Shell justifica "decisão difícil" de comprar petróleo russo
Após comprar 100 mil toneladas de petróleo bruto à Rússia, por um valor com desconto, a Shell tentou justificar "decisão difícil" e garantiu que o lucro seria remetido para um fundo dedicado à ajuda humanitária na Ucrânia. A gigante petrolífera confirmou que na sexta-feira comprou petróleo russo, apesar da ofensiva ao país vizinho, mas que "não tinha alternativa".
Na declaração pública, a empresa disse que continua "chocada com a guerra na Ucrânia" e que interrompeu a maioria das atividades que envolviam petróleo russo, mas acrescentou que a situação com os fornecimentos é "altamente complexa".
Read Shell's statement. pic.twitter.com/6mN7KVTiGc
— Shell (@Shell) March 5, 2022
“Já deixámos clara a nossa intenção de encerrar as joint ventures [alianças entre empresas] com a Gazprom – que é maioritariamente de propriedade russa – e com entidades associadas, assim como pretendemos pôr fim ao nosso envolvimento num projeto significativo para transportar gás da Rússia”, recorda a petrolífera.
A empresa petrolífera britânica justificou, então, não ter tido alternativa e ter comprado o petróleo à Rússia, que atualmente está a apenas 28,50 dólares por barril.
"Para sermos claros, sem um fornecimento ininterrupto de petróleo bruto para as refinarias, o setor de energia não pode garantir o fornecimento contínuo de produtos essenciais para as pessoas em toda a Europa nas próximas semanas".
Além disso, a petrolífera assegurou manter conversações com governos e continuar “a seguir as suas orientações quanto à questão da segurança do abastecimento” de energia e as consequências da guerra.
"O petróleo russo não cheira a sangue ucraniano?"
I am told that Shell discretely bought some Russian oil yesterday. One question to @Shell: doesn’t Russian oil smell Ukrainian blood for you? I call on all conscious people around the globe to demand multinational companies to cut all business ties with Russia.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) March 5, 2022
Embora a compra não viole quaisquer sanções introduzidas pelos países ocidentais, Kuleba pediu às empresas que continuem a pressionar a Rússia.
Mas, no domingo, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarou que a Casa Branca estava em "discussões ativas" com parceiros europeus sobre a possível proibição, ao mesmo tempo em que mantêm uma "oferta global estável".
A Rússia é o segundo maior produtor mundial de petróleo bruto depois da Arábia Saudita, e fornece cerca de um terço das necessidades da Europa. Já na sexta-feira, a Shell afirmou que a empresa está a tentar manter o fornecimento de combustíveis e, neste momento, não tinha fornecedores alternativos de petróleo para chegarem à Europa a tempo.
We will further reduce our use of Russian oil as alternative crudes become available to buy, but this is highly complex as Russian oil plays a significant role in global supply and in the current, tight market there is a relative lack of alternatives. (3/3)
— Shell (@Shell) March 4, 2022