Alemanha. Líder dos conservadores volta a excluir cooperação com a extrema-direita

O líder da União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, repetiu hoje num congresso do partido que não está disponível para cooperar com a extrema-direita, que disse estar "contra tudo" o que os conservadores construíram na Alemanha.

Lusa /

Não há "ses" nem "mas" para um possível entendimento com a Alternativa para a Alemanha (AfD), realçou o candidato da CDU a chanceler, no discurso final do congresso, em Berlim.

"Este partido é contra tudo o que nós construímos na Alemanha nos últimos anos e décadas, é contra os laços com o Ocidente, contra o euro, contra a NATO", revelou Merz, acrescentando não haver "cooperação", nem "tolerância" em relação à AfD.

Merz, que, a 20 dias das eleições legislativas antecipadas na Alemanha, continua à frente nas sondagens, com cerca de 30%, admite que a AfD é o principal rival na campanha. O partido de extrema-direita liderado por Alice Weidel segue em segundo lugar, superando ligeiramente os 20% dos votos.

"Queremos que sejam outra vez pequenos, empurrá-los de volta para as margens, onde pertencem", revelou, entre os aplausos dos 1001 delegados presentes no CityCube, e depois das manifestações que se multiplicaram por todo o país na última semana.

O líder dos conservadores tem sido duramente criticado, dentro e fora do partido, depois de, na passada quarta-feira, ter feito passar uma moção não vinculativa para endurecer as leis da imigração graças aos votos da AfD. O projeto-lei acabou por ser chumbado na votação final de sexta-feira, no Parlamento alemão, mas milhares saíram às ruas no fim de semana para contestar a aliança com a AfD. 

Vários atos de violência recentes envolvendo estrangeiros, um esfaqueamento em Aschaffenburg, na semana passada, um ataque num mercado de Natal em Magdeburg, que matou seis pessoas em dezembro, e outro esfaqueamento em Solingen, no verão passado, em que morreram três pessoas, têm acentuado a discussão sobre o tema.

Merz começou o discurso no congresso confiante na vitória a 23 de fevereiro, reconhecendo que o esperam "decisões políticas de grande alcance". O candidato da CDU prometeu mais apoio à Ucrânia e criticou a política económica levada a cabo pela coligação semáforo, formada pelos Verdes, o Partido Social Democrata (SPD) e os liberais do FDP, e que governou nos últimos três anos.

"Depois de três anos de uma política económica essencialmente verde, somos agora confrontados com a necessidade de restaurar a economia de mercado", realçou, atacando mais uma vez a burocracia "excessiva" na Europa.

Recordou ter como prioridades a redução dos impostos sobre as empresas, e "pôr o mercado de trabalho em ordem", afastando a semana laboral de quatro dias.

"Um dia, num futuro não muito distante, queremos poder dizer que estamos novamente orgulhosos do nosso belo país e, acima de tudo, das pessoas que estão a ajudar a moldar o nosso futuro", terminou Merz.

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