Mundo
Guerra no Médio Oriente
Jornalistas detidos na Turquia por alegada caricatura de Maomé em cartoon
Um cartoon que pretendia representar a guerra no Médio Oriente, publicado numa revista turca de sátira política, gerou protestos em Istambul e levou à detenção de quatro pessoas, alegadamente porque "insultava publicamente os valores religiosos". De acordo com as autoridades e os manifestantes, o desenho parece retratar o profeta Maomé, figura religiosa cuja representação é proibida no islamismo - alegações que a publicação LeMan rejeita.
No desenho satírico via-se a representação de o que parecia ser um indivíduo muçulmano e outro judeu, ambos com asas e auréolas, a cumprimentar-se com um aperto de mão enquanto caem bombas mais abaixo. Na cópia da imagem a preto e branco publicada nas redes sociais há quem alegasse que mostra o Profeta Maomé e Moisés a apresentarem-se um ao outro e a apertarem as mãos nos céus de uma cidade bombardeada.
A imagem tornou-se viral quatro dias após a publicação, e gerou controvérsia. Centenas de pessoas juntaram-se na principal rua turística de Istambul em protesto, gritando “Alá é Grande” e exigindo a aplicação da sharia – sistema jurídico islâmico.
As autoridades turcas também não ficaram indiferentes ao cartoon da LeMan e condenaram a imagem. O Ministério Público de Istambul ordenou, na segunda-feira, a detenção de quatro pessoas, incluindo dois redatores e um cartoonista, supostamente porque o desenho representava o Profeta Maomé.
“A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre a publicação de um desenho na edição de 26 de junho de 2025 da revista LeMan, que denigre abertamente os valores religiosos, e foram emitidos mandados de captura para os envolvidos”, declarou o Ministério Público.
O ministro do Interior da Turquia classificou o desenho de “sem vergonha” e anunciou que o editor-chefe da revista, o designer gráfico, o diretor institucional e o cartoonista foram detidos.
Em reação às acusações, o editor-chefe da revista, Tuncay Akgun, lamentou que a imagem tenha sido mal interpretada.
"Este cartoon não é de forma alguma uma caricatura do profeta Maomé", disse à Agence France-Presse. "Nesta obra, o nome de um muçulmano que foi morto nos bombardeamentos de Israel é ficionalizado como Maomé. Mais de 200 milhões de pessoas no mundo islâmico chamam-se Maomé”.
“[Isto] não tem nada a ver com o profeta Maomé. Jamais correríamos tal risco”, acrescentou.
Através da página do X, a revista LeMan defendeu o desenho e considerou ter sido deliberadamente mal interpretado para causar indignação.
“O cartoonista queria retratar a retidão do povo muçulmano oprimido mostrando um muçulmano morto por Israel; nunca teve a intenção de menosprezar os valores religiosos”, lê-se no texto da publicação turca. “Não aceitamos o estigma que nos foi imposto porque não há representação do nosso profeta. É preciso ser muito maldoso para interpretar o cartoon dessa maneira”.
“Pedimos desculpas aos nossos leitores bem-intencionados que acreditamos terem sido submetidos a provocações”, termina.
Mesmo depois de anunciadas as detenções, os manifestantes atacaram um bar frequentado por funcionários da revista LeMan, no centro de Istambul, na segunda-feira à noite, provocando confrontos com a polícia que tentava dispersar a multidão.
Para uma grande maioria de muçulmanos, as representações imagéticas de Maomé ou de outros profetas islâmicos são proibidas. Embora o Alcorão não proíba explicitamente estas representações, alguns hádices proíbem qualquer tipo de imagens alusivas a Maomé.
O ministro turco da Justiça declarou, entretanto, que foi aberta uma investigação por “insulto público a valores religiosos”.
“Desrespeito às nossas crenças nunca é aceitável”, escreveu Yilmaz Tunc no X. “Nenhuma liberdade garante o direito de tornar os valores sagrados de uma crença objeto de humor negro. A caricatura ou qualquer forma de representação visual do nosso profeta não só fere os nossos valores religiosos, como também prejudica a paz social”.
