Ucrânia impõe cortes de energia em todo o país após ataques russos

Kiev decretou cortes de energia por toda a Ucrânia após a Rússia ter intensificado ataques à rede de energia ucraniana, anunciou a operadora de rede elétrica nesta quinta-feira. A Rússia terá mudado de estratégia relativamente aos ataques às infraestruturas de energia, colocando agora a mira nas subestações de distribuição explicou a operadora nacional, Ukrenergo.

Carla Quirino - RTP /
Os bombeiros combatem um incêndio numa infraestrutura elétrica que foi atingida por mísseis e drones russos, na região de Poltava, na Ucrânia Gabinete de Imprensa dos Serviços de Emergência da Ucrânia via Reuters

Pelo segundo dia consecutivo, foram decretados cortes de energia em todo o território ucraniano devido aos danos causados pelos ataques russos à infraestrutura elétrica do país.

“Devido à difícil situação do sistema energético, foram introduzidos cortes de emergência ao fornecimeto de energia em todas as regiões da Ucrânia”, disse operadora nacional Ukrenergo ao Telegram.
Mudança de estratégia
À medida que o inverno se aproxima, a Rússia está a intensificar bombardeamentos dirigidos sobretudo às instalações de distribuição de energia da Ucrânia, demonstrando que as táticas dos ataques russos ao sistema de energia da Ucrânia mudaram. 

Enquanto no início da invasão em grande escala Moscovo visava subestações de alta tensão com ataques massivos, desde setembro deste ano, o foco mudou para subestações de distribuição, subestações de Ukrzaliznytsia e, as da Ukrenergo, particularmente nas regiões da linha de frente, afirmou o diretos da Ukrenergo, Vitalii Zaichenko.

Para além de lamentar os problemas de fornecimento de energia, a operadora ucraniana da rede elétrica Ukrenergo referiu ainda que os locais de produção de gás também foram atingidos pelos os ataques russos e por isso foram desligados.

Por todo o território, tanto clientes particulares como industriais estão a ser afetados a falhas de energia.

"Foram estabelecidos programas para limitar o consumo de eletricidade para clientes industriais em todas as regiões da Ucrânia", explicou Ukrenegro, que acrescentou que estas medidas estarão em vigor novamente na sexta-feira.

A empresa de gás Naftogaz indicou que mais da metade da sua capacidade de produção tinha sido destruída, com os ataques russos a 3 de outubro, classificando esse bombardeamento como sendo "o ataque mais massivo da história à infraestrutura de gás". Desde então, o chefe da empresa, Serguis Koretsky, relatou a interrupção forçada afetou "várias instalações essenciais".

De acordo com a Força Aérea Ucraniana, na noite desta quarta-feira, a Rússia lançou 320 drones, 283 dos quais foram arremessados. Moscovo disparou ainda 37 mísseis, cinco dos quais foram destruídos.

O ataque teve como alvo, entre outras coisas, as regiões de Kharkiv (nordeste) e Poltava (centro-leste), onde a operadora privada DTEK reportou que um local de produção de gás teve que ser fechado.

Já na semana passada, as autoridades ucranianas decretaram outros cortes na rede de energia afetando parte da capital Kiev durante várias horas.

Com a chegada da estação fria, "o que é necessário agora, é descentralizar e gerar mais energia e desenvolver os sistemas de armazenamento para ajudar a equilibrar a rede e reduzir a dependência de instalações centralizadas", alertou Zaichenko.

Entretanto, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky está a caminho dos Estados Unidos para ser recebido nesta sexta-feira pelo homólogo Donald Trump.

Trump falou esta tarde com o presidente russo, Vladimir Putin. Os dois acordaram encontrar-se em Budapeste, Hungria, em data a anunciar

No encontro na Casa Branca, o presidente ucraniano deverá ir pedir mísseis de cruzeiro Tomahawk. Aos olhos de Moscovo, esses mísseis dos EUA, com um alcance de 2.500 quilõmetros, permitiriam que a Ucrânia ataque muito mais território russo, inckuindo a capital, Moscovo. Os Tomahawk podem transportar cargas nucleares.

Putin já alertou que entregar essas armas a Kiev representará uma “escalada” no conflito. Esta tarde, disse a Trump que o fornecimento destes mísseis a Kiev prejudicaria o processo de paz e os laços entre os EUA e a Rússia.
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