Alzheimer. Nova medicação experimental atrasa significativamente declínio cognitivo

Uma nova medicação experimental provou ser capaz de atrasar o declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer. Num ensaio clínico de grandes dimensões, uma elevada percentagem dos participantes demonstrou pouco ou nenhum declínio nas capacidades de raciocinar e desempenhar tarefas diárias.

Joana Raposo Santos - RTP /
O "donanemab" é administrado por via intravenosa uma vez por mês. Foto: Brian Snyder - Reuters

A farmacêutica Eli Lilly, responsável pela medicação, prevê que esta seja aprovada até ao final de junho pela Food and Drug Administration (FDA, agência federal norte-americana) para uso em pessoas com sintomas iniciais da doença nos Estados Unidos.

Segundo a Eli Lilly, 47% dos pacientes que tomaram o medicamento, denominado “donanemab”, não tiveram qualquer declínio cognitivo no espaço de um ano, em comparação com os 29% de participantes que receberam um placebo.

O “donanemab” atua ao remover do cérebro acumulações de amiloides, fibrilas proteicas que se podem depositar em alguns tecidos e prejudicar, assim, a função de vários órgãos. Esses amiloides são tipicamente responsáveis pela doença de Alzheimer.

Foram, no entanto, reportados efeitos colaterais durante o ensaio clínico. Três pessoas morreram, duas das quais devido a “eventos adversos”, como inchaço cerebral ou micro-hemorragias.

“Para cada medicamento, para cada doença, há riscos e potenciais benefícios”, disse Daniel Skovronsky, diretor científico da Eli Lilly, citado pela CNN. O especialista destacou “um tipo de eficácia nunca antes vista na doença de Alzheimer” com outros medicamentos.
Administrado mensalmente por via intravenosa
Este não é o primeiro medicamento para o Alzheimer a ser aprovado pela FDA nos Estados Unidos. Já em janeiro deste ano, a agência federal aprovou um outro da farmacêutica Eisai and Biogen. A doença de Alzheimer afeta mais de seis milhões de pessoas nos EUA.

Skovronsky realçou que os mais recentes medicamentos se distinguem de outros anteriores, por serem capazes de remover uma capacidade maior de amiloides de um modo muito mais rápido.

O “donanemab” é administrado por via intravenosa uma vez por mês. No ensaio clínico, realizado em mais de 1.700 pacientes ao longo de 18 meses, 52% conseguirem resultados tão positivos que deixaram de receber o medicamento ao final de um ano. Os seus progressos continuarão agora a ser acompanhados.
Medicamento aguarda aprovação total da FDA
No ensaio, os investigadores dividiram os participantes em dois grupos, consoante os níveis de uma proteína cerebral conhecida como tau, também envolvida na doença de Alzheimer.

No grupo com níveis intermédios de tau, a desaceleração no declínio cognitivo e funcional foi de 35%, ou seja, a doença não progrediu tanto. Quando este grupo foi combinado com o grupo com níveis mais elevados de tau, o número foi de 22%.

A Lilly tinha já solicitado à FDA, em janeiro, um pedido de aprovação acelerada para o “donanemab” com base em resultados anteriores, mas a entidade rejeitou e exigiu mais dados sobre o fármaco.

Com os resultados agora obtidos, a farmacêutica vai avançar com um pedido de aprovação total.
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