Zelensky quer usar ativos russos para resistir à agressão de Moscovo

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu hoje a utilização de ativos russos congelados na União Europeia (UE) para que a Ucrânia possa resistir à agressão russa e como forma de exercer pressão, aproximando assim o fim da guerra.

Lusa /
Liesa Johannssen - Reuters

"Este dinheiro deveria realmente ser usado para resistir à agressão russa", disse o chefe de Estado, durante o seu discurso no 8.º Fórum Económico Germano-Ucraniano em Berlim, no qual também participou o chanceler alemão, Friedrich Merz.

A medida debatida pelos 27 da UE para usar os ativos para financiar um empréstimo à Ucrânia "é inteligente e funcionará", disse Zelensky, que sublinhou que "é a forma de aproximar o fim da guerra, de convencer a Rússia de que os seus objetivos não são alcançáveis".

O apelo de Zelensky surge poucos dias antes da cimeira dos chefes de Estado e de Governo dos 27 da UE em Bruxelas, na quinta e sexta-feira, na qual se espera que seja alcançado um acordo sobre a utilização de ativos russos congelados para apoiar financeiramente a Ucrânia.

O Presidente ucraniano também aludiu à importância de propor projetos industriais conjuntos que fortaleçam tanto o seu país como Estados aliados, particularmente no campo da defesa, um setor em que as empresas ucranianas são altamente avançadas e obtêm resultados práticos no campo de batalha.

Recordou também o impacto dos ataques russos à infraestrutura energética ucraniana, que, segundo Zelensky, o seu homólogo no Kremlin (presidência russa), Vladimir Putin, "usa como argumento" quando decorrem negociações para acabar com a guerra.

Perante estes golpes, a resiliência que permite à Ucrânia "levantar-se e reagir" é o argumento de Kiev nos processos diplomáticos, salientou.

Sobre as conversações que decorrem desde domingo em Berlim com uma delegação norte-americana sobre o plano de paz proposto pela Casa Branca, Zelensky classificou-as hoje como "produtivas", embora "não fáceis".

"Este tipo de conversações não são fáceis (...), mas têm sido produtivas, há muitos detalhes e é importante que a paz seja alcançada", disse Zelensky, na mesma intervenção na capital alemã.

As negociações vão prosseguir, mas sem a presença do Presidente ucraniano, que viaja para os Países Baixos na terça-feira.

No domingo, Zelensky reuniu-se com o enviado especial dos Estados Unidos Steve Witkoff e Jared Kushner, genro do Presidente norte-americano, Donald Trump, para discutir modificações ao plano de paz para a Ucrânia apresentado pela Casa Branca (presidência dos Estados Unidos).

Também o secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, falou hoje de conversações "construtivas e produtivas" entre Washington e Kiev nas últimas horas.

"Houve progressos reais", escreveu o antigo ministro da Defesa ucraniana na rede social X.

"Esperamos alcançar um acordo que nos aproxime da paz no final do dia", disse, criticando o "muito barulho" e a "especulação anónima" que têm surgido na imprensa e que nada têm a ver com o trabalho que Washington e Kiev têm feito.

"Não caiam em rumores e provocações", apelou Umerov, que agradeceu aos "enormes" esforços que Trump e a sua equipa estão a fazer para "encontrar o caminho para um acordo de paz duradouro".

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