Mundo
Afeganistão. Restaurado o acesso à Internet após dois dias de interrupção
O acesso à internet e às telecomunicações foi restabelecido esta quarta-feira no Afeganistão após quase 48 horas de apagão geral.
A interrupção de dois dias nos serviços de telecomunicações e internet começou na segunda-feira e levou à paralisação de vários serviços como os bancos, correios e mercados.
Na saúde, os hospitais estiveram a operar sem acesso aos registos dos doentes. No aeroporto de Cabul, todos os voos de terça-feira foram cancelados.
“Dados da rede em direto mostram o restabelecimento parcial da ligação à Internet no Afeganistão, num contexto de indignação após um apagão nacional de telecomunicações de dois dias", afirmou a NetBlocks, organização internacional não-governamental de monitorização do acesso à Internet, numa publicação na rede social X.
A reativação desta quarta-feira foi recebida com júbilo na cidade de Cabul, com centenas de afegãos a saírem às ruas, observaram os jornalistas da agência France Presse. Também as mulheres, que têm enfrentado a censura e a perseguição do regime talibã desde o seu regresso ao poder, em agosto de 2021, quiseram manifestar o alívio com o fim do apagão.
“Estou muito aliviada. Posso voltar a respirar. As aulas online são a única esperança que resta às jovens afegãs”, afirmou uma jovem sob a condição de anonimato. Nos últimos quatro anos, as mulheres foram arredadas da vida pública, nomeadamente das escolas e universidades.
No Afeganistão, as mulheres podem apenas frequentar até ao ensino primário, ainda que também nesse nível de ensino o acesso tenha caído drasticamente, sobretudo com a proibição de docentes do sexo feminino, o que agrava o problema de escassez de professores.
Combater o “vício”
Na segunda-feira, a Netblocks confirmava “um corte nacional” das telecomunicações. Um incidente que parecia corresponder “a uma interrupção intencional do serviço”.
Segundo a organização, a conectividade no país caiu nestes dois dias para 1 por cento do seu nível normal.
Esta interrupção ocorreu apenas duas semanas depois de o Governo afegão ter ordenado o corte de ligações de Internet por fibra ótica em algumas províncias do país como meio de combater o “vício”, segundo indicou o líder dos talibãs, Hibatullah Akhundzada a 16 de setembro.
O porta-voz da província de Balkh, no norte do Afeganistão, afirmou nesse dia que a proibição parcial tinha partido dos talibãs.
“Esta medida foi tomada para evitar abusos, e serão implementadas soluções alternativas em todo o país para satisfazer as necessidades de conectividade. (…) Estudos recentes realizados no Afeganistão revelaram que as aplicações na internet tiveram um sério impacto nas bases económicas, culturais e religiosas da sociedade”, considerou numa publicação nas redes sociais.
Isolados do resto do mundo
Até ao momento, o Governo talibã ainda não se pronunciou sobre esta recente interrupção das telecomunicações nos últimos dois dias. No entanto, minutos antes da interrupção na última segunda-feira, um funcionário do Governo alertou a agência France Presse para o corte dos serviços de telemóvel no Afeganistão “até novo aviso”.
Nesta altura, a Internet e as telecomunicações já foram restabelecidas na capital afegã, mas também nas províncias de Khost, Kandahar, Ghazni e Herat, segundo a agência France Press.
Nos últimos dias, residentes de Herat e Kandahar viajaram para as cidades fronteiriças para receber sinais dos vizinhos Irão e Paquistão. A província de Herat, em concreto, ainda recupera do último grande sismo de 31 de agosto, que provocou mais de 2.200 mortos e mais de 11 mil desalojados, segundo o Crescente Vermelho.
Uma das consequências do apagão foi a interrupção nas comunicações com a diáspora, que deixou de conseguir enviar remessas às famílias que permanecem no país.
Em resposta ao apagão dos últimos dois dias, as Nações Unidas apelaram ao Governo talibã para que restabelecesse de imediato a conectividade em todo o país.
“A desconexão isolou quase completamente o Afeganistão do resto do mundo e corre o risco de causar danos consideráveis ao povo afegão, inclusive ameaçando a estabilidade económica e agravando uma das piores crises humanitárias do mundo”, alertou a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA).
Nas últimas duas semanas, as ligações à internet têm sido instáveis, lentas e até mesmo intermitentes. Agora, a principal preocupação é que as interrupções possam voltar a ocorrer.