O governador de Istambul também criticou “essa mentalidade que busca provocar a sociedade atacando os nossos valores sagrados”.
A imagem tornou-se viral quatro dias após a publicação, e gerou controvérsia. Centenas de pessoas juntaram-se na principal rua turística de Istambul em protesto, gritando “Alá é Grande” e exigindo a aplicação da sharia – sistema jurídico islâmico.
As autoridades turcas também não ficaram indiferentes ao cartoon da LeMan e condenaram a imagem. O Ministério Público de Istambul ordenou, na segunda-feira, a detenção de quatro pessoas, incluindo dois redatores e um cartoonista, supostamente porque o desenho representava o Profeta Maomé.
“A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre a publicação de um desenho na edição de 26 de junho de 2025 da revista LeMan, que denigre abertamente os valores religiosos, e foram emitidos mandados de captura para os envolvidos”, declarou o Ministério Público.
O ministro do Interior da Turquia classificou o desenho de “sem vergonha” e anunciou que o editor-chefe da revista, o designer gráfico, o diretor institucional e o cartoonista foram detidos.
“A pessoa chamada D.P., que fez este desenho desprezível, foi apanhada e levada sob custódia”, escreveu Ali Yerlikaya na rede social X, acrescentando que “estes indivíduos sem vergonha terão de responder pelos seus atos perante os tribunais”.
Imagem “mal interpretada”Em reação às acusações, o editor-chefe da revista, Tuncay Akgun, lamentou que a imagem tenha sido mal interpretada.
"Este cartoon não é de forma alguma uma caricatura do profeta Maomé", disse à Agence France-Presse. "Nesta obra, o nome de um muçulmano que foi morto nos bombardeamentos de Israel é ficionalizado como Maomé. Mais de 200 milhões de pessoas no mundo islâmico chamam-se Maomé”.
“[Isto] não tem nada a ver com o profeta Maomé. Jamais correríamos tal risco”, acrescentou.
Através da página do X, a revista LeMan defendeu o desenho e considerou ter sido deliberadamente mal interpretado para causar indignação.
“O cartoonista queria retratar a retidão do povo muçulmano oprimido mostrando um muçulmano morto por Israel; nunca teve a intenção de menosprezar os valores religiosos”, lê-se no texto da publicação turca. “Não aceitamos o estigma que nos foi imposto porque não há representação do nosso profeta. É preciso ser muito maldoso para interpretar o cartoon dessa maneira”.
“Pedimos desculpas aos nossos leitores bem-intencionados que acreditamos terem sido submetidos a provocações”, termina.
Mesmo depois de anunciadas as detenções, os manifestantes atacaram um bar frequentado por funcionários da revista LeMan, no centro de Istambul, na segunda-feira à noite, provocando confrontos com a polícia que tentava dispersar a multidão.
Para uma grande maioria de muçulmanos, as representações imagéticas de Maomé ou de outros profetas islâmicos são proibidas. Embora o Alcorão não proíba explicitamente estas representações, alguns hádices proíbem qualquer tipo de imagens alusivas a Maomé.
O ministro turco da Justiça declarou, entretanto, que foi aberta uma investigação por “insulto público a valores religiosos”.
“Desrespeito às nossas crenças nunca é aceitável”, escreveu Yilmaz Tunc no X. “Nenhuma liberdade garante o direito de tornar os valores sagrados de uma crença objeto de humor negro. A caricatura ou qualquer forma de representação visual do nosso profeta não só fere os nossos valores religiosos, como também prejudica a paz social”.
O governador de Istambul também criticou “essa mentalidade que busca provocar a sociedade atacando os nossos valores sagrados”.
“Não permaneceremos em silêncio diante de qualquer ato vil que viole a fé da nossa nação”, disse Davut Gul.
Fundada em 1991, a LeMan é conhecida pela sátira política e considerada uma provocação às alas mais conservadoras, especialmente após ter expressado apoio à revista frncesa Charlie Hebdo, depois dos ataques em 2015.