"Alegações falsas e sensacionalistas". Trump referido em novos documentos do caso Epstein

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou um novo conjunto de arquivos sobre o caso de Jeffrey Epstein, no qual há mais referências a Donald Trump do que nos documentos já conhecidos, mas o órgão governamental refere que muitas das alegações são "falsas e sensacionalistas".

Inês Moreira Santos - RTP /
Jessica Koscielniak - Reuters

A investigação ao empresário e criminoso sexual Jeffrey Epstein continua a abalar a Administração Trump. Foram divulgados novos documentos nos quais o presidente norte-americano é referenciado.

Donald Trump terá voado pelo menos oito vezes no avião privado de Jeffrey Epstein, incluindo uma viagem apenas com Epstein e uma jovem de 20 anos, segundo os referidos documentos. Esta informação consta do novo lote de ficheiros que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos publicou na tarde de segunda-feira, mas que parece ter sido posteriormente apagado. O Washington Post conseguiu, no entanto, descarregá-los antes de se tornarem indisponíveis.

“Quero que saibam que os registos de voo que recebemos ontem [segunda-feira] refletem que Donald Trump viajou no jato privado de Epstein muito mais vezes do que o anteriormente relatado (ou do que tínhamos conhecimento)”, escreveu um procurador da Justiça do Distrito Sul de Nova Iorque num e-mail de janeiro de 2020, que está incluído nos autos do processo.

Os novos dados revelam que Trump voou nesse avião pelo menos oito vezes entre 1993 e 1996, período que coincide com a investigação à cúmplice e ex-companheira de Epstein, Ghislaine Maxwell, que esteve em pelo menos quatro desses voos com o presidente dos Estados Unidos. De acordo com estas informações, o FBI reuniu várias pistas sobre a relação entre Trump e Epstein durante festas realizadas nas respetivas propriedades no início dos anos 2000, embora não confirmem se houve investigações subsequentes.

O Departamento de Justiça era legalmente obrigado a publicar o documentos até à semana passada e lançou uma página na Internet na sexta-feira para acesso aos ficheiros da investigação sobre Epstein, se suicidou na prisão em 2019, após a aprovação de uma lei no Congresso que exige que o Governo divulgue todas as informações não classificadas do caso.Documentos contêm "alegações falsas e sensacionalistas" contra Trump
Depois de os divulgar, o Departamento de Justiça afirmou que alguns dos documentos mais recentes dos arquivos de Epstein contêm "alegações falsas e sensacionalistas" contra o presidente dos EUA, que foram submetidas ao FBI pouco antes da eleição presidencial de 2020.

“Alguns desses documentos contêm alegações falsas e sensacionalistas contra o presidente Trump”, publicou o Departamento de Justiça nas redes sociais. "Para sermos claros: as alegações são infundadas e falsas, e se tivessem um mínimo de credibilidade, certamente já teriam sido usadas como arma contra o presidente Trump".

Apesar de considerar que algumas das alegações não são verdadeiras, a Justiça norte-americana tem o “compromisso com a lei e a transparência” e está a divulgar “esses documentos com as proteções legalmente exigidas para as vítimas de Epstein”.

Segundo as autoridades norte-americanas, pelo menos 8.000 novos documentos da investigação foram tornados públicos, incluindo centenas de vídeos e gravações áudio, bem como imagens de vigilância da cela de Epstein, datadas de agosto de 2019, quando foi encontrado morto numa prisão de Nova Iorque, antes de ser julgado.

O Departamento de Justiça disponibilizou cerca de 11.000 ligações para documentos adicionais, embora algumas não estejam acessíveis, alegando necessitar de mais tempo para divulgar o restante material de forma a proteger a identidade das vítimas potencialmente expostas em fotografias, vídeos e mensagens de texto.

A divulgação integral estava legalmente prevista até 19 de dezembro.

C/agências
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