Na saúde, os hospitais estiveram a operar sem acesso aos registos dos doentes. No aeroporto de Cabul, todos os voos de terça-feira foram cancelados.
“Dados da rede em direto mostram o restabelecimento parcial da ligação à Internet no Afeganistão, num contexto de indignação após um apagão nacional de telecomunicações de dois dias", afirmou a NetBlocks, organização internacional não-governamental de monitorização do acesso à Internet, numa publicação na rede social X.
A reativação desta quarta-feira foi recebida com júbilo na cidade de Cabul, com centenas de afegãos a saírem às ruas, observaram os jornalistas da agência France Presse. Também as mulheres, que têm enfrentado a censura e a perseguição do regime talibã desde o seu regresso ao poder, em agosto de 2021, quiseram manifestar o alívio com o fim do apagão.
“Estou muito aliviada. Posso voltar a respirar. As aulas online são a única esperança que resta às jovens afegãs”, afirmou uma jovem sob a condição de anonimato. Nos últimos quatro anos, as mulheres foram arredadas da vida pública, nomeadamente das escolas e universidades.
No Afeganistão, as mulheres podem apenas frequentar até ao ensino primário, ainda que também nesse nível de ensino o acesso tenha caído drasticamente, sobretudo com a proibição de docentes do sexo feminino, o que agrava o problema de escassez de professores.
Combater o “vício”
Na segunda-feira, a Netblocks confirmava “um corte nacional” das telecomunicações. Um incidente que parecia corresponder “a uma interrupção intencional do serviço”.
Segundo a organização, a conectividade no país caiu nestes dois dias para 1 por cento do seu nível normal.
Esta interrupção ocorreu apenas duas semanas depois de o Governo afegão ter ordenado o corte de ligações de Internet por fibra ótica em algumas províncias do país como meio de combater o “vício”, segundo indicou o líder dos talibãs, Hibatullah Akhundzada a 16 de setembro.
O porta-voz da província de Balkh, no norte do Afeganistão, afirmou nesse dia que a proibição parcial tinha partido dos talibãs.
“Esta medida foi tomada para evitar abusos, e serão implementadas soluções alternativas em todo o país para satisfazer as necessidades de conectividade. (…) Estudos recentes realizados no Afeganistão revelaram que as aplicações na internet tiveram um sério impacto nas bases económicas, culturais e religiosas da sociedade”, considerou numa publicação nas redes sociais.
Isolados do resto do mundo
Até ao momento, o Governo talibã ainda não se pronunciou sobre esta recente interrupção das telecomunicações nos últimos dois dias. No entanto, minutos antes da interrupção na última segunda-feira, um funcionário do Governo alertou a agência France Presse para o corte dos serviços de telemóvel no Afeganistão “até novo aviso”.
Nesta altura, a Internet e as telecomunicações já foram restabelecidas na capital afegã, mas também nas províncias de Khost, Kandahar, Ghazni e Herat, segundo a agência France Press.
Nos últimos dias, residentes de Herat e Kandahar viajaram para as cidades fronteiriças para receber sinais dos vizinhos Irão e Paquistão. A província de Herat, em concreto, ainda recupera do último grande sismo de 31 de agosto, que provocou mais de 2.200 mortos e mais de 11 mil desalojados, segundo o Crescente Vermelho.
Uma das consequências do apagão foi a interrupção nas comunicações com a diáspora, que deixou de conseguir enviar remessas às famílias que permanecem no país.
Em resposta ao apagão dos últimos dois dias, as Nações Unidas apelaram ao Governo talibã para que restabelecesse de imediato a conectividade em todo o país.
“A desconexão isolou quase completamente o Afeganistão do resto do mundo e corre o risco de causar danos consideráveis ao povo afegão, inclusive ameaçando a estabilidade económica e agravando uma das piores crises humanitárias do mundo”, alertou a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA).
Nas últimas duas semanas, as ligações à internet têm sido instáveis, lentas e até mesmo intermitentes. Agora, a principal preocupação é que as interrupções possam voltar a ocorrer.
"Tememos que voltem a cortar a Internet. O Afeganistão ficou como uma prisão: tudo estava fechado. A única coisa que os talibãs não controlam é o oxigénio; se pudessem, também o teriam cortado", disse o estudante de Medicina Alia Alkozai, citado pela EFE.
(com agências internacionais)