47 graus em Itália. Vaga de calor no Mediterrâneo e Europa deve perdurar até agosto

por Cristina Sambado - RTP
Guglielmo Mangiapane - Reuters

A Organização Meteorológica Mundial estima que a onda de calor que afeta atualmente o Mediterrâneo e a Europa pode intensificar-se na próxima semana e é provável que se mantenha até agosto.

Segundo a agência da ONU, já foram estabelecidos novos máximos históricos de temperatura em várias estações meteorológicas do hemisfério norte e estão previstos também novos máximos nacionais.

“Prevê-se que o calor se intensifique a meio da semana de 19 de julho em algumas partes do Mediterrâneo, incluindo a Grécia e a Turquia. É também provável que se prolongue até agosto”, lê-se no site da Agência Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês). O mês de junho registou a temperatura média global mais elevada desde que há registos.

“O clima extremo – uma ocorrência cada vez mais frequente – está a ter um grande impacto na saúde humana, ecossistemas, economias, agricultura, energia e abastecimento de água. É urgente reduzir as emissões de gases de efeito de estufa”, afirmou o secretário-geral da WMO, Petteri Taalas.

As ondas de calor estão entre os perigos naturais mais mortais, com milhares de pessoas a morrer de problemas provocados pelas altas temperaturas.

O painel intergovernamental sobre Mudanças Climáticas estima que até 2050, cerca de metade da população europeia poderá enfrentar um risco alto ou muito alto de stress devido ao calor durante o verão.
Oriana Barcelos - Antena 1

O alerta surge numa altura em que grande parte do sul da Europa e o Mediterrâneo estão a ser atingidos por uma vaga de calor extremo proveniente do norte de África. A temperatura da água no Mediterrâneo pode ultrapassar, nos próximos dias e semanas, os 30º Celsius.

“As temperaturas excecionalmente altas nas regiões subtropicais constituem a principal origem meteorológica da onda de calor estendida sobre o Mediterrâneo. A assinatura do El Niño e as mudanças climáticas na extensão deste evento precisam de mais dados e análises”, afirmou Omar Baddour, chefe de monitoramento climático da WMO.

Segundo o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da União Europeia os verões de 2021 e 2022 foram os mais quentes desde que há registo na Europa.
Termómetros batem recordes na Europa
Em Itália espera-se que as temperaturas máximas rondem os 47 graus centígrados na Sicília e Sardenha e se batam recordes, como em Roma onde se antecipam 42ºC.

Espanha já superou duas ondas de calor desde que começou o solstício de verão, em junho, mas para esta semana esperam-se entre 40 e 44ºC e noites tropicais, em que a temperatura não deve baixar dos 25ºC.
Mais de metade de Espanha está sob alerta. Na Andaluzia, as províncias de Córdova e Jaén estão em alerta vermelho, devido a risco extremo por temperaturas máximas previstas de até 44ºC.

Em França, foi acionado o alerta laranja no sul, onde as temperaturas podem atingir 40ºC.

Nos Balcãs aguarda-se, pelo menos, 40ºC, temperatura que suscita receios quanto a incêndios e saúde de pessoas em Montenegro, Albânia, Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Croácia e Eslovénia.

Na Turquia, existem dezenas de incêndios florestais em curso, que começaram no fim de semana, com temperaturas em torno dos 38 graus com a possibilidade de nos próximos dias atingir os 40.

Na Roménia, onde na segunda-feira estavam 40ºC à sombra, esperam-se tempestades, com chuvas torrenciais e ventos intensos, e na Bulgária as previsões apontam para mais de 40ºC nas cidades de Russe, no Danúbio, e Sandanski, na fronteira com a Grécia.

Na Áustria, os termómetros atingiram no fim de semana os 35ºC. A Cruz Vermelha chegou a abrir salas para acolher pessoas, para que o corpo pudesse recuperar da pressão acusada pelo calor.

Com 39ºC esperados no sul, a Hungria declarou o alerta vermelho nas províncias de Bács-Kiskun, Csongrád-Csanád e Békés.
América do Norte a escaldar
Também os Estados Unidos estão a braços com uma onda de calor, com vários Estados a registar recordes de temperaturas.

As áreas de risco no sudoeste dos EUA incluem a Califórnia, o sul de Nevada e o Arizona. No centro-sul e sudeste dos EUA, os valores máximos das temperaturas podem chegar ou exceder os 43º C. Muitas partes da Flórida, incluindo a cidade de Miami, foram atingidas por uma onda de calor recorde.Segundo a WMO, a temperatura mais alta já registada foi em Furnace Creek, Vale da Morte, na Califórnia, com 56º C em 10 de julho de 1913.

Em Phoenix e no Arizona, onde os termómetros já passaram os 37,8ºC. As temperaturas máximas durante o dia podem chegar aos 46,7ºC até sexta-feira, 21 de julho, e as baixas de mais de 32,2ºC, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia.

Um sensor de temperatura em Furnace Creek, no Parque Nacional do Vale da Morte, na Califórnia, registou 53,3ºC a 16 de julho.

c/ agências
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