Zelensky volta atrás e lembra que adesão à NATO está na Constituição ucraniana

As declarações foram feitas poucos dias depois de o presidente ucranianos ter admitido estar disposto a desistir da NATO em troca de garantias de segurança do Ocidente.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Stephanie Lecocq - Reuters

Volodymyr Zelensky lembrou, esta quinta-feira, que a adesão à NATO consta da Constituição ucraniana e deixou claro que não tenciona alterá-la por exigência da Rússia.

"Não vou mudar a minha Constituição - que é o que os ucranianos decidiram - só porque isso é o que a Rússia quer"
, disse o presidente ucraniano, numa conferência de imprensa após ter-se reunido com os líderes da União Europeia em Bruxelas. Kiev consagrou na sua Constituição, desde 2019, o objetivo estratégico de se tornar membro da NATO e da União Europeia.

Zelensky reconhece que, atualmente, a Ucrânia não seria bem-vinda na NATO pelos seus membros, mas salientou que o seu objetivo é “tentar mudar essas posições”.

"A política dos Estados Unidos é que não nos vê na NATO, por agora. Mas tudo na política é por agora, a política muda e podem chegar à conclusão que a Ucrânia reforça a NATO", prosseguiu.

"Temos na Constituição a adesão à NATO e queremo-la, essas são verdadeiras garantias de segurança", afirmou, reiterando: "A nossa posição mantém-se e o nosso desejo de entrar na NATO também".
Um passo atrás de Zelensky
As declarações mostram uma mudança de opinião da parte de Zelensky, que no passado domingo tinha admitido estar disposto a abdicar da ambição de adesão à NATO em troca de fortes garantias de segurança do Ocidente.

Uma vez que os EUA e alguns países europeus rejeitaram o pedido da Ucrânia de aderir à NATO, Zelensky disse, então, que esperava que o Ocidente desse garantias de segurança semelhantes às oferecidas aos membros da Aliança.

Zelensky sempre afirmou que as garantias de segurança contra novas incursões russas, apoiadas pelos seus aliados, incluindo os Estados Unidos, eram parte essencial de qualquer possível acordo de paz.

No entanto, esta quinta-feira, o presidente ucraniano disse que as discussões corriam o risco de pressionar a Ucrânia a negociar concessões noutras áreas em troca destas garantias. Embora tenha reconhecido que não houve sugestões diretas nesse sentido durante as negociações, qualquer troca deste tipo por garantias de segurança era inaceitável para Kiev.

A Ucrânia há muito que procura aderir à aliança atlântica e aumentou a pressão nesse sentido desde a invasão russa, em fevereiro de 2022. Moscovo, por sua vez, considera a expansão da NATO uma ameaça e um bloqueio à entrada da Ucrânia tem sido uma exigência central da Rússia para o fim da guerra.
Líderes da UE reunidos
Os líderes da União Europeia estão reunidos em Bruxelas para discutir o apoio à Ucrânia nos próximos anos, uma reunião que conta com a participação de Zelensky.

Os 27 líderes europeus vão tentar um acordo sobre a forma de financiar o apoio a Kiev, decidindo se aprovam um empréstimo de reparações com base nos ativos russos imobilizados.

O presidente ucraniano disse esperar “uma decisão positiva” e pediu uma decisão sobre o uso dos ativos russos congelados ainda este ano, admitindo que a falta de um acordo representaria um sério desafio para a Ucrânia.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, garantiu que a cimeira só terminará quando houver uma decisão.
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