Adolescente palestiniano morto por israelitas em confrontos na Faixa de Gaza

por RTP
Mohammed Saber - EPA

Subiu para quatro o número de palestinianos mortos a tiro, na Faixa de Gaza. A vítima mortal mais recente é um adolescente palestiniano que foi morto pelo exército israelita.

“Azzam Oweida, 15 anos, morreu após ter sido atingido na cabeça ontem [sexta-feira] a este de Khan Younès”, a sul do enclave palestiniano, referiram as autoridades em comunicado.

Aumenta, assim, para 45 o número de mortos desde o início dos protestos da chamada "Marcha do retorno", no passado dia 30 de março.

Os confrontos na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel provocaram mais de 170 feridos.

Os manifestantes palestinianos protestam contra o bloqueio que Israel impõe há mais de uma década à Faixa de Gaza, dirigida pelo Hamas, e reivindicam o regresso a casa dos refugiados.
Hospitais sem medicamentos
O aumento do número de feridos e vítimas em protestos e confrontos ao longo da Faixa de Gaza está a deixar os hospitais da região sem resposta ao nível da terapêutica a ministrar.

Para além da falta de medicação, há escassez de equipamentos e problemas com a eletricidade.

Os geradores de emergência ficaram sem combustível em várias instalações de saúde em Gaza e não têm condições para acomodar tantos doentes.

Há testemunhos de que, em alguns casos mais graves, os feridos enfrentam o perigo de amputação e até perdem a vida.
Conselho Nacional Palestiniano reúne-se
O Conselho Nacional Palestiniano (CNP), o principal órgão legislativo palestiniano, reúne-se na segunda-feira em Ramallah, na Cisjordânia, para debater a renovação da liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Representando os habitantes dos territórios palestinianos e da diáspora e com mais de 700 membros, o CNP realiza a sua primeira reunião em quase uma década, tendo como objetivo o desenvolvimento de um novo programa político palestiniano e a renovação do Comité Executivo da OLP.

Este Comité, com 18 membros, é o principal órgão de decisão palestiniano e tem uma liderança envelhecida, tendo vindo a lutar para funcionar adequadamente nos últimos anos.

Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestiniana e da OLP, tem 83 anos e problemas de saúde, mas nunca designou um sucessor.

Embora a reunião do CNP não seja para escolher um sucessor, a composição do novo Comité Executivo poderá dar indicações sobre quem está melhor posicionado para ocupar o cargo.

A reunião acontece numa altura difícil para os palestinianos, que continuam sem conseguir criar o desejado Estado independente, integrando a faixa de Gaza, a Cisjordânica e Jerusalém oriental, territórios capturados por Israel na Guerra dos Seis Dias em 1967 (embora se tenha retirado de Gaza em 2005).
Conversações de paz num impasse
As conversações de paz com Israel estão num impasse há quatro anos e as relações têm-se deteriorado.

A atual administração dos Estados Unidos, o mediador histórico, tem tomado decisões que agradam a Israel e afligem os palestinianos, como a divulgada pelo Presidente Donald Trump a 6 de dezembro de 2017 de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Os palestinianos enfrentam ainda a divisão entre o partido de Abbas, o secular Fatah, e o rival movimento islâmico Hamas, que retirou o controlo da faixa de Gaza ao Fatah em 2007, depois de ter vencido as últimas eleições legislativas em 2006.

As várias tentativas de reconciliação entre os dois movimentos não foram bem-sucedidas.

Os membros do Hamas poderiam participar no próximo Conselho Nacional Palestiniano, apesar de não integrarem a OLP, mas o movimento islâmico considerou a convocação da reunião uma “infração flagrante do consenso nacional”, deixando entender que não estará presente no encontro.

Quem indicou que estará ausente foi a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), que já foi o segundo movimento da OLP a seguir ao Fatah.

Reuniões em meados de abril entre a FPLP, de tendência marxista-leninista, e o Fatah, nacionalista, “não resultaram”, disse uma fonte do primeiro movimento à agência noticiosa espanhola EFE.

O Conselho Nacional Palestiniano, como a Autoridade Nacional Palestiniana, é dominado pelo Fatah.

c/Lusa
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