Autoridade palestiniana pede que mulheres vivam todos os dias como se fosse 08 de Março

por Lusa

A Autoridade Nacional Palestiniana (PNA) pediu que as mulheres palestinianas possam viver cada dia como se fosse 08 de março, Dia Internacional da Mulher, que hoje se celebra, com "liberdade, dignidade, independência nacional e segurança".

"Lembramos aos que celebram este aniversário em todo o mundo e aos que defendem os direitos das mulheres que na Palestina existem 9.000 mulheres mártires, além de dezenas de milhares de feridos, órfãos, quase um milhão de deslocados e centenas de detidos", disse o primeiro-ministro palestiniano em exercício, Mohamed Shtayeh, numa mensagem alusiva ao Dia Internacional da Mulher.

Para assinalar a efeméride, o Gabinete Central de Estatísticas Palestiniano (PCBS) publicou um relatório intitulado "Investir nas mulheres: acelerar o progresso", no qual recolheu os últimos números sobre as consequências da guerra entre Israel e o movimento islâmico Hamas em Gaza.

A guerra eclodiu em 07 de outubro de 2023, na sequência de um ataque perpetrado em território israelita pelo Hamas, no qual cerca de 1.200 pessoas perderam a vida e mais de 120 pessoas foram raptadas pelos terroristas.

De acordo com o PCBS, os 2,76 milhões de mulheres palestinianas que residem na Cisjordânia e em Gaza (1,63 milhões no primeiro dos dois enclaves e 1,13 milhões no segundo) constituem 49% da população total da Palestina.

Dos mais de 30 mil palestinianos que perderam a vida na guerra, cerca de nove mil são mulheres, segundo o relatório.

A agência de estatísticas indica ainda que 75% dos mais de 72 mil feridos em Gaza são mulheres, assim como 70% dos sete mil desaparecidos e 50% dos cerca de dois milhões de pessoas deslocadas.

De acordo com dados do Ministério dos Assuntos de Detidos e Ex-Detidos, existem atualmente 56 mulheres palestinianas detidas em prisões israelitas; 44 mulheres da Cisjordânia, três de Gaza e nove na Linha Verde (territórios ocupados em 1948).

O relatório do PCBS indica que toda a população da Faixa de Gaza (cerca de 2,2 milhões de pessoas) enfrenta elevados níveis de insegurança alimentar e cerca de 50% da população (1,17 milhões de pessoas) está em situação de emergência.

Um em cada quatro agregados familiares (mais de meio milhão de pessoas) enfrenta condições catastróficas, devido à extrema falta de alimentos, fome e esgotamento da capacidade de sobrevivência.

"As mulheres e as raparigas encontram-se muitas vezes marginalizadas em crises, onde reduzem o seu consumo alimentar quando as condições se deterioram, e correm um risco particular de desnutrição, o que tornará as mulheres grávidas e lactantes mais vulneráveis a riscos como defeitos congénitos ou mortalidade infantil prematura", é referido no documento.

Especialmente grave é a situação das cerca de 60 mil mulheres grávidas em Gaza, onde ocorrem 180 partos diariamente.

"Provavelmente cerca de 15% destas mulheres sofrerão complicações durante a gravidez e o parto que são difíceis de tratar devido à falta de cuidados médicos. Isto significa que há uma grande probabilidade de aumento de nascimentos em condições de saúde inseguras, o que constitui uma violação grave dos direitos das mulheres e põe em perigo as suas vidas e a dos seus recém-nascidos", refere o PCBS.

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