Os alertas são feitos pelo vice-comandante do Allied Maritime Command (MARCOM), da NATO que admite que a segurança de quase mil milhões de pessoas na Europa e na América do Norte está ameaçada. Isto por causa das tentativas russas de atacar as infraestruturas marítimas, incluindo parques eólicos, gasodutos, cabos elétricos e de comunicações digitais.
Em declarações ao jornal The Guardian, o Almirante Didier Maleterre avisa que a rede de cabos subaquáticos, vital para garantir as comunicações da Europa, não foi construída para resistir a uma “guerra híbrida” desencadeada pela Rússia e outros adversários da Aliança Atlântica.
Exemplo disso os dois incidentes em gasodutos no Báltico, nos últimos 18 meses. As suspeitas de sabotagem são elevadas, mas as investigações não concluíram o que quer que seja, embora a Finlândia tenha dito que “tudo apontava” para um navio chinês que terá danificado, intencionalmente com a âncora, um gasoduto no Báltico.
Para o Almirante, a realidade subaquática ficou muito vulnerável quando o setor privado começou a desenvolver a atual infraestrutura de comunicações.
“[as empresas responsáveis] não sabiam que esta guerra se desenvolveria tão rapidamente. Mais de 90% da Internet está no fundo do mar. Todas as nossas ligações entre os EUA, o Canadá e a Europa estão a transmitir-se no fundo do mar, por isso existem muitas vulnerabilidades.”
Os receios da NATO são tão elevados que está a ser criado um centro para acompanhar os desenvolvimentos no fundo dos oceanos. A sede deste novo centro vai estar instalada no Reino Unido, em Northwood, na periferia noroeste de Londres.
A ingenuidade não mora aqui
O vice-comandante do Allied Maritime Command (MARCOM) admite que a Nato sabe “que os russos desenvolveram muitas guerras híbridas no fundo do mar para perturbar a economia europeia, através de cabos de Internet, gasodutos".
"Toda a nossa economia submarina está ameaçada”. Portanto, “não somos ingénuos e nós [países da NATO] estamos a trabalhar juntos.”
Através de software de inteligência artificial, o Comando Marítimo (Marcom) consegue acompanhar atividades suspeitas no mar, por exemplo, navios que desligam o sistema de identificação automática para não serem detetados.
As entradas da Finlândia na Nato, no ano passado, e da Suécia, em março, acrescentam frotas muito importantes para proteger o Báltico e do Ártico, aumentando a “capacidade da NATO para detetar e dissuadir qualquer agressão regional”.