"A boa vontade com o Reino Unido não se viu com a Grécia e Portugal"

por RTP

O Conselho Europeu discute o novo quadro do Reino Unido na União Europeia. Na prática discute-se por que lado David Cameron fará campanha no referendo sobre a continuação dos britânicos na comunidade. Para apoiar o sim, o primeiro-ministro britânico apresentou um conjunto de exigências e exceções que chocam com alguns princípios europeus.

Em Bruxelas, as negociações estão a ser acompanhadas pelo correspondente da RTP em Bruxelas. António Esteves Martins ressalva que "não haveria qualquer possibilidade de se estar sequer a discutir este assunto" se as reivindicações tivessem sido apresentadas por um país pequeno, como Portugal.

"Mas como nesta Europa de 28, os países são todos iguais mas há alguns que são mais iguais do que outros, o Reino Unido pode chegar e aplicar este princípio de chantagem", defende o jornalista.

O jornalista aponta que, se a Europa ceder, se abre um "precedente perigoso". Exemplificando com as mudanças propostas por Cameron quanto ao acesso dos migrantes europeus aos benefícios sociais, Esteves Martins aponta que "isto deveria ser inaceitável para qualquer estado da União", indo contra os princípios da mesma.

O jornalista constata que há uma vontade generalizada para que o Reino Unido se mantenha na comunidade mas coloca o foco em David Cameron e aos problemas domésticos do reino.

"Para ganhar as eleições, prometeu coisas que são difíceis de cumprir. A não ser que haja uma enorme boa vontade aqui. A boa vontade que se está a ver em relação aos ingleses não se viu em relação à Grécia, Portugal e Irlanda", sublinha o correspondente.
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