito dos acordos assinados em Istambul, mil corpos de soldados das forças armadas ucranianas foram hoje entregues à Ucrânia", anunciou Vladimir Medinsky, chefe da delegação russa enviada para as negociações, no Telegram. Em troca, a Rússia recebeu os corpos de 19 dos seus soldados que morreram na Ucrânia.

A agência de notícias estatal RIA noticiou, citando uma fonte, que a Rússia planeia devolver os corpos de três mil soldados ucranianos e que a troca desta quinta-feira foi o início desse processo.

O repatriamento dos restos mortais dos combatentes mortos e a troca de prisioneiros de guerra são as poucas áreas em que os dois países cooperaram desde o início da grande ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e o único resultado concreto das negociações na Turquia. A última troca de prisioneiros ocorreu a 26 de junho.

Apesar da pressão do presidente norte-americano, Donald Trump, a Rússia tem rejeitado os apelos para um cessar-fogo e os esforços diplomáticos parecem ter estagnado.

Depois de se ter aproximado de Moscovo quando regressou à Casa Branca, Donald Trump adotou uma postura mais dura com a Rússia nos últimos dias, confessando estar “desapontado” com o seu homólogo russo, Vladimir Putin.

O presidente norte-americano prometeu enviar mais armas para a Ucrânia, ao mesmo tempo que ameaçou Moscovo com “sanções severas” caso não avance com um acordo com Kiev em 50 dias.
NATO promete enviar Patriots para Kiev “o mais rapidamente possível”
O envio de armas faz parte de um acordo entre Washington e a NATO. Entre as armas prometidas por Trump estão os sistemas de defesa aérea Patriot – os mais valiosos para a Ucrânia para intercetar mísseis balísticos e hipersónicos lançados pela Rússia.

O comandante supremo aliado da NATO na Europa, Alexus Grynkewich, disse esta quinta-feira que estes sistemas de defesa serão enviados para Kiev “o mais rapidamente possível”.

"Estamos a trabalhar em estreita colaboração com os alemães na transferência dos Patriots", disse Grynkewich numa conferência de imprensa na cidade alemã de Wiesbaden. "A orientação que recebi foi para os enviar o mais rapidamente possível”, acrescentou.

Donald Trump disse, na terça-feira, que alguns mísseis Patriot, oriundos da Alemanha, já estavam a caminho da Ucrânia.
Novos ataques na Rússia e Ucrânia
Enquanto isso, a Rússia e a Ucrânia continuam com a ofensiva. Um novo ataque com drones russos fez um morto e vários feridos durante a noite na Ucrânia, enquanto a Rússia reportou um morto e quatro feridos em ataques com drones ucranianos no seu território.

A Força Aérea Ucraniana afirmou que a Rússia lançou 64 drones durante a noite passada, visando principalmente a região de Dnipropetrovsk. Do total de drones, 41 foram abatidos ou desativados.

Na Rússia, uma mulher foi morta e um homem ficou ferido na noite de quarta-feira num ataque com drones ucraniano na região de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia.

A Rússia intensificou os ataques aéreos nas últimas semanas, chegando a enviar centenas de mísseis para a Ucrânia numa só noite. Kiev, por sua vez, tem respondido com ataques cada vez mais frequentes em território russo.

Moscovo disse na manhã desta quinta-feira ter intercetado 126 drones no seu território, a maioria deles em regiões fronteiriças, mas também três na região de Moscovo.

c/agências
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