Alemanha acusa Trump de "destruir a confiança" com `tweet` sobre cimeira de G7

por RTP
Os líderes do G7 assinaram no sábado um texto no qual defendem um comércio internacional com "regras" Reuters

O que seria uma cimeira para aproximar, acabou por afastar ainda mais. Donald Trump não apoiou o comunicado final do G7. A Alemanha, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, acusou o presidente dos EUA de "destruir" uma grande parte da confiança, ao remover, com um `tweet`, o apoio ao acordo final da cimeira que se realizou no Canadá. E apela a uma resposta unida da Europa.

"A Europa unida é a resposta para os Estados Unidos em primeiro lugar", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas. "Pode-se rapidamente destruir uma incrível dose de confiança num tweet".

Posição, curiosamente, manifestada através do Twitter. Escreveu Maas que se torna "ainda mais importante para a Europa manter-se unida e defender os seus interesses de forma ainda mais agressiva".

Esta madrugada, o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, dissociou-se do comunicado final da cimeira do G7. Num tweet, chegou mesmo a chamar ao primeiro-ministro do Canadá, país anfitrião da reunião, de "muito desonesto e fraco" por este ter classificado como insultuosas as tarifas americanas.

"Face às falsas declarações de Justin [Trudeau, primeiro-ministro do Canadá] na sua conferência de imprensa e ao facto de o Canadá estar a impor enormes taxas sobre os nossos agricultores, trabalhadores e empresas americanas, pedi aos nossos representantes americanos que retirassem o apoio ao comunicado enquanto consideramos taxar os automóveis que estão a inundar o mercado americano", escreveu Trump. E continuou, com criticas ao primeiro-ministro do Canadá por ter uma conduta "suave" durante a cimeira do grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G7), mas de ter criticado as tarifas aduaneiras americanas sobre o aço e o alumínio. "Muito desonesto e fraco. As nossas tarifas são uma resposta aos seus 270% sobre os produtos lácteos", justificou Donald Trump.

Na conferência de imprensa, Justin Trudeau explicou que no decurso da cimeira, que decorreu em La Malbaie, disse ao Presidente dos Estados Unidos que as tarifas deste país eram "para os canadianos que lutaram ao lado dos soldados americanos bastante insultuosas". "Será com pesar, mas com certeza e firmeza absolutas, que aplicaremos as tarifas no dia 01 de julho em retaliação àquelas impostas injustamente pelos americanos contra nós", referiu o Justin Trudeau.

Também hoje, a Presidência francesa defendeu que "a cooperação internacional não pode depender de raiva ou palavras", lamentando a "incoerência" e "inconsistência" do chefe de Estado norte-americano sobre o comunicado final da cimeira do G7. "Resumimos dois dias [de cimeira] num texto final de compromissos. Nós vamos cumpri-los e quem quiser voltar atrás revela-se incoerente e inconsistente", informa a Presidência francesa em comunicado. "A cooperação internacional não pode depender de raiva ou de palavras".

É preciso uma "Europa forte"

António Costa, questionado sobre o braço-de-ferro entre a Europa e os EUA, por causa das tarifas alfandegárias, afirmou que o mais importante é não deixar fugir os princípios europeus.

Antes de criticar os EUA, o primeiro-ministro considera que são mais ameaçadores alguns desafios que estão dentro da própria União Europeia.

Os líderes do G7 assinaram no sábado um texto no qual defendem um comércio internacional com "regras" e se comprometem a tentar "reduzir as barreiras alfandegárias, barreiras não alfandegárias e subsídios".

Apesar de persistir a disputa sobre taxas alfandegárias com os Estados Unidos, os sete países mais industrializados do mundo conseguiram assinar um "texto comum" depois de dois dias de cimeira em La Malbaie, na província canadiana do Quebeque.

Apenas as questões ambientais não contaram com a assinatura do Presidente norte-americano.

C/ Lusa
